Bolhas discretas



Durante a existência desses 7 anos, o Mosca já acompanhou algumas bolhas que ocorreram no mercado financeiro. Talvez a que causou maior impacto foi a do bitcoin. A pouco mais de um ano, essa cryptocurrency tocou na cotação de U$ 20.000. Naquele momento, somente os pessimistas poderiam prever um colapso em seu preço.

Não se passava um único dia, no qual as pessoas envolvidas nesse mercado, ou mesmo os curiosos, consultavam quanto estava valendo. Percebi que agora nem acompanho mais. Confesso que abri meu aplicativo para saber qual nível se encontrava, um pouco acima da mínima atingida recentemente, hoje vale aproximadamente U$ 4.000. Para quem ainda tem algum interesse, o gráfico abaixo conta um pouco da história dessa bolha, antevista pelo Mosca.


Desde então, não tive conhecimento de nenhum ativo que tivesse entrado num frenesi semelhante. Mas assim como tem as bolhas espalhafatosas existem também as discretas. Na verdade, essa qualificação é função do interesse do público. Porém, outro dia, encontrei uma da segunda espécie.

Se eu perguntasse aos leitores, se acreditam no crescimento expressivo dos automóveis elétricos, acredito que quase a totalidade diria que sim, mesmo que, o mercado de automóveis esteja em declínio no mundo, como comentei no post surpresas-antigas. Certamente o efeito deve ser diferente para os carros a combustão x elétricos. Muito bem, uma das matérias primas fundamentais para produzir as baterias é o cobalto, o metal precioso que de acordo com uma reportagem da BBC “está provocando uma nova febre de ouro”.

Dito isso, seria minimante razoável, para quem não acompanha nada desse mercado, que esse mineral estivesse subindo de preço, afinal, uma demanda adicional que era inexistente, está se formando aceleradamente. Sem mais palavras, veja a evolução da cotação a seguir.




Ao me deparar com esse gráfico, fiquei chocado, como assim, caiu 70% do seu preço máximo em menos de um ano? Em seguida, a imagem da bolha me veio a consciência, e pensei, mesmo sem entender nada sobre o assunto: bolhas existem muitas, porém, tem as que fazem barulho e as que não fazem, depende de quanto dinheiro está envolvido. É, do ser humano, acreditar que, em situações como essa, onde parece lógico que os preços só podem subir, aproveitar a grande oportunidade da vida, o céu passa a ser o limite. Talvez falte a essas pessoas uma frase que repito bastante: dinheiro não é capim!

Para os mais sofisticados, podem ter pensado: hum, se realmente é bom, imagina quanto pode subir de preço as empresas que extraem esse mineral, o lucro será alavancado. Bora comprar! Para esses mais especulativos, talvez esqueceram de avisar que os lucros ou os prejuízos são alavancados! Vejam a seguir, algumas praticamente viraram pó!




Nem me perguntem o que aconteceu, não sei! O que eu sei é que, tomem muito cuidado quando entrarem numa operação cheia de “oba, oba”. Isso não significa que devam ficar fora e só trabalhar no pai e mamãe, podem entrar sim, mas sempre atentos a evolução dos preços e principalmente com o santo stoploss. O céu não é limite para nada!

Percebi que o post de hoje está dedicado as curiosidades financeiras. Seu eu disser que, uma empresa que atua no lado real da economia, vende bens de consumo cujo produto não tem o menor segredo, e suas ações valorizaram mais que as ações da Google, a grande maioria diria que está na hora do Mosca parar. Ah, é! Então vejam a valorização da Pizza Domino versus a Google, desde 2004.




Vou buscar os motivos e informo no futuro caso consiga uma boa explicação!

E por último, notem a seguir, a correlação entre a produtividade e o crescimento do PIB. Parece bastante lógico que um país com elevada produtividade apresente crescimentos superiores. Do ponto de vista macro, é possível estabelecer políticas que incentivem o investimento e facilitem a produção.

No micro depende do empresário, que pelo seu dinamismo busca diminuir os custos de produção. Em fazendo isso, pode ganhar mais mercado e evitar a concorrência externa. Agora pensem um pouco no Brasil, e vejam no gráfico onde nos encontramos. É necessário um choque interno com mais liberalismo e menos protecionismo.




No post ate-especular-virou-mal-negocio, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” um triangulo descendente está se formando – linhas cinza. Nestes casos, o mercado tende a romper para baixo” ... ...” mantenho a minha ideia que uma alta até o nível de 2,80% ainda deve acontecer. É verdade que, as chances de rompimento de 2,55%, antes de atingir aquele nível, se elevaram” ...


Como os níveis essa semana ficaram disciplinadamente dentro do triângulo apontado em cinza (no gráfico acima), resolvi dar uma visão de mais longo prazo aos leitores.



Como se pode notar com muita clareza, os juros estão em queda desde 1980, quase 40 anos. Os traders de Wall Street não sabem o que é operar esse mercado quando os juros sobem. Somente em alguns poucos momentos, houve pequenas altas, que foram sucedidas por quedas levando os juros a níveis mais baixos. Assim, foram acostumados a comprar títulos e ficarem tranquilos, mesmo que uma queda de preço acontecesse no curto, pois era temporária.

Em 2012, quando os juros atingiram o mínimo de 1,5%, e por estarem na linha cinza inferior, os traders poderiam ter feito uma aposta de alta, considerando que, mais um zig zag era provável. Levaram um susto em 2016, pois houve uma ameaça de níveis mais baixos. Porém foi por pouco tempo, pois em seguida, ficaram tranquilos.

Durante 2018, agora no limite superior da reta, houveram muitas apostas de “chegou a hora de romper”! Pensavam que, daqui em diante os juros só poderiam subir, acabando o longo ciclo de queda. Mas no final daquele ano, os juros começaram a cair e voltaram ao interior das retas paralelas.

Esse movimento, sucinta duas dúvidas crucias no futuro: primeira, se os juros não irão subir, e na melhor das hipóteses, ficarão mais algum tempo dentro das retas paralelas; ou essa queda recente, é ocasionada pela dificuldade de um rompimento tão aguardado.

Não vou aqui me elucubrar, imaginado justificativas, baseada em fundamentos, para essa situação, existem várias. Deixo esse trabalho para os economistas, afinal eles sempre precisam de uma lógica.

Sendo assim, vislumbro no curto prazo uma queda dos juros até o nível de 2,5%, ou até 2,3%. Mas o crucial é se for abaixo de 2,0%, ficaria bem preocupado. Nessa situação, as chances de novas quedas se elevam. Um economista que lesse esse post, seria levado a crer que, uma deflação justificaria esses níveis. Tudo bem para mim, o principal é saber o que devemos fazer.

Mas se por outro lado, ao chegar aos 2,5%, os juros começam uma trajetória de alta desafiando sair novamente das linhas paralelas, pode chegar a 4%. Considerem esse nível como bastante indicativo, pois não tenho elementos ainda para um cálculo mais preciso.

Essas ideias mostram o cuidado que se deve tomar na situação atual. Não são só nos juros, onde alguns perigos maiores rondam, o SP500 também merece todo cuidado.

E, é assim, com todos essa dúvidas e riscos a frente, que o Mosca continuará a sugerir trades sem receio. Sem receio, porque temos nossa proteção patrimonial do stoploss.


O SP500 fechou a 2.792, com alta de 0,64%; o USDBRL a R$ 3,7482, com queda de 0,56%; o EURUSD a 1,1329, sem variação; e o ouro a U$ 1.328, com alta de 0,38%.

Fique ligado!

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