Onde os narcisistas falham
Dar muito poder a quem não avalia corretamente os riscos é um
perigo. O grande assedio ao poder, normalmente levam a esses cargos pessoas com
qualidades nem sempre benignas cujo discurso não é o que realmente tencionam.
Coisas da psicologia humana.
Já mencionei diversas vezes o perigo que Donald Trump
representa para os EUA e para o resto do mundo. Um empresário malsucedido em
sua vida profissional, cuja riqueza foi obtida através da assunção de riscos
enormes que, quando deram errado, passou seu prejuízo para os bancos, e não
foram poucos, quebrou 4 vezes! Mas é inegável seu poder de persuasão pois
conseguiu credito mesmo depois desses eventos.
Como presidente da maior economia do mundo, acredita que
pode usar estratégias semelhantes, a de intimidar quem considera que atrapalha
seus objetivos e crenças. Como mote de campanha disse que iria trazer de volta
as fábricas para seu país, imaginado que ganharia suporte de eleitores que
sofreram com a globalização. Para atingir esse objetivo mirou nos maiores
exportadores de produtos para os EUA: China e Europa (Alemanha). A estratégia
de elevar as alíquotas de importação todos nós conhecemos seu andamento.
Os economistas de renome sabiam das condições frágeis em que
o mundo se encontrava e que um movimento dessa dimensão poderia ocasionar
efeitos colaterais no globo, atingindo a todos. Mas um bom narcisista não
escolhe pessoas que são contra suas ideias, ao contrário as destrói, busca os yes men.
Começou sua empreitada de forma arrogante contra a China. No
início os chineses até poderiam dar um voto de confiança, pois uma batalha
nesse front seria muito ruim para eles. Mas com o passar do tempo, perceberam
que era tempo perdido e buscaram outras alternativas para algo que consideram inevitável.
Mas Trump acha que consegue tudo e foi em frente com suas
ameaças. É natural que os efeitos imediatos seriam sentidos nesses dois países,
afinal o mundo estava num movimento de globalização já havia muito tempo.
A Alemanha hoje se encontra a beira de uma recessão enquanto
a China sofre com a desaceleração da sua economia. Agora, um país não morre, se
adapta as novas condições, e é o que cada um está fazendo agora, pois já
assumem que a globalização é coisa do passado, pelo menos para eles.
Acredito que outra intenção de Trump, e talvez a principal,
seja o risco de a China ameaçar a soberania americana. Esse país tem os
quesitos básicos para ocupar esse lugar: uma economia forte; território e
grande população. Esse seguramente é seu objetivo.
Qual foi então a estratégia do Trump? Enfraquece a economia
chinesa através das restrições as suas importações, e como a economia americana
se encontrava em boas condições, crescendo, era questão de tempo para reassumir
o controle. Sendo assim, se reelegeria com tranquilidade no próximo ano.
Porém, a reação dos mercados ultimamente não está
respondendo bem as ameaças econômicas, bastou apenas uma pequena amostra do que
uma recessão norte-americana poderia ser para o presidente Donald Trump sugerir
que ele quer um acordo comercial com a China.
Sempre sensível aos movimentos da bolsa, o presidente tentou
acalmar os mercados após o encerramento. Abandonando sua falsa retórica
comercial, Trump estendeu um ramo de flores ao presidente chinês Xi Jinping em
uma série de tweets, chamando-o de "grande líder" e "bom
homem". Ele terminou seus posts com "Encontro pessoal", sem
especificar se ele estava propondo uma cúpula.
A questão é como, Xi Jinping responderá à proposta de Trump.
Quem está mais desesperado por um acordo comercial agora?
Desde o início da guerra comercial, os consumidores
americanos sentaram-se bem e desfrutaram de sua prosperidade - assim como Trump
se gabou. A economia da China, ao contrário, vem passando por um período muito
mais difícil. No último ano e meio, Pequim teve que lidar com todos os tipos de
problemas de crédito que poderiam se transformar em uma crise econômica mais
ampla.
Isso pode parecer ruim, mas ajuda a China agora. Se um
bombeiro tem que apagar incêndios todos os dias durante um ano, ele fica mais
eficiente. É aí que Pequim está agora.
O mesmo não pode ser dito dos EUA. O declínio de seus
rendimentos soberanos de títulos de longo prazo - uma medida de confiança dos
investidores - tem sido rápido e furioso.
Com certeza, a economia da China está desacelerando: o
crescimento da produção industrial está mais fraco desde 2002. Mas, mergulhando
fundo nos dados, o quadro que emerge é de um governo que é comedido e
confiante.
O PBOC não mostrava sinais de pânico. O banco central rolou
mais de 383 bilhões de yuans (US $ 54 bilhões) em empréstimos para
financiamentos de médio prazo com taxas de juros inalteradas. Enquanto os
maiores bancos centrais do mundo estão correndo em direção a taxas zero, o PBOC
tem ficado à margem, economizando seu poder de fogo para mais tarde.
O sistema da China tem suas vantagens quando se trata de
gerenciamento econômico. A capacidade dos ministérios de coordenar suas
respostas políticas significa que a China pode praticar o que há de mais
moderno na teoria monetária, que é provavelmente o que os EUA precisam agora
para restaurar sua curva de juros.
Então, enquanto Trump pode pensar que seu ramo de flores é
um grande negócio, a mensagem para Washington é: não pense que você tem a China
nas cordas. Xi estava em pânico há um ano; ele pode se dar ao luxo de esperar
agora.
A China já entendeu que está negociando com um narcisista,
sendo assim, não confia em nenhuma palavra do que Trump diz. De agora em
diante, somente acordos depois de assinados e implementados terão valor, e
ainda serão minuciosamente verificados. Além do mais, sabem que o Trump quer
ser reeleito, e farão de tudo para atrapalhar suas intenções.
O mundo espera que um retrocesso dos EUA na batalha contra
esses países possa ser revertido, mas isso nem sempre é possível, pois os
consumidores são movidos por fatores econômicos, mas também são sensíveis aos
seus receios, e do jeito que o noticiário se encontra inundando sobre o tema
recessão, assunto do Mosca amanhã, teremos
que observar.
No post armadilhas-nas-decisões, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ... “Como apontei no gráfico
acima, a estrutura de ondas ainda não permite uma conclusão mais segura. Além
do mais, esse movimento pode durar por mais alguns dias, antes de voltar a
subir” ...
No gráfico a seguir se pode notar um movimento semelhante ao
que está marcado acima, o que não permite confirmar que essa é a correção que
se desenha a frente. Sugiro que os leitores visitem a publicação acima para
relembrar as outras possibilidades. Vou seguir com a premissa básica traçada.
Também tinha fornecido um limite máximo de queda nesse caso
em 2.840, porém vou estender até 2.730, haja visto que, poderia estar formando
um Expanded Flat, que segundo a
teoria de Elliot Wave, tem a seguinte configuração.
No próximo tracei em branco esse movimento que também valida
o movimento de alta. Segundo cálculos auxiliares, a queda deveria se restringir
ao nível de 2.820 ou 2.730.
Amanhã vou tratar sobre as chances de a economia americana
poder entrar numa recessão mais a frente, usando alguns indicadores que
funcionaram no passado que atribuem uma determinada probabilidade. Como não é
só o Mosca que tem acesso a essas
informações, o mercado já sofre esse impacto, ou em outras palavras, parte já
se encontra nos preços.
É bem verdade que, o mercado de ações, com uma distância
mínima de queda sobre o recorde histórico, poderia sofrer muito mais, caso esse
evento aconteça. Por enquanto, do ponto de vista técnico, não se pode nem afirmar
ou recusar que esse risco é possível, os vários cenários contemplam ambas
hipóteses. O que posso dizer é que o mercado de juros de 10 anos aponta a
recessão com mais veemência que o SP500.
Sendo assim, se alguém quer apostar num cenário recessivo a
bolsa oferece um melhor retorno que os juros, em contrapartida, no caso inverso
se aconselha uma aposta na elevação dos juros de 10 anos. Como o Mosca não está aberto para apostas sobre
palpites, vai usar os mercados para se posicionar.
Outro dia encontrei essa ilustração apontando de maneira
elucidativa como é gasto o seu tempo nas várias etapas de um investimento.
Talvez esteja um pouco exagerado, mais tem um recado bem interessante como
outros fatores impactam esse assunto.
O SP500 fechou a 2.847, com alta de 0,25%; o USDBRL a R$
3,9903, com queda de 1,31%; o EURUSD a € 1,1112, com queda de 0,23%; e o ouro
a U$ 1.523, com alta de 0,48%.
Fique ligado!
Se há uma coisa que estremece a China é a possibilidade de uma recessão nos EUA.
ResponderExcluirSe os EUA pegarem um resfriado, a China pega uma pneumonia.
A China adotou um modelo de crescimento econômico nos últimos anos que é insustentável. Investimento maciço em infraestrutura a base de endividamento. Investimentos com retornos bastantes duvidosos.
O setor exportador chinês com seu grande superávit e vantagens competitivas é que está mantendo tudo de pé. Mas uma queda brusca nas exportações pode fazer ruir o castelo de cartas. Apesar de ser a 2a economia do mundo, a renda per capita da China ainda é muito baixa, não tem como o mercado absorver uma queda nas exportações.