O remédio perdeu a validade



A resposta dada pelos bancos centrais quando da crise de 2008, foi injetar liquidez no sistema, a fim de evitar a catástrofe maior e tão temida da deflação. A contrapartida foi o aumento da dívida pública para suportar essas ações. Transcorrido algum tempo, as economias mundiais deveriam retornar à situação que prevalecia antes. Esses estímulos têm que ser retirados além dos investimentos efetuados serem produtivos.

Um artigo publicado sobre a produtividade aponta para resultados insatisfatórios sobre esse último ponto.

A desaceleração global tem sido muito discutida ultimamente. Uma desaceleração na Europa e na China foi considerada a principal razão para a queda no mercado de ações de dezembro combinada com o programa de normalização do balanço patrimonial do Federal Reserve. O que está por trás da desaceleração?

Nenhuma resposta satisfatória surgiu, embora os esforços da China para restringir os empréstimos excessivos sejam um candidato natural, além do fato de os bancos centrais terem removido os estímulos. A resposta, no entanto, vai mais fundo na estrutura das economias modernas.

O fracasso dos impulsionadores econômicos do crescimento global, a China, a zona do euro e os EUA, está no centro da não-recuperação.

Matando o espírito

Em junho de 2017, notou-se algo estranho estava acontecendo na economia global. O crescimento da produtividade total dos fatores (TFP) estagnou a partir de 2011. Isso é algo que não deve acontecer em uma economia em crescimento.

A TFP é a medida da parte do crescimento do PIB que muda na qualidade e na quantidade de investimentos, e que a força do trabalho não consegue explicar. Geralmente, acredita-se que seja a medida da mudança tecnológica que impulsiona o crescimento econômico. Se estagnar, significa que a produção não está se tornando mais eficiente. Ou seja, a produção alcançada é apenas a soma do capital e do trabalho. A estagnação, portanto, implica que nossa capacidade de criar inovações produtivas tenha parado. Um presságio sério, e ainda assim é exatamente o que aconteceu desde 2011. Por quê?




Quando a economia global falha, você se volta para seus líderes para buscar culpados. No final de 2017, a China, a área do euro e os Estados Unidos representavam cerca de 51% do PIB mundial. Eles eram os motores indiscutíveis do crescimento global.

Depois da grande crise de 2008, os líderes da Europa, China e Estados Unidos promulgaram medidas excepcionais para “salvar” a economia global. Estes mantinham muitos bancos e empresas insolventes operando, intensificando assim a “zumbificação” da economia global. No entanto, essa recessão também levou a uma queda na taxa de investimento na área do euro e nos EUA (ver Figura abaixo). Sua formação bruta de capital físico caiu vários pontos percentuais e nunca se recuperou.




A formação de capital na China manteve sua taxa (muito alta). Lá, no entanto, o problema é que os investimentos se tornaram cada vez mais improdutivos. O próximo gráfico mostra o crescimento da TFP na China, na área do euro e nos EUA. Isso mostra que desde 2011, a produtividade da China caiu apesar dos altos níveis de investimento. Isso levou a um problema ainda mais intratável, o elevadíssimo endividamento, porque a receita dos investimentos não foi suficiente para pagar a dívida.




A próxima ilustração mostra a dívida privada e governamental combinada junto com o PIB real da China desde 1995. De 1995 a 2007, a dívida total na China cresceu apenas um pouco mais rapidamente do que o PIB, como deveria. No entanto, entre 2008 e 2017, o PIB real da China cresceu cerca de 7,6 trilhões de dólares, mas a dívida privada e governamental cresceu em impressionantes 25 trilhões de dólares. Ou seja, durante esses nove anos, a dívida na China cresceu mais rápido que o PIB em um fator superior a três! Não há paralelos na história moderna, e isso leva a uma conclusão desconfortável.




A economia chinesa tornou-se um esquema Ponzi (*). Não pode se sustentar sem um contínuo aumento gradativo da dívida. Se a dívida para de crescer a economia real cai, e é isso que se vê recentemente.

À primeira vista, se estiver com problemas, você pode querer corrigi-lo.

O fato é que algo está seriamente errado no modelo de governança econômica global que existe desde a Segunda Guerra Mundial. Pode nunca ter funcionado como os macroeconomistas previam que funcionasse, mas claramente não está mais funcionando.

Com base no que aconteceu na economia global, deve-se ter muito cuidado ao pedir mais estímulo. Muito provavelmente não beneficiará a economia real, mas é provável que impulsione os mercados de ativos supervalorizados ainda mais. O fato lamentável é que quando os mercados de ativos vão, a frágil economia global irá com eles. A armadilha foi definida.

Acredito que o enfoque deste trabalho aponta para os graves problemas de crescimento que as economias mundiais estão enfrentando, sem que exista uma política econômica implementada que funcione. O caso clássico neste sentido, é a economia japonesa, que está prestes a completar 30 anos de total estagnação, com crescimento baixo, beirando a deflação, e a maior dívida sobre o PIB dos países desenvolvidos.

Imagino que a política de criar estímulos através do modelo atual deve permanecer em curso. Não vou me surpreender se em breve a China implemente mais um pacote neste sentindo. E como qualquer endividamento que não gera renda, em algum dia o credor vai desconfiar que não vai receber seu dinheiro de volta!

(*) Um esquema Ponzi é uma operação fraudulenta sofisticada de investimento do tipo esquema em pirâmide que envolve a promessa de pagamento de rendimentos anormalmente altos ("lucros") aos investidores à custa do dinheiro pago pelos investidores que chegarem posteriormente, em vez da receita gerada por qualquer negócio real.

Uma matéria publicada no Jornal Valor comenta a perspectiva de corte na taxa SELIC. Essa é a opinião de alguns economistas de bancos, bem como, está implícita nos contratos de juros. Finalmente, os investidores estão chegando a mesma conclusão que o Mosca. Quem seguiu nossas recomendações de comprar títulos pré-fixados deve estar feliz!

No post burro-de-carga, fiz os seguintes comentários sobre o dólar após ter sido estopado na posição vendida no dólar: ...” a queda foi eliminada? Ainda não, talvez a correção da onda C não começou. No gráfico a seguir tracei uma dessas possibilidades, a de um triângulo em formação, ainda dentro de uma onda B” ... …”além dessas, existem outras também. Para que os leitores não fiquem confusos, é preferível apontar em qual nível, a minha visão se mostra incorreta. Esse patamar corresponde ao intervalo entre R$ 3,97 – R$ 4,00” ...


O gráfico do dólar, nem de longe segue o livro texto de análise gráfica. Confesso que ao avaliar, sempre surge uma nova possibilidade, principalmente nas de longo prazo. Quando isso acontece, a experiência me mostrou que, se deve focar no curto prazo, e não ter uma visão rígida sobre o longo prazo.

No curto prazo mantenho os mesmos parâmetros definidos acima, afinal nada se alterou muito.



No gráfico acima, enfatizei o número de vezes que o dólar ameaçou romper a reta traçada em cinza. Conjugando ambos os fatos, me parece que um objetivo para o dólar de R$ 3,50/R$ 3,55 parece bem razoável. Mas como enfatizei, talvez demore algum tempo até atingir, por volta do início do 2º semestre.

Talvez alguns leitores não entenderam o porquê fomos estopados tão precocemente, ainda tendo uma visão de queda do dólar. A razão tem muito a ver com o risco x retorno, do que a convicção da queda. Como comentei acima, o dólar pode negociar até próximo de R$ 4,00 mesmo sem eliminar esse cenário. Sendo assim, onde eu deveria colocar o stoploss? Se a resposta for R$ 4,00, não estaria disposto a arriscar uma perda de 7% (R$ 4,00 x R$ 3,74) para obter um ganho de 5% (R$ 3,74 x R$ 3,55). Prefiro ficar fora nesses níveis.

Como eu enfatizo, a maior parte do tempo é melhor ficar sem posição. É difícil, uma vez que, no final do dia todo mundo sabe o que teria dado lucro, porém, no começo do dia, ninguém sabe!

Hoje é feriado em Nova York e os todos os mercados do país permaneceram fechados.

O USDBRL fechou a R$ 3,7306, com alta de 0,81%; o EURUSD a 1,3111, com alta de 0,15%; e o ouro a U$ 1.326, com alta de 0,39%.

Fique ligado!

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