Disputa de pênaltis


Para quem gosta de futebol já viveu a situação que vou descrever. Me refiro aquele jogo onde seu time está disputando uma final e é notória a superioridade do adversário. O placar indica uma disputa de pênaltis quando ainda falta todo o segundo tempo para terminar, e parece que o tempo não passa. O time adversário tenta definir o jogo, mas o goleiro faz milagres, a bola bate na trave, zagueiro tira em cima da linha do gol, só resta rezar para o jogo terminar e tentar uma vitória na disputa de pênaltis.

Essa é a situação que o Brasil vive atualmente, com a recusa e manobras usadas por Temer para permanecer no cargo, aliado à sua absurdamente elevada taxa de rejeição, uma ilha se criou em sua volta, não como a ilha da Fantasia da série dos anos 70, e sim mais parecida com a prisão de Alcatraz.

Comentei recentemente sobre a necessidade da aprovação da reforma da previdência, que enquanto isso, vem sangrado os cofres públicos de maneira sistemática e implacável. No post o-último-bonde-para-lapa, explicitei em números, as projeções de curto prazo para o déficit público, bem como o governo vem tentando de forma pouco eficiente cortes buscando manter o déficit nos níveis atuais.

Hoje uma matéria publicada no jornal Valor comenta de seu isolamento – Michel Temer - internacional. Nesse conto o professor Oliver Stuenkel da Fundação Getúlio Vargas afirma ter ouvido relato de diplomatas estrangeiros sobre a baixa disposição com o Brasil neste momento. “Não tem nada a ver com a suposta falta de legitimidade de Temer, mas com a instabilidade que o país atravessa e pelo horizonte de curto prazo do governo”.

Que me desculpe o professor mas faltou fazer a verificação, assim poderia julgar se essa não é apenas uma resposta politicamente correta. Se o argumento fosse verdadeiro, os investimentos estrangeiros teriam desaparecido, e não é o que se constata, pelo contrário se elevaram. O motivo é sim a falta de representatividade de nosso presidente.

Como no caso do futebol, tanto nós, como o presidente Temer, estamos rezando para o jogo terminar, que no caso significa chegar ao final de 2018. Mas daí em diante surge uma cisão, nós estaremos torcendo para ganhar nos pênaltis com a eleição de um novo presidente com força para fazer as reformas, enquanto Temer estará rezando para a Justiça deixa-lo em paz. Não sei quem sairá vitorioso!

Hoje vou tratar de várias informações dispersas haja visto que a agenda de publicação de dados, não tem nada de importante. O fluxo de recursos para os mercados emergentes sofreu sua primeira semana de resgates, tanto no segmento de ações como de títulos de renda fixa. Minha leitura é de que essa ação não deve ser encarada como uma nova tendência, e sim uma pausa desencadeada pela queda dos mercados de ações nos países desenvolvidos.


O Mosca está com uma posição tática vendido no SP500, essa ação foi originada por indicadores técnicos. Agora os investidores, de uma maneira geral, podem ter iniciado esse movimento de venda em função de outros motivos. A figura abaixo pode ser um bom argumento para tanto. Os vários indicadores de valor se encontram nas máximas encontradas em mercados de alta.


Em termos Geopolíticos, a medição feita pelo Federal Reserve através de dois economistas, Dario Caldara e Matteo Iacoviello, indica uma alta recente em função das ameaças entre os EUA e a Coréia do Norte.


Em termos de posicionamento de ações, entre as regiões do mundo, mostra que os investidores têm preferido investimentos fora dos EUA, imaginado melhores condições de valorização.


Vocês devem lembrar que até algum tempo tinha virado coqueluche as empresas em Wall Street que se especializaram em negociar ações em nano segundos, ou frações até menores de tempo, se antecipando a grandes ordens de clientes institucionais. Em 2010, uma queda abrupta do SP500 foi atribuída a esses participantes e ficou conhecida como Flash Crash.

A figura abaixo mostra a evolução das receitas desse segmento. Como se pode notar, desde 2013, a mesma se reduziu a valores ínfimos, razão pela qual não se ouve mais falar delas. Bilhões de dólares foram gastos no desenvolvimento de softwares para capturar esses ganhos, que não tem utilidade nenhuma nos dias atuais, sua salvação só ressuscita, caso a volatilidade volte a níveis do passado.


No post a-macroeconomia-esta-demode, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” no gráfico, tracei duas possibilidades: a primeira em azul seria um rompimento na sequência do nível de 70.000 o que levaria a bolsa a novas altas. Por outro lado, o cenário anotado em verde ainda contempla alguns meses em queda para em seguida buscar romper o limite acima” ...

Hoje a bolsa está buscando romper o nível de 70.000 e conforme minha expectativa anotada acima deverá buscar novas altas. Meu primeiro objetivo é 73.000, porém no longo prazo altas mais significativas devem ser esperadas. Como havia dito, estou sugerindo compra do Ibovespa caso o Ibovespa feche acima dos 70.500, com um stoploss a 67.000.


É importante frisar que no nível de 73.000 haverá uma resistência muito difícil a ser rompida, o motivo pode ser visto no gráfico de longo prazo a seguir. Pode ser que chegando lá ocorra uma correção logo em seguida. Minha experiência mostra que em situações semelhantes, para ultrapassar uma máxima histórica, demora tempo.


Não quero entrar agora com possíveis níveis que essa correção pode alcançar, tirando o ímpeto do momento. Isso não significa que não serei diligente, o stoploss será nosso guardião para evitar perdas maiores, caso isso aconteça. Por outro lado, se esse cenário não se materializar e a bolsa continuar subindo, estaremos posicionados.

O SP500 fechou a 2.452, com alta de 0,99%; o USDBRL a R$ 3,1621, sem alteração; o EURUSD a € 1,1761, com queda de 0,46%; e o ouro a U$ 1.284, com queda de 0,49%.

Fique ligado!

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