Brasil: viciado em juros #IBOVESPA #SP500

 


Durante muitos e muitos anos eu tomava meio comprimido de Frontal de dose mais baixa. Para quem não conhece é um remédio para controlar a ansiedade. O problema é que com o passar do tempo afeta sua memória. Esse medicamento melhorava meu sono, mas deixa meio grogue no dia seguinte. Alguns anos atrás resolvi dar um basta e parei de tomar repentinamente, foi um período difícil, mas dei um basta, pois o risco de afetar a memória — que vai piorando com a idade, eu não queria correr.

Ontem participei de um Call com o Prof. Afonso Celso Pastore. Eu o conheço de longa data e em diversas ocasiões era o economista contratado pela instituição que eu trabalhava. Um craque! Nessa exposição deu um tom cautelosamente otimista para o Brasil, onde destaco os seguintes pontos:

Crescimento do PIB 1,7%.

Taxa de desemprego atual corresponde a pleno emprego.

O investimento em ativo fixo está em queda e não deveria reverter.

O governo adotou uma política fiscal expansionista — não acredita, que vão arrecadar o que pretendem com as várias ações adotadas.

Balança comercial muito tranquila por conta das commodities — ressaltou que o petróleo representa 30% das exportações de commodities e as importações devem ficar baixas ao serem afetadas pelo baixo investimento fixo.

A inflação está sob controle porque o banco central adotou uma taxa restritiva, mas dadas essas condições, não acredita que possa vir abaixo de 9,25% a.a.

Um participante perguntou se a taxa não poderia cair mais, como comentou Jakurski — um gestor de recursos muito respeitado. Sua resposta foi clara: “com um governo expansionista como esse a política monetária tem que ser restritiva para evitar que a inflação volte a subir.

Na reunião de hoje pela manhã, Luis Paulo Rosenberg tem uma visão distinta, acredita que Fernando Haddad está fazendo um ótimo trabalho — diz para não olhar o que o Lula fala, e que o banco central está exagerando na dose dos juros, deveria estar muito abaixo de 9%.

Tenho uma visão mais voltada as ideias do Pastore, um governo “gastão” somente com uma política monetária austera pode segurar a inflação. Como no Frontal, a economia brasileira está viciada em juros altos e diferentemente da minha atitude para largar o remédio requerendo um grande esforço, não consegue, prefere continuar gastando. O risco e entrar num ciclo vicioso com déficits crescentes.

No post dirigindo-sem-waze coloquei dois cenários possíveis para o IBOVESPA em 2023, um contemplando queda no curto prazo e outro de alta. Inicialmente vamos ver o que ocorreu com o cenário base feito no ano passado: …” a bolsa deveria atingir o nível de 87 mil ao redor do final de 2023, só depois disso podemos vislumbrar alta que atingiria novas máximas” …




A onda (B) azul acabou se configurando em um triangulo, sendo assim, a onda (C) azul tende a ser menor ocasionando seu término em 97 mil ao invés de 87 mil como colocado acima. Também fiz uma mudança na contagem de mais longo prazo que considera uma possível alta maior. Nessa opção estaríamos na onda (3) azul que deveria ter um objetivo de 163 mil, porém o objetivo final da onda (5) azul seria entre 195 mil / 206 mil.




Fiz uma provocação naquele momento, pois o pessoal da Faria Lima estava muito negativo com as primeiras movimentações do governo — eu inclusive, mas tinha um cenário construtivo para a bolsa brasileira: … “Peço encarecidamente que ninguém compartilhe com o Lula esse material, pois poderá acreditar que é fricote do pessoal da Faria Lima, haja visto que, o Mosca projeta que a bolsa vai dobrar de preço — para as pessoas normais podem compartilhar à vontade” …

Ao terminar as previsões para as bolsas internacionais e brasileira fica um incômodo no ar: como poderia as bolsas americanas caírem no próximo ano e o IBOVESPA subir? Uma dúvida válida. Refleti sobre esse assunto e não posso “forçar” um raciocínio técnico para ficarem coerentes, pois, esses cenários são os que considero mais prováveis por enquanto. Em seguida busquei analisar onde poderia estar errado e cheguei as seguintes hipóteses:

1)      É possível as bolsas internacionais não caírem?

Os leitores do Mosca sabem que estou intrigado com a alta que ocorre desde o final de outubro — muito íngreme para uma onda 5. Essa evidência pode indicar que, na verdade estamos numa onda 3 e que a contagem anterior deveria ser modificada. Nessa opção o SP500 atingiria o nível de 6.426 no final do ano.



2)       É possível o IBOVESPA cair?

Nessa opção, ao invés da correção ter terminado a alta observado em 2023, seria mais uma tentativa de romper o canal verde abaixo e uma onda de queda levaria a bolsa ao redor de 96 mil na onda (C) azul. Essa opção ainda contempla a possibilidade da alta em curso indicada como onda (B) azul atingir 143 mil antes de começar a cair.




— David, de que adianta suas análises se não consigo decidir o que fazer!!!

Puxa, pensei que já estava de férias! Entendo sua colocação, agora não tenho como dar uma resposta assertiva, razão pela qual estou sem posições. O que posso te adiantar é que em algum momento essa indecisão vai pender para algum dos lados. Por enquanto deixo os cenários em aberto e como costumo dizer Let the market speak. Por outro lado, agindo assim, não preciso voltar a tomar o Frontal e ter que defender alguma posição baseado em critérios pessoais de fundamentos, pois como citei no início, mesmo economistas qualificados tem visões distintas.

O SP500 fechou a 4.698, com queda de 1,47%; o USDBRL a R$ 4,9153, com alta de 0,98; o EURUSD a € 1,0934, com queda de 0,41%; e o ouro a U$ 2.029, com queda de 0,51%.

Fique ligado!

Comentários

  1. O cenário para o Brasil está mais claro do que para o cenário Americano. Ainda acho essa previsão do mercado e do FED de queda de juros prematura. Se ocorrer é pq uma recessão se avizinha. Nesse caso aposto da queda dos mercados americanos com Brasil andando de lado.

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  2. Concordo em relação aos juros americanos vai ser mais duro na queda a não ser que existem outras razões (políticas), o que eu não acredito, mas...

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