Nem Freud explica
Por mais que já estejamos acostumadas as ações intempestivas
de Donald Trump e suas consequências, temos a esperança que daqui em diante irá
acalmar. Sendo assim, acontecimentos como o de ontem “parece” que nos pega de
surpresa, ficamos com raiva.
Minha saudosa terapeuta disse certa vez que, em situações
como essa, a raiva que sentimos é de nós mesmo, pois a pessoa que lhe causou
esse mal não mudou, mas você tinha a esperança que mudasse. Sendo assim, você
ingenuamente acreditava na transformação.
Observando as atitudes do presidente americano, acredito que
durante a sua infância, seus pais lhe causaram um buraco enorme. Me recordo que
num documentário sobre sua vida pouco mencionou seus familiares. Nesse mesmo
filme, num determinado evento em que seu pai se encontrava, era notório seu
desconforto com sua presença. Não sou terapeuta, mas posso supor que existiram
problemas nessa relação, e não foram pequenos. Um caso clássico de rejeição.
Ao invés de fazer terapia para solucionar esse buraco da sua
infância, prefere ganhar atenção com decisões onde passa a ser o foco da
atenção. Nesse objetivo, não poderia estar em local melhor, como presidente dos
EUA é capaz de arranjar muita confusão.
O presidente Trump se mobilizou na quinta-feira para
estender as tarifas a praticamente todas as importações chinesas, aumentando um
conflito comercial que deve atingir os consumidores norte-americanos no bolso,
e agitar os mercados financeiros.
O aumento da tarifa foi combatido pelo representante
comercial dos EUA, Robert Lighthizer, pelo secretário do Tesouro, Steven
Mnuchin, pelo conselheiro econômico da Casa Branca Lawrence Kudlow e pelo
conselheiro de segurança nacional John Bolton. Mas Trump foi inflexível em
impulsionar o aumento e foi apoiado pelo assessor da Casa Branca, Peter
Navarro, que é um “terrorista” igual a seu chefe.
O Banco Goldman Sachs já devia ter pronto um estudo sobre as
consequências dessa medida, naturalmente parametrizada, para “X” de imposto
corresponde a “Y” de efeitos na inflação e PIB.
Ainda há uma chance de que as tarifas possam ser canceladas.
O anúncio do presidente Trump faz referência a "continuar nosso diálogo
positivo com a China sobre um acordo comercial abrangente" e é possível
que este anúncio seja um meio de aplicar pressão adicional para extrair
concessões antes da próxima visita das autoridades chinesas a Washington em
setembro. Nesse caso, parece improvável que isso seja bem-sucedido, mas sugere
que essas tarifas não são uma conclusão precipitada. Dito isso, parece que eles
são muito mais propensos a serem implementados do que atrasados ou
cancelados.
A maioria das importações afetadas é de bens de consumo
(62%), comparativamente a bens de capital (28%) ou intermediários (10%), que
constituíram a maior parte das três fracções anteriores. Como resultado,
espera-se que, essa próxima rodada de tarifas seja impopular politicamente, já
que os oponentes do presidente Trump provavelmente continuarão a atacar a política
comercial como prejudicial aos consumidores americanos.
Essas tarifas, se implementadas, aumentarão a inflação
básica do PCE em um pouco mais de 0,20% até o final do ano. A previsão de base
não assume que a tarifa aumente de 10% a 25% sobre os US $ 300 bilhões
anunciados, nem assume tarifas sobre importações de automóveis da UE, embora
ambos sejam riscos, veja figura a seguir.
Estima-se um impacto do PIB da tarifa de 10% em 0,1%-0,2%,
além de um aumento de 0,2% em relação às tarifas impostas até hoje. O
deslocamento combinado do PIB subiria para 0,5%-0,6% se a tarifa de US $ 300
bilhões de importações da China fosse aumentada para 25%, e para 0,7% se fossem
impostas tarifas de 25% sobre as importações de automóveis da UE.
Segundo o GS, O anúncio aumenta a probabilidade de um corte
na taxa de juros na reunião de setembro do FOMC. Calculam uma chance de 70% de
um corte de 25pb, 10% de chance de um corte de 50pb e 20% de chance de nenhuma
mudança de política em setembro. A sua linha
de base é que, o Fed irá reduzir um total de 50pb. Mas o anúncio inclina os riscos
para cortes mais profundos. O mercado nesse quesito passou a prever um corte de
1,0%, considerando a redução desta semana.
Foi amplamente divulgado que o presidente Trump não está
satisfeito com sua própria indicação para presidência do Fed, Jay Powell.
Inúmeros Tweets pretendiam dar o recado, inclusive a ele, que não estava
satisfeito com o nível de juros. Agindo como estivesse no seu programa de TV The Apprentice, acha que pode com poucas
palavras resolver sua insatisfação - You
are fired. Acontece que não é tão simples assim, a estrutura jurídica para
a remoção de alguém nesse cargo, não é uma decisão do presidente, mas sim do
Congresso.
O subconsciente de uma pessoa tem uma leitura bastante
complexa, as vezes a aparência de uma ação tomada, não parece indicar relação
com outra insatisfação. No caso do Trump, será que tomou essa medida, contra a
opinião de seus mais próximos assessores, porque queria fazer o Fed baixar os
juros de acordo com seus desejos? Parece loucura, mas não se pode descartar.
Hoje foi publicado os dados de emprego com a criação de 164
mil vagas, dentro da expectativa dos analistas de 165 mil. A taxa de desemprego
ficou estável em 3,7%. O que acabou mostrando uma pequena variação foi o
aumento de salários em 3,2%, esse último, mostrando uma pressão continua dos
salários, consequência de um mercado de trabalho bastante apertado.
No post teimosia, fiz os
seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” Se minha
ideia se concretizar, o juro não deveria ultrapassar 2,30% nesse curto prazo.
Uma pequena volatilidade seria possível, haja visto as indecisões que circundam
a próxima reunião do Fed. Nesse caso, se pode esperar um objetivo ao redor de
1,7%, a ser melhor calculado mais adiante” ...
O Mosca tinha
sugerido um trade na queda dos juros caso a taxa atingisse 2,18%. Isso acabou
não acontecendo, pois, a máxima nessa mini correção foi de 2,15%. Esse trade é
cancelado então.
Hoje as cotações atingiram a mínima de 1,83%, porém
devem ter ainda mais quedas a acontecer. Meus novos cálculos apontam para dois
objetivos inicias, o primeiro em 1,73% e o segundo 1,65%. Em atingindo algum
desses pontos, eu ficaria na observação de uma reversão. Caso isso não
aconteça, o próximo nível seria nas mínimas históricas em 1,32%.
O gráfico a seguir lembra da importância do nível de
juros à 1.32%. Abaixo desse nível, caso não se sustente em nenhum dos pontos
citados acima, levariam as taxas a níveis muito baixos, podendo até atingir a
marca negativa conforme enfatizado em cor laranja.
Nessas circunstâncias, o presidente Trump estará
feliz da vida? Afinal os juros não só caíram como ficaram negativos. Tenho
sérias dúvidas, pois os juros só atingiram esses níveis, não por desejo seu,
mas porque as condições econômicas se deterioram tanto que ocasionou essa
queda.
Qual seria então sua demanda, quem ele vai culpar?
Os chineses que foram teimosos em não aceitar suas condições; os europeus que
querem vender seus produtos aos americanos com câmbio subsidiado (euro baixo);
os comunistas e terroristas que só querem ver seu cadáver?; ou qualquer outro
argumento que pode inventar. Agora, reconhecer que tomou decisões erradas e que
essa foi a origem da queda da economia, não tem a menor chance. Ele é
infalível, o menino que nem Freud conseguiria explicar!
Capturar
O SP500 fechou a 2.932, com queda de 0,73%; o
USDBRL a R$ 3,8881, com alta de 1,28%; o EURUSD a € 1,1106, com alta de 0,20%;
e o ouro a U$ 1.440, com queda de 0,34%.
Fique ligado!
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