Final de carreira
O legendário gestor de fundos, Bill Gross, conhecido como o
“Rei dos Bonds”, comunicou que iria se aposentar. Não seria nada estranho essa
atitude, afinal tem 74 anos e um patrimônio invejável, não fosse a sua
conturbada vida profissional nesses últimos 5 anos.
Até 2014, Gross era o principal executivo da PIMCO, uma das
maiores administradoras de fundo do planeta. No auge, o valor total desse fundo
montava U$ 300 bilhões. Em seguida, foi para Janus, em função de um tumultuado
período, onde se confrontou com colegas executivos antes de sair.
A saída de Gross reforça uma tendência que agora está se
espalhando pelo mundo da gestão de ativos: o declínio dos gestores que prometem
retorno acima do mercado.
Gross conquistou um público global em parte por fazer
previsões ousadas nos mercados - e por apostar excessivamente nessas convicções.
Sua notoriedade acrescentou poder de estrela a um mundo que investia títulos,
onde os administradores muitas vezes trabalhavam nas sombras de lendários
selecionadores de ações, como Warren Buffett e Peter Lynch. Em um momento,
chegou a ganhar US $ 200 milhões por ano, de acordo com o Wall Street Journal.
Na figura abaixo fica notório a ascensão e a queda de um
astro, como de certa forma, acontece comumente com os artistas. Notem que as
escalas nos dois gráficos são muito diferentes, a primeira atingiu U$ 300
bilhões e a segunda U$ 2,0 bilhões.
Quando decidiu se vincular a Janus, uma administradora de
fundos de médio porte, mudou seu estilo de atuação. Seu fundo ficou mais
parecido com um hedge fund com maior foco em títulos. É importante frisar que,
a grande parte dos recursos desse fundo eram suas, comenta-se que seria da
ordem de U$ 1,5 bilhão.
Este experimento não terminou bem para Gross ou para aqueles
que confiaram seu dinheiro nele. A
estratégia irrestrita que Bill Gross administra teve desempenho inferior ao seu
benchmark de três meses da Libor desde que se juntou a Janus.
Os leitores do Mosca sabem
que não sou fã de investimento em fundos. Talvez minha experiência profissional
nesse segmento me levou a essa conclusão. Raramente, ou quase nunca, se vê uma
estrela nesse campo permanecer até a aposentadoria, em algum momento o sucesso
vira insucesso.
E quais seriam os motivos para essa trajetória? Em minha
opinião são três:
·
Elevadas taxas cobradas nos fundos – Quando as
oportunidades (entenda-se volatilidade) eram maiores, os bons gestores conseguiam
abocanhar retornos com essas distorções. Hoje em dia, tudo ficou mais difícil.
Outro ponto é que, hoje qualquer investidor pequeno tem acesso a ativos que
eram impensáveis no passado.
·
Ego – Para quem se torna uma estrela é quase
impossível controlar seu ego. Depois de algum tempo acertando muito, acredita
que nunca mais vai errar, e isso é impossível.
·
Sorte – Eu acredito que a sorte é tão importante
como a competência. Quem aceita essa premissa tem mais chances de continuar em
seu negócio. Reflitam um pouco na sua carreira, e analisem se, nos períodos
bons, existiu também uma parcela de sorte.
Eu me considero um profissional que teve sorte, sinceramente,
não tinha consciência naqueles momentos, pois era mais jovem. Porém hoje
consigo entender que várias visões que eu tive, sobre oportunidades, acabaram
se concretizando, outras não.
Mas voltando a carreira do Bill Gross, acredito que em algum
momento não quis aceitar, ou achava que conseguiria performar melhor que o
mercado, com novas condições. Independente que qual foi a causa, continuou
tentando, arriscando a reputação de sua empresa, bem como, o dinheiro de seus
clientes. Acabou de forma ruim.
Para mim, tão importante quanto fazer uma carreira exemplar
é saber que em algum momento se deve parar, e esse momento, não é fácil de
enxergar ou aceitar. Diria que é melhor terminar um pouco antes do desejável, assim
sua imagem permanecerá positiva, além de evitar perdas de patrimônio importante
(para quem atua no mercado financeiro).
Uma informação publicada hoje, mostra que o volume de
investimentos nos mercados emergentes está prestes a bater o recorde histórico.
Uma parte deste fenômeno é sentida no Brasil, que se nota quando da publicação
dos dados de balança de pagamentos, na rubrica Investimentos Diretos. Não deixa
de ser surpreendente com tantas incertezas que se vive atualmente. Porém, a
falta de opções no mundo desenvolvido, faz com que os investidores canalizem seus
recursos mesmo assim.
EM inflows
No post o-grande-temor, fiz os seguintes comentários
sobre o Ibovespa:
...” O movimento traçado pela bolsa (mesmo antes do evento de Brumadinho), já
dava sinais de “cansaço”. Isso normalmente acontece depois de um período mais
longo de alta. Destaquei em vermelho os principais níveis para uma eventual
reversão: 96.500 – 100.000 – 105.500” ...
A bolsa brasileira continua subindo lentamente, com novos
recordes ocorrendo com frequência. Isso muda meu prognostico? Não! Vou mostrar
a seguir, com um gráfico de prazo mais longo, o que poderia acontecer com o
Ibovespa nos próximos meses, caso essa correção tome pulso da maneira exposta
acima.
O gráfico a seguir leva em consideração que a bolsa estaria
na eminencia dessa correção, naturalmente, caso atinja 105.500, esses níveis
seriam levemente, superior.
Destaquei três intervalos com palavras que identificam minha
preferência.
Esperado – entre 79.000 e 86.000, seria razoável supor como
limitantes de uma correção “saudável” que após terminada, se sucederia a
continuação do movimento de alta.
Incomodo- A correção poderia se estender até 72.000. Como o
próprio nome diz, ficaria incomodado, não seria o mais provável, mas tudo bem.
Preocupante – a queda poderia se estender até 67.000 e mesmo
assim, ser considerada uma correção. Pouca chance.
Posso dizer que abaixo de 72.000 fico desconfiado que o
movimento de alta terminou e estaríamos entrando numa baixa. Não vou me
estender nesse cenário, pois visto de hoje, ainda é Wishful thinking.
Quero frisar que não sou vendedor de bolsa, apenas não quero
permanecer posicionado, caso essa correção se materialize. Por outro lado, se o
mercado continuar subindo e atingir os 105.000, provavelmente vou liquidar a
posição.
O SP500 fechou a 2737, com alta de 0,47%; o USDBRL a R$
3,6681, sem variação; o EURUSD a € 1,1412, com queda de 0,20%; e o ouro
a U$ 1.315, com alta de 0,28%.
Fique ligado!
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