Mais do mesmo
Hoje foi publicado o IPCA-15 relativo ao mês de agosto, e
como vem acontecendo ultimamente tem decepcionado os economistas, decepcionado
para baixo! O IPCA-15 variou 0,08% em agosto, bastante abaixo da expectativa
mediana do mercado de 0,16%, e praticamente igual ao do mês anterior em 0,09%.
Na comparação em 12 meses, o indicador passou de 3,27% para 3,22%, praticamente
eliminando os efeitos da paralisação dos caminhoneiros observada no primeiro
semestre do ano passado – e se mantendo no intervalo inferior do regime de
metas praticado pelo Banco Central.
Os principais grupos que apresentaram destaque são: deflação
do grupo Alimentação e Bebidas (0,03% para -0,17%); o grupo Transportes (-0,44%
para -0,78%); e no sentido inverso, o grupo Habitação (0,43% para 1,42%) que
foi pressionado pelo item energia elétrica residencial afetado pelo aumento via
regime de bandeiras tarifárias, com a transição para patamares de maior
cobrança no último mês.
Os itens que o Mosca segue:
preços Livres estável em 3,24%; e o índice de difusão também estável na casa
dos 55%, indicam pouca pressão inflacionaria. A projeção da Rosenberg para 2019
foi reduzida para 3,7%, enquanto a de 2020 se manteve em 3,9%, o quarto e
quinto ano que a inflação fica abaixo da meta do banco central.
Já é de longa data que o Mosca
vem frisando essa nova era que o Brasil vive em termos inflacionários. O
nível da inflação mensal se compara a dos países desenvolvidos, quando se
considera os preços livres, haja visto que, ainda alguns preços administrados
causam impacto pontal.
Mas com que grau de confiança se pode projetar esses níveis
no longo prazo? Aí temos que nos colocar como um país emergente, pois nem a moeda
é conversível. Com essa visão somos obrigados a considerar pressões possíveis advindas
do exterior, que pode nos afetar em vários segmentos:
1)
Valorização do dólar – Fenômeno que está
acontecendo recentemente em função de dois aspectos: disputa comercial entre
EUA x China, e situação econômica americana sendo um dos poucos países
desenvolvidos que cresce.
2)
Deterioração da balança de pagamentos – Esse
quadro acontece quando um país está vulnerável financeiramente e os
investidores se retraem no seu financiamento externo. É o que está acontecendo
com nosso vizinho a Argentina.
3)
Estimulo de demanda em momentos errados – Foi o
que o PT implementou em 2010 de forma artificial para evitar que a economia
desacelerasse. Os estímulos e subsídios visando o aumento da demanda foram
geradores de inflação.
4)
Política monetária frouxa – Esta situação acontece
quando o banco central não reage frente aos momentos onde a inflação sobe de
forma consistente. Como exemplo, para variar no governo do PT, em 2013 decidiu
reduzir a taxa SELIC de forma artificial.
5)
Choque exógenos – Nesta categoria se incluem
aumentos expressivos das commodities inclusive o petróleo, ou movimentos
grevistas como o dos caminhoneiros no ano passado.
Existem vários outros motivos que podem ter efeito na
inflação, porém meu objetivo é analisar qual deles poderiam ter algum impacto
na inflação brasileira no futuro próximo. De longe acredito que o primeiro item
é o que eu visionaria como maior risco. O movimento do dólar vem se
fortalecendo perante os emergentes talvez “empurrado” pela China que não tem
outra arma de curto prazo para enfrentar a política americana de aumento de
tarifas.
A China pretende usar a cotação de sua moeda para amenizar o
impacto da elevação dos impostos de importação. Por outro lado, deve ter muita
cautela na sua administração pois pode assustar os investidores que injetaram
grandes quantias em investimentos diretos naquele país. Como se pode notar no
gráfico a seguir, o yuan se encontra nas mínimas desde 2006. Esse movimento irá
exercer pressão sobre as outras moedas dos emergentes.
Em relação a uma
eventual contaminação do que vem acontecendo na Argentina, acredito que tenha
um impacto diminuto no Brasil, a situação cambial brasileira é muito
confortável diferente do que acontece com os Hermanos. Complementando, a pressão que ocorre recentemente em
nossa moeda, que motivou o BCB a implementar operações de venda de moeda no
mercado a vista, tem o seu real motivo, a arbitragem que as empresa brasileiras
vem fazendo emitindo dividas locais para recomprar seus bônus emitidos no
exterior. O custo localmente é inferior ao custo externo.
Em relação ao estimulo de demanda, da maneira como a
economia está estagnada nesses últimos anos, a capacidade ociosa é o problema.
O gráfico da produção industrial fornece uma ideia. O desemprego, outro fator
de produção, está muito elevado rondando a casa dos 12%.
É natural que não se possa ter certeza que a inflação não voltará
no futuro, porém as condições que se encontra o Brasil, é mais provável que
surpreenda para baixo que para cima, como vem acontecendo recentemente. Os
títulos pré-fixados embutem uma taxa de risco justamente para que o investidor tenha
um conforto. Atualmente uma NTN F (título prefixado emitido pelo governo com
pagamento de coupons semestral) com vencimento em 2026, rende 7,15% a.a., que
em comparação com a NTN B implica uma inflação de 4% a.a. O pré-fixado acredito
ser ainda um bom risco, mas não como no passado.
No post sem-limites-da-logica, fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: ... “o segundo objetivo
poderia alcançar U$ 1.520. Caso seja ultrapassado, posso esperar o próximo
ponto ao redor de U$ 1.580” ...
No curto prazo esse nível mostrou uma forte resistência
conforme se pode verificar no gráfico a seguir (amarelo). Mas eu acredito que
existe uma chance de o ouro continuar subindo, razão pela qual, vou propor um
trade de compra a U$ 1.485 com stoploss a U$ 1.465.
O gráfico acima com uma janela mais curta, aponta para uma
correção “leve”, aonde o Mosca vai
tentar uma incursão. O trade proposto acima, será eliminado caso o metal suba
acima de U$ 1.535, o que indicaria que o próximo objetivo entra na mira.
O leitor poderia se perguntar, caso aconteça a alta exposta
acima sem que nossa ordem seja executada, porque não entrar na ruptura. O
motivo principal é que o movimento do ouro se encontra em fase madura, o que
pode dar ensejo a surpresas não agradáveis. Além do mais, queria republicar um
gráfico que comentei no post de-que-lado-estão-os-investidores. Lá
comento os níveis em que se deve tomar cuidado com a continuidade da alta.
O SP500 fechou a 2.922, sem variação; o USDBRL a R$ 4,0794,
com alta de 1,33%; 0 EURUSD a € 1,1080, sem variação; e o ouro a U$
1.498, com queda de 0,21%.
Fique ligado!
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