No escuro

Como de costume, ontem tivemos a reunião mensal na Rosenberg. De casa nova e lotada, passaram-se os slides contendo informações sobre a economia americana, europeia, chinesa e por último a brasileira. Nesta sequência, nos USA parece consenso que é setembro a data que o FED vai aumentar os juros, mas é muito duvidoso se esse será o início de um ciclo de altas até que os juros se normalizem ou de repente terão que reverter o processo. Em outras palavras, a recuperação americana não convence e existe a desconfiança de uma deflação no ar. Já a Europa está melhor do que se imaginava há seis meses, e um destaque especial à Espanha. Sobre a China, desconfiança total nos números oficiais e ficou-se com a dúvida do que estaria acontecendo por lá.

Sobre o Brasil a impressão é de um doente na UTI sem esperança nenhuma de recuperação, em coma! Talvez estamos chegando ao fundo do poço, e depois disso, pode-se esperar uma recuperação anêmica, tostões! Naturalmente o assunto político foi discutido e imagina-se a existência de 3 cenários: Primeiro o impeachment, considerado unanimemente o pior. A impressão é que o PT sairia às ruas, com um quadro de descontrole tomando conta do país; o outro seria um acordo com políticos próximos da Dilma para que ela renunciasse. Considerada a melhor alternativa; e por último aguarde 2018. Na minha opinião, o último é ainda o mais provável.

Num dado momento eu questionei se a situação poderia se modificar, caso houvesse uma melhora da economia. Caíram de pau em cima de mim, como um cara inteligente e esclarecido, poderia fazer uma pergunta dessas? A resposta foi que a probabilidade disso acontecer era 0,1%. Quando o assunto foi qual é a taxa de câmbio para dezembro deste ano, não houve consenso, alguns mais para cima e outros mais para baixo, mas muita discussão. De repente, os olhos se voltaram para mim, e o Mosca? Respondi que me absteria de responder, uma vez que neste momento, existem dúvidas, porém fiz uma ressalva, que se o real ultrapassasse R$ 3,60, poderiam esperar R$ 4,00. O que eu não disse, é que se passar dos R$ 4,00, se preparem! Conclusão: Estamos no escuro, qualquer previsão está sujeita a erros maiores que o normal.

Ontem foi divulgado o fluxo cambial de julho com um saldo negativo de - US$ 3,9 bilhões. A via financeira foi o causador, com um saldo negativo de - US$ 8,4 bilhões, enquanto a comercial apresentou um saldo positivo de US$ 4,4 bilhões. Como o BCB não atuou no câmbio, a posição vendida dos bancos aumentou para US$ 21,7 bilhões.

Os constantes saldos negativos, principalmente pela via financeira, podem criar um círculo vicioso perigoso. O BCB por enquanto, continua com sua política de diminuir os contratos de swap num ritmo aproximado de US$ 4,0 bilhões/mês. Imagino que se o dólar continuar com tendência ascendente, eles deveriam dar liquidez através da venda de parte das reservas, que se encontram estáticas em US$ 370 bilhões, afinal para que elas servem?

O ouro continua perigosamente em níveis próximos dos US$ 1.050. No post FED: "some", fiz os seguintes comentários: ... Enquanto as commodities estiverem sob pressão de uma forma mais generalizada, dificilmente o ouro pode ter forças para buscar uma recuperação. Os comentários vistos nos últimos dias são todos muito negativos, com previsões de US$ 900, US$ 700 e até US$ 350. Nós aqui do Mosca vamos ficar observando e caso haja o rompimento dos US$ 1.050...
O gráfico acima destaca um triângulo se formando e como vocês já sabem, nestas situações são esperadas novas quedas. Usando os parâmetros de Elliot Wave, US$ 1.050 seria um dos objetivos. O que não se pode saber de antemão, e se irá respeitar esse nível, ou continuar caindo. Em situações tão delicadas onde suas ideias de longo prazo podem estar em cheque, o melhor é ficar observando e não procurar acertar o bumbum da mosca. Não vale arriscar nenhum um centavo!

O SP500 fechou a 2.083, com queda de 0,78%; o USDBRL a R$ 3,5302, com alta de 1,27%; o EURUSD a 1,0925, com alta de 0,19%; e o ouro a US$ 1.088, com alta de 0,39%.
Fique ligado!

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