Past copy
Ontem foi publicada a minuta da última reunião do Fed
realizada no final de janeiro. Foi nessa reunião que a autoridade monetária
externou sua dúvida sobre a possível alta de juros neste ano. Extrai alguns
trechos que considero interessantes, a fim de analisar o que se poderia, ou não
poderia esperar – Quem dá menos! Tema do Mosca
para 2019.
“Os participantes observaram que alguns riscos para o lado
negativo aumentaram, incluindo as possibilidades de uma desaceleração mais
acentuada do que o esperado no crescimento econômico global,
particularmente na China e na Europa, um rápido declínio dos estímulos da
política fiscal ou um novo aperto nas condições do mercado financeiro. Um
aumento em algumas incertezas de políticas governamentais estrangeiras e
domésticas, incluindo aquelas associadas ao Brexit, uma escalada nas tensões da
política de comércio internacional e o potencial para paralisações adicionais
do governo federal estendido também foram citadas como riscos descendentes”
(destaque meu)
Trechos praticamente idênticos podem ser notado em todas as
minutas de banco centrais, inclusive o nosso. Isso nos dá indicação que todos
não têm a menor ideia do que pode acontecer, mas como precisam se justificar,
usam assuntos da moda. Esse caso se enquadra na famosa frase em inglês cover the ass!
“Alguns participantes observaram que determinados fatores,
como a queda do preço do petróleo, o crescimento mais lento, a inflação mais
baixa no exterior, ou a valorização do dólar no ano passado, mantiveram
algumas leituras de inflação recentes e podem continuar a fazê-lo este ano.
Além disso, muitos participantes comentaram que as pressões ascendentes
sobre a inflação pareciam mais atenuadas do que semelhavam ser no ano passado,
apesar do fortalecimento das condições do mercado de trabalho e do aumento dos
custos de insumos para algumas indústrias”
“Muitos participantes sugeriram que ainda não está claro
quais ajustes no intervalo de metas para a taxa de fundos federais podem ser
apropriados ainda este ano; vários desses participantes argumentaram que o
aumento da taxa só seria necessário se os resultados da inflação fossem mais
altos do que em suas perspectivas de base. Divresos outros participantes
indicaram que, se a economia evoluísse como esperavam, eles considerariam
adequado aumentar a meta para a taxa dos fundos federais ainda este ano”
Depois alguns leitores reclamam do Mosca ironizando que sempre estou certo, pois, se não cair vai
subir. O que diriam do Fed então! Hahaha ...
Fala-se ainda de um aumento de taxa, mas sem mencionar um
eventual corte (como o mercado está prevendo para 2020). Um acordo comercial
com a China aumentará as chances de mais uma alta neste ano?
“Os gastos das famílias pareciam ter aumentado fortemente no
quarto trimestre, já que o crescimento real do PCE foi forte em outubro e
novembro. A divulgação do relatório de vendas de varejo para dezembro foi
adiada, mas os indicadores disponíveis - como dados de transações com cartão de
crédito e cartão de débito e venda de veículos leves - sugeriram que o
crescimento dos gastos das famílias permaneceu forte em dezembro”
“Quase todos os participantes pensaram que seria desejável
anunciar com muita antecedência, um plano para parar de reduzir o estoque de
ativos do Federal Reserve ainda este ano. Tal anúncio forneceria mais
certeza sobre o processo para completar a normalização do tamanho do balanço do
Federal Reserve”.
Como esperado, o Fed está trabalhando num plano para acabar
com o objetivo de diminuir seu balanço. A longo prazo, o banco central
precisará começar a aumentar novamente o balanço para manter as reservas
estáveis. Talvez essa seja o único ponto em concordância.
Uma medida do tom dessa minuta comparada com as anteriores
pode ser vista abaixo, ao se contabilizar o número de vezes que as palavras: strong, stronger e strongly foram
usadas.
O IPCA – 15 publicado hoje foi de 0,34% ficando em linha com
a expectativa de 0,35%. Em 12 meses o indicador segue desacelerando, passando
de 3,77% para 3,73%, permanecendo abaixo do centro da meta. Como a tabela a
seguir mostra, os preços livres continuam na casa dos 3%, enquanto o índice de
difusão ao redor de 55%. Muito mais do mesmo!
Gostaria de apresentar o gráfico a seguir que contém uma
informação interessante sobre a evolução mensal do IPCA. Nele está anotado a
média mensal esperada cada mês considerando um período longo de 10 anos, as
linhas pontilhadas com 1 e 2 desvios padrões, e por último, a inflação mensal
de 2018 (azul) e 2019 (vermelho). Notem que a partir do segundo semestre do ano
passado, o padrão mensal ficou abaixo da média e dos desvios padrões, e esse
comportamento continuou nos dois primeiros deste ano.
O que esse fato pode indicar é que, se esse padrão continuar
durante 2019, a inflação poderia ficar bem abaixo da meta, algo como 3% a 3,5%.
Essas conjecturas são apenas reflexões, pois não fiz nenhuma projeção. Porém,
se esse cenário se confirmar, é muito provável que o BC reduzirá os juros este
ano. A confirmar!
No post rumo-ao-monopólio-da-informação, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500: ...”
ao nível entre 2.800 e 2.830 existe uma alta probabilidade de acontecer uma
queda, que levaria o SP500 entre 2.660 e 2.500” ... ...” Não sei se vou me
envolver numa venda na região ao redor de 2.800, tudo vai depender do
desenrolar nos próximos dias. Mas certamente não ficaria comprado, ou na melhor
das hipóteses apertaria bastante o stoploss” ...
A bolsa americana está muito próxima da região que apontei
como crítica – 2.800/2.830. No gráfico abaixo destaquei em amarelo essa região.
Não vai ser fácil romper, mas caso isso aconteça, as chances de novas máximas
históricas se elevam.
Hoje pela manhã, novas notícias que um memorando de acordo
estaria sendo preparado entre os negociadores da China e EUA. A evolução desse
assunto está animando o mercado em conjunto com o recuo do Fed nas suas
intenções de subir o juro. Mas todos nós sabemos que, com um presidente
instável como Trump, nada é previsível, e tudo pode mudar rapidamente.
Mas esses fatos para a análise técnica pouco importa, a
leitura que obtemos do mercado é que o SP500 vai entrar numa região difícil.
Vamos ficar atento para identificar uma possível oportunidade.
O SP500 fechou a 2.744, com queda de 0,35%; o USDBRL a R$
3,7648, com alta de 1,01%; o EURUSD a € 1,1333, sem variação; e o ouro a U$
1.322, com queda de 1,17%.
Fique ligado!
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