Relevâncias irrelevantes



Como de costume, hoje pela manhã estava lendo o Wall Street Jornal, quando me deparei com a seguinte notícia: “ A LIBOR teve a maior queda desde 2009”. Antes de verificar o detalhe, imaginei uma queda de 50 pontos, ou algo parecido, afinal para ser a maior queda, e ainda notícia de primeira página do caderno de Finanças, essa deveria ser a magnitude.

Mas qual não foi a minha surpresa, 4 míseros pontinhos! Ou eu fiquei totalmente obsoleto e 4 pontos é muito, ou não existem matérias interessantes a serem publicadas. Incialmente, fui levado a imaginar que era o segundo caso, mas será que o WSJ, um jornal que respeito muito, colocaria em risco sua reputação? Sendo assim, fiquei com a primeira hipótese, e veja as razões a seguir.

Abaixo a evolução da taxa de juros de 10 anos do título emitido pelo governo alemão. Pessoal, 0,10% a.a. por 10 anos! Só para ter um parâmetro financeiro, uma aplicação de 1.000, receberia ao final 1.100,04, calculado com juros compostos é claro. Não cobre nem um jantar em Paris! Hahaha ...


Em seguida, o mesmo gráfico para títulos do governo japonês de 30 anos. Um investimento de ¥ 10.000 nesse prazo, resultaria um valor ao final de 30 anos, de ¥ 11.788,60, um pouco mais de 10%. E notem, quem comprou em outubro de 2018, obteve uma taxa espetacular de 0,90% a.a., depois disso sofreu uma queda absurda – parâmetro WSJ!




Vivemos em tempos estranhos, o Capital não vale nada. No post de ontem modelo-do-descapitalismo, o FMI sugere uma forma para taxar o papel, a fim de que, a autoridade monetária possa praticar juros ainda mais negativos. Não sei vocês, mas mesmo que essa situação perdurar por décadas, vou morrer acreditando que 4 pontos de juros não é nada!

Hoje foi publicado o IPCA de janeiro em 0,32%, dentro das expectativas mais baixas – como vem acontecendo ultimamente. Em bases anuais sofreu uma alta incrível indo de 3,75% para 3,78% (se o WSJ pode, porque não o Mosca! Hahahaha ...).


Destaquei os itens que gosto mais de acompanhar: Livres – em bases anuais, subiu marginalmente de 2,9% para 3,0%; Difusão – Continua estável em torno de 56%.

Honestamente, acredito que os comentários sobre os detalhes de outras contas, não oferecem nenhuma informação relevante ao leitor. Talvez, se esses dados fossem publicados na Europa, ou Japão, mereceria um grande destaque.

Em seguida encontra-se a projeção da Rosenberg para o IPCA para 2019, e ao que tudo indica, permanecerá ao redor de 4% a.a. Notem que desde 2017, a inflação fica na banda de baixo, do intervalo definido para a inflação.



O Livro texto de economia, sugere que nessas situações, a taxa básica de juros deve ser reduzida. Sendo assim, o mercado deu a mão à palmatória, agora é consenso que o juro não deveria subir em 2019. Mas não pensem que os analistas jogaram a toalha, para 2020 projetam a taxa SELIC em 8% a.a. O Mosca não tem pressa, vamos esperar, quem sabe em algum momento, algum deles vai sugerir que a taxa deve que cair!

No post embriagado-pelo-sucesso, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ... “é necessário que os juros superem 2,70%; em vermelho - a alternativa que surgiu com a queda recente. Vale aqui a observação anotada acima, só que ao contrário, não pode ultrapassar 2,7%. Uma queda abaixo de 2,60%, e principalmente abaixo de 2,55%, o movimento para níveis inferiores ganha tração” ...


O juro acabou subindo até 2,74%, porém não foi suficiente para ganhar mais força na alta, ao contrário, está se aproximando de 2,60%, nível apontado acima como importante.

No gráfico a seguir, de médio prazo, procuro anotar os principais pontos de atenção.


Ainda acredito que uma pequena alta deve acontecer, talvez não tão elevada como previsto anteriormente, mas pelo menos até 2,80%. Depois disso, uma queda se sucederia levando os juros até o intervalo de 2,5% - 2,3% (em verde), sem, contudo, ameaçar a linha de longo prazo traçada em cinza. Caso não reverta nesse intervalo, um próximo intervalo ganha interesse, entre 2,3% - 2,05%. Até aí, é aceitável supor que o juro poderia subir a partir daí tudo ainda sem violar a linha de longo prazo. Porém, abaixo de 2,05% a situação complica bastante e caso aconteça, aumenta a chance de que, as mínimas seriam revisitadas. Para relembrar os leitores, essa mínima de 1,35%, ocorreu em 2012 e 2016.

Espero não ter que mudar minhas projeções para esse nível, porém, se isso ocorrer, muita coisa ruim deve acontecer. Xooooo .....


O SP500 fechou a 2.707, sem variação; o USDBRL a R$ 3,7311, com alta de 0,39%; o EURUSD a € 1,1322, com queda de 0,14%; e o ouro a U$ 1.313, com alta de 0,27%.

Fique ligado!

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