Copo ½ cheio ou esvaziando


Alguns dados publicados sobre a economia brasileira mostram o distanciamento em relação ao resto do mundo. A ilustração a seguir mostra o nível de poupança comparado com outras regiões ou segmentos. Péssimo!


Em seguida, e até mais importante que o dado anterior, o nível de investimento em relação ao PIB. Horrível!


Embora os indicadores econômicos estejam contaminados pela pior recessão vivida no Brasil, tenho dúvidas se a recuperação esperada pelos economistas será alcançada. Ontem participei de um seminário organizado pelo banco Goldman Sachs, com palestrantes de expressivo peso na política nacional como, Geraldo Alkmin e Rodrigo Maia, além de autoridades governamentais como o Ministro da Fazenda Henrique Meireles e o Presidente do banco central do brasil, Ilan Goldfjan.

Sai com impressão que muita incerteza paira no ar. No campo político, fiquei impressionado com a naturalidade que o Governador de São Paulo prevê a ida de Lula ao segundo turno, caso possa se candidatar. Ao mesmo tempo, se diz tranquilo, pois em função do seu alto grau de rejeição, não se elegeria. Quando questionado sobre a preferência dos eleitores por um nome “diferente”, fez um paralelo com a campanha de 1989 para concluir que, sem um grande tempo de TV, o candidato de um partido pequeno não teria chance.

Rodrigo Maia usou o mesmo raciocínio, disse que um candidato de centro direita seria o mais provável a disputar o segundo turno. Fez uma explanação fortemente baseada em fundamentos teóricos sobre a necessidade da reforma da previdência. Como eu não tinha tido a oportunidade de vê-lo pessoalmente, fiquei um pouco decepcionado pela sua falta de carisma.

Fiquei preocupado com a visão muito conservadora demonstrado por esses políticos em relação aos eleitores, considero até desatualizada. Nenhum deles considerou a força da mídia digital, que mostrou sua força recentemente em vários episódios como a lava jato e o impeachment da Dilma. Como eles não consideraram a importância desse meio de comunicação? Com essa visão fico receoso quais serão os candidatos que realmente tem chance de combater um eventual segundo turno com o Lula ou quem sabe Ciro Gomes.

Já na área econômica, o Ministro Henrique Meirelles está agora na torcida pela aprovação da reforma da Previdência. Lógico que não assumiu essa posição, porém é o que eu pude inferir. A apresentação do presidente do BC, Ilan Goldfajn, foi impecável. De forma didática e tranquila, explicou os motivos que fizeram a inflação cair lentamente em 2016; os níveis de juros reais explícitos atualmente no mercado. Estamos entrando numa nova fase, onde a curva de juros terá um shape normal, com os juros curtos inferiores aos longos.

Em resumo, não mudo minha visão para o próximo ano. Sem grandes mudanças, com uma atividade econômica ainda abaixo do que é esperado, a economia ficará em banho maria. Com esse cenário, os juros nominais poderão surpreender para baixo.

Nos EUA foram criados 209 mil postos de trabalho, e a taxa de desemprego caiu para 4,3%, o menor resultado dos últimos 16 anos! Já os rendimentos do trabalho por hora se mantiveram estáveis com um crescimento anual de 2,5%. Considero esses indicadores como positivos, porém ainda fica a dúvida sobre a lenta evolução dos salários com uma taxa de desemprego tão baixa.


No post a-china-desafia-logica, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” O intervalo de 2,4% – 2,45% passa a ser de vital importância, em ultrapassando vou ficar bem confiante que os objetivos acima deveriam ser alcançados. Até lá nada ainda pode ser confirmado, e a possibilidade de novas baixas existem, principalmente abaixo de 2,10%” ...


Mas a taxa ao invés de subir caiu, nada de importante, mas caiu. Como comentei acima, não está descartado novas baixas. Ontem chegou a mínima de 2,22% muito próximo de um ponto crítico a 2,19%. Hoje, com a divulgação dos dados de emprego houve uma leve recuperação para 2,26%, nada espetacular.


Conforme traçado no gráfico acima, entre 2,15 % - 2,40% considero como terra de ninguém, tudo pode acontecer. É possível que uma configuração de triângulo esteja se formando, e se esse for o caso, o provável é que a taxa ainda cairá para níveis próximos de 2% a.a.

Para ficar claro essa hipótese, veja o gráfico a seguir.


Isso do ponto de vista técnico significa que ao invés da correção ter terminado em junho, ainda estaria em curso, com uma nova mínima ainda a ser atingida. Se esse for o caso seremos stopados a 2,10%, e aí aguardar um outro momento para entrar novamente. C’est la Vie!

Mesmo assim trabalho com um movimento de alta no longo prazo que só se modificará com os juros abaixo de 1,80%.
- David, 1,80%? Isso é impossível!
Do mesmo jeito que a volatilidade caiu você sumiu! Mas eu te entendo, como ganhar dinheiro num cenário como esses. Pensei que depois de 6 anos de Mosca você tivesse aprendido que nada é impossível. Nem precisa dizer seus argumentos, pois com o FED articulando a alta dos juros, como poderá um título de 10 anos ter um nível tão baixo? Mas como digo sempre, o analista técnico não leva em consideração o que FED acredita, nem tão pouco as opiniões dos analistas, o que vale são os preços, é neles que se baseiam suas decisões.

Só para acrescentar mais uma informação, que tem impacto nos juros, o FED de Atlanta, que acertou na mosca o último PIB, publicou sua primeira estimativa para o 3º trimestre. Se esse resultado de 4% se mantiver, será uma notícia ótima. Mas ainda muita agua vai rolar até a publicação no final de outubro.




O SP500 fechou a 2.476, com alta de 0,19%; o USDBRL a R$ 3,1293, com alta de 0,56%; o EURUSD a 1,1779, com baixa de 0,76%; e o ouro a U$ 1.259, com queda de 0,71%.

Fique ligado!

Comentários