2023: Uma odisseia nos mercados

 

Se alguma coisa caracterizou o ano de 2023 foi o consensual erro sobre a economia americana. Era quase certo que entraria em recessão com consequente queda das bolsas. Nesse cenário, o Fed seria obrigado a dar meia volta na política monetária baixando os juros. Ocorreu exatamente o inverso, a economia cresceu, e até agora nem sombra da desaceleração.

2024 poderá pregar esse susto quando a grande maioria está na ponta inversa. O mais observado indicador de recessão — diferencial de juros entre os títulos de 10 anos e o de 2 anos, está em território negativo de — 45 pontos, o que apontaria recessão a frente. Esse otimismo achou um argumento para justificar – “agora será diferente”. Vale dizer que quase nunca é!

Os bancos centrais erraram por 2 anos suas previsões de inflação. Dormiram no ponto o que obrigou uma ação mais incisiva nos últimos 12 meses arriscando um eventual pouso forçado, que embora não tenha acontecido ainda existe risco mais à frente.




Os americanos redescobriram as vantagens de investir em fundos de curto prazo quando os juros são elevados. O volume subiu, embora o grande salto ocorreu durante a pandemia, quase dobrando dos valores históricos. As razões foram distintas enquanto na pandemia era uma questão de segurança mesmo com juro a 0%, neste ano o argumento foi juros a 5%. Esse é o fundo de DI deles.



O mundo mostrou uma profunda cisão entre as pessoas. Cada vez mais ocorrem disputas entre esquerda e direita, polarizando discussões e atitudes. A mídia digital tem parcela de culpa por conta da proliferação das Fake News incitando a violência e intolerância. Nesse meio surgiu algo de positivo e esperançoso a divulgação maciça da Inteligência Artificial. Ficamos encantados com o Chat GPT e tudo que promete em termos de desenvolvimento. Como toda nova tecnologia, sua implantação é lenta, mas promete evolução de difícil visualização.

Jéssica Karl fez um exercício imaginado como será nossa vida em 2033. Essa matéria foi publicada na Bloomberg.

Já pensou em como será sua rotina matinal daqui a 10 anos? Depois de ler esta coluna de Parmy Olson sobre IA, não pude deixar de imaginar como as coisas poderiam parecer diferentes em dezembro de 2033:

São 6h45. Você abre os olhos para a luz esvoaçante que se projeta do seu colar de IA, que também está emitindo vibrações suaves sincronizadas com seu pulso. Sua IA determinou que este é o método ideal para acordá-lo, porque permite que seu corpo saia lentamente de seu estado hipnopômpico. Enquanto você se senta, sua IA o cumprimenta: “Bom dia. Você parece estar levemente desidratado de acordo com meus sensores. Por favor, beba os 290 mililitros que acabei de adicionar ao copo em sua mesa de cabeceira. O lote de hoje está repleto de eletrólitos."

Depois de descer o elixir, você vai até o seu armário. Continua escuro lá fora, então não sabe o que vestir. Enquanto peneira algumas blusas, sua IA diz: "Está muito quente para usar lã. Posso sugerir uma mistura de poliéster?" Você escolhe seu decote em V cor de rosa favorito e o segura até o corpo no espelho. "Posso opinar?", diz sua IA. Você acena. "Essa tonalidade está ruim. De acordo com sua análise de cores sazonais, um tom mais brilhante serviria para você." Desistindo, você pega o moletom rosa quente pelo cesto e joga com uma legg. "Lembre-se, você tem essa apresentação de vendas hoje. Algumas roupas mais folgadas podem ser mais adequadas? A Gap e a Banana Republic estão oferecendo 50% de desconto para os clientes que comprarem khakis por meio de sua IA com o código 'khakAI'. Eles os entregam na sua porta em menos de uma hora!"

Ignorando os comentários da sua IA, você vai até o banheiro e pega sua escova de dentes elétrica, pressiona o botão, mas nada acontece. "Isso não está carregando corretamente?", você pergunta em voz alta. "Não, está perfeitamente carregado, mas você não usa fio dental há quatro dias. Eu não vou ligá-lo até que faça isso." Esse tipo de retaliação não é novidade. No passado, sua IA desativou o aplicativo da câmera do seu telefone depois que ele determinou que não estava "vivendo o momento" o suficiente para desfrutar de shows ao vivo. No inverno passado, ele rastreou quantas vezes você usou o banheiro e alterou sua dieta para incluir menos laticínios. Ele até mesmo entrou em contato com seu terapeuta quando detectou níveis de serotonina mais baixos do que o normal.

Com assistentes que opinam, a vida de todos terá o potencial de ser planejada, tramada e meticulosamente ensaiada, não muito diferente de um show de Nathan Fielder ou um episódio de Black Mirror. Os óculos e colares de IA do futuro farão com que os Apple Watches pareçam pequenos Tike Toys. E embora minha visão de 2033 possa parecer um pouco condenatória para você, Parmy diz que os céticos estão certos em manter a guarda. No futuro, o "nível de acesso das empresas de tecnologia seria uma invasão muito mais profunda da privacidade pessoal do que a que temos hoje", escreve ela. "Um par de óculos ou pingente pode acabar registrando momentos altamente pessoais, bem como outras pessoas que podem não querer estar diante das câmeras."

Gostou? Por um lado, resolve todos as pequenas dúvidas, por outro podemos nos tornar impessoais. É provável haver um equilíbrio e como tudo que é novo vamos nos adaptar.

Os resultados do Mosca foram bastante semelhantes aos de 2022 em vários aspectos. Um total de 20 trades contra 16 do ano passado, sendo: 2 perdas que totalizaram — 0,61%, 15 ganhos totalizando 45,11% e 3 trades no zero a zero.



Outra semelhança foi na concentração de ganhos em um ativo. Enquanto as posições em dólares resultaram na maior contribuição no ano passado, em 2023 foram as bolsas de valores internacionais com 85% ‑ igualmente divididas entre o SP500 e a nasdaq100. Para quem acompanha o Mosca conhece as razões dessa preferência. 

O gráfico a seguir simula um investimento de U$ 100 feitas em 2016 qual o valor atualizado considerando os retornos do Mosca.




Os mercados financeiros apresentaram ótimas oportunidades de ganhos, diferentemente de 2022. O único detalhe é que foi assim para quem estava na ponta certa, o que não parecia a opção sugerida pelos “fundamentalistas” como mencionei no post 2022-desafiando-sorte …” Para 2023 existe um consenso entre os economistas de que os EUA entrarão em recessão, que se ocorrer, poderá impactar os mercados” … Para 2024 a aposta do mercado é no soft landing onde o Fed reduziria os juros em 150 pontos levando o FED funds para 3,75%. Tenho minhas dúvidas.



Todo início de ano, quando a planilha de resultados é zerada, sinto uma certa apreensão. Será que vamos repetir os resultados? Os leitores já podem estar ficando mal-acostumados e qualquer tropeço não é esperado (aceito). Por outro lado, eu sei que as oportunidades sempre existem e sempre existirão, basta uma leitura correta do ponto de vista técnico. Não custa lembrar: Let The Market Speak.

Neste ano superamos a marca de 750.000 leituras. Agradeço a confiança dos leitores e mantemos o objetivo de 1.000.000, algo que parecia um sonho agora passa a ser cada dia mais factível!

Feliz 2024!

Fique ligado


Comentários

  1. Deus abençoe o Mosca, lhe conheci através do Sérgio Machado e Agradeço a Deus por sua vida

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  2. Vicente Feliz Ano Novo! A origem é das melhores conheço o Sergio de longo data e admiro seu trabalho. Quanto ao Mosca não poderia receber elogio melhor. Muito obrigado!

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  3. Mosca, parabéns pelo o trabalho que vem fazendo. Difícil achar alguém com a profundidade em macro, que compila grandes relatórios e ainda traz uma opinião lúcida e humilde sobre as oportunidades nos mercados financeiros. Te conheci em 2016, quando estagiei na Rosemberg e virei fã. Se quiser acelerar essa meta de 1mm, crie chamadas no Twitter/X e cole o link do post completo no blog.

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    1. Feliz Ano Novo! Eu já público nesses veículos mas vou analisar sua sugestão. Obrigado!

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  4. Vida longa a você e ao blog. Parabéns pela disseminação do conhecimento!

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