Parabéns a você ...
Hoje poderia ser um dia de comemoração no mercado financeiro
mundial, algo como: um plano que propiciou um crescimento econômico ímpar; ou o
termino de um longo período de recessão. Mas não é esse o caso, hoje se
comemora (comemora?) 20 anos que o banco central japonês fixou o juro em 0%.
Se esse movimento tivesse posto a economia japonesa nos trilhos depois de um
tempo, tudo bem, valeria a pena, porém não foi o que aconteceu, e pior, ainda
prevalece a estagnação.
Nos anais do moderno planejamento central (bancário), hoje é
um dia trágico, o início de duas décadas de política monetária extrema da qual
nem o Japão, nem qualquer outro país, conseguiu escapar.
Este é um "modelo preocupante para a Europa ",
segundo o analista do Deutsche Bank, e acrescenta que o Japão também iniciou o
que se tornou uma forma mais comum de política monetária após o GFC em todo o
mundo.
Para os historiadores econômicos, o Japão é realmente um
caso fascinante. Se você tirasse uma foto das finanças e da demografia do país
hoje, sem ter conhecimento prévio da jornada do país nos últimos 30 anos, desde
a explosão de sua bolha de ativos, você se perguntaria como o país não está em
crise constante. A dívida para o PIB é a mais alta do mundo desenvolvido, com
236%. O BoJ detém cerca de 43% de todos os títulos emitidos pelo governo.
Os principais preços no Japão também são praticamente
idênticos aos de 20 anos atrás. Os juros do JGB (títulos do governo Japonês),
caíram de 2,21% para -0,03% nesse período. Mesmo assim, o Japão é um exemplo de
quanto tempo uma crise pode ser evitada sob medidas extremas.
Interessante é verificar qual foi a repercussão dessa medida
ousada naquela época. A citação da revista The Economist, há 20 anos, foi:
"Sem disciplina fiscal, dizem autoridades do Banco do Japão, o governo
corre o risco de perder o controle dos gastos públicos, convidando a
hiperinflação na segunda maior economia do mundo".
A conclusão do Deutsche Bank: "um aniversário infeliz
hoje em muitos aspectos, mas também é perceptível que depois de 20 anos de
altos gastos fiscais, os japoneses não têm populismo. Talvez seja uma mensagem
para a Europa".
Ontem frisei a dependência do crescimento econômico mundial,
na economia americana. Num passado recente, existia uma correspondência deste
país e a Europa, ou seja, com uma determinada defasagem, quando um crescia o
outro correspondia. Essa sincronia era observada nos preços das ações entre
essas regiões. Porém, desde o início desta década, essa concordância foi
quebrada. As ações europeias hoje estão bem mais baratas que seus pares
americanos. Será que é para sempre?
Esse modelo adotado pelo BOJ foi seguido por diversos bancos
centrais depois da crise de 2008. Já se passaram mais de 10 anos desse evento,
e como se pode ver no gráfico abaixo, enquanto o Fed parou de expandir seu
balanço, todos os outros ainda permanecem em excesso.
Será que o mundo está preso ao que se chama de armadilha de liquidez? A definição dessa situação econômica é:
“Uma armadilha de liquidez é uma situação descrita na
economia keynesiana na qual, "depois que a taxa de juros caiu a um certo
nível, a preferência pela liquidez pode se tornar virtualmente absoluta no
sentido de que quase todo mundo prefere uma dívida que rende uma taxa de juros
tão baixa”
“Uma armadilha de liquidez é causada quando as pessoas
acumulam dinheiro porque esperam um evento adverso como deflação, demanda
agregada insuficiente ou guerra. De acordo com a teoria dominante, entre as
características de uma armadilha de liquidez estão as taxas de juros próximas
de zero e mudanças na oferta de moeda que não se traduzem em mudanças no nível
de preços”.
Não parece ser exatamente a situação que vivemos atualmente,
mas como então explicar a manutenção de taxas de juros tão baixas, atividade
econômica insuficiente e sem inflação? Tudo isso acontecendo não num período
curto, um a dois anos, mas por 10 anos!
Melhor comemorar os 20 anos do BOJ, quem sabe isso não é só
o começo. Como se costuma dizer em comemorações da religião judaica, “que viva
até os 120”. Nesse caso, Deus nos livre! Hahaha ....
No post final-de-carreira, fiz os seguintes
comentários sobre o Ibovespa: ...” O movimento traçado pela bolsa (mesmo antes do evento de
Brumadinho), já dava sinais de “cansaço”. Isso normalmente acontece depois de
um período mais longo de alta. Destaquei em vermelho os principais níveis para
uma eventual reversão: 96.500 – 100.000 – 105.500” ...
A máxima atingida foi de 98.550, praticamente no meio do intervalo
entre 96.500 e 100.000, para depois sofrer uma queda abrupta. No post citado
acima, também anotei quais seriam os níveis onde a correção poderia atingir: ...” Vou mostrar a
seguir, com um gráfico de prazo mais longo, o que poderia acontecer com o
Ibovespa nos próximos meses, caso essa correção tome pulso da maneira exposta
acima” ...
Muito bem, podemos considerar que a correção está em curso?
Tudo indica que sim, mas é necessário ainda uma confirmação: que os preços caiam
abaixo de 93.400, além do nível de 98.500 não seja atingido. Complicado? Siga o
Mosca.
O SP500 fechou a 2.744, com alta de 1,28%; o USDBRL a R$
3,7106, com queda de 1,25%; o EURUSD a € 1,1331, com alta de 0,49%; e o ouro a
U$ 1.310, com alta de 0,18%.
Fique ligado!
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