Quando a emoção prevalece
Como seres humanos nossas decisões são baseadas em análises
racionais, mas também influenciado por fatores emocionais. Minha experiência de
vida mostrou que nem o excesso de um lado ou de outro, leva a boas decisões.
Assim também é nos negócios, pois quando a situação é favorável existe uma
propensão maior de se tomar decisões influenciados pela emoção, uma dose
exagerada de otimismo leva a assunções não realistas. O mesmo acontece no outro
sentido, quando as notícias são ruins, ou perdemos boas oportunidades ou
liquidamos posições prematuramente.
No momento atual, acredito que as discussões sobre a saúde financeira
global e os vários conflitos espalhados pelos países, tendem a exagerar suas consequências.
Por exemplo, um dos alarmes mais divulgados recentemente é o risco de uma recessão.
O gráfico abaixo, que aponta a pesquisa da palavra recessão, está bem próximo
do que ocorreu na crise de 2008.
Talvez esse tipo de preocupação ocorre entre aqueles mais instruídos,
que tem uma compreensão maior do que isso pode representar, mas para a maioria
das pessoas vale o simples: tendo emprego com salário aumentando, por que se
preocupar. Não quero que me entendam mal, de maneira nenhuma estou induzindo
que as preocupações não são verdadeiras, mas também não posso deixar de
considerar que são expectativas e como tal, podem não acontecer.
O maior foco atualmente é na economia americana, o motor do
mundo. Como comentei anteriormente, o mundo produz e o americano consome. Não é
para menos que 70% do seu PIB é consumo.
A publicação dos gastos dos americanos no mês de julho surpreendeu,
crescendo 0,6% no mês de julho. O que é mais curioso é o fato do ganho pessoal
ter aumentado somente 0,1%, induzindo que parte desses gastos se deu por queda
da poupança.
Completando os dados publicados pela manhã, o PCE, índice de
inflação que o FED segue para estabelecer sua política monetária ficou estável em
1,6%, ainda com folga em relação ao objetivo traçado pelo Fed de 2% a.a.
No próximo mês a autoridade monetária se reúne para definir
o nível de juros, e o mercado já indicou que espera um corte de 0,25% nessa
reunião e mais um corte na reunião de dezembro da mesma magnitude, o que
levaria os juros para um patamar de 1,75%. Além dessa pressão, o presidente Trump
publica diversos Twitters por dia criticando o Fed por não baixar os juros.
A convicção do mercado é tão grande que, a economia
americana caminha para uma recessão, que os juros mais longos de 10 anos se
encontram em 1,5%.
Fiquei pensando na dura tarefa que Powell terá no curto
prazo, pois se por um lado a percepção é de que o Fed teria que se antecipar e
baixar os juros para evitar o pior, por outro lado, os dados publicados não indicam
que essa seria a decisão mais correta. Com um mercado de trabalho em pleno
emprego, consumo indo bem obrigado, baixar os juros artificialmente podem levar
a formação de bolhas e até elevação indesejada da inflação. Ele poderia trocar
algumas palavras com o Tombini (lembram dele?), que resolveu baixar os juros no
Brasil por pressão da Dilma.
Se resolver “peitar” o mercado e não baixar os juros vai ser
uma correria no mercado de títulos além de afetar também a bolsa. Na minha
opinião, não vai ter outra opção, a de que, baixar os juros agora, mas deixar
nas entrelinhas que o gato subiu no telhado, o que daria um certo tempo para
que o mercado reorganize suas posições.
Ou talvez nem faça isso e deixe a bola rolar dando sustentação
as crenças do mercado que os juros continuarão caindo. Nesse caso, se realmente
a economia americana não desacelerar, é bem provável que as bolsas continuem
subindo - como é minha expectativa do ponto de vista técnico, mas aumentando o
risco de um problema mais grave no futuro - o que também é visível pela análise
técnica.
Sendo assim, Powell se deixará levar pelas expectativas em
detrimento do que seria lógico/prudente?
No post intruso-estraga-festa, fiz os seguintes comentários
sobre os juros de 10 anos: ... “Anotei acima que, caso os juros ultrapassem o nível de
1,8% - 1,9%, aumentam as chances de uma mínimo ter sido atingido, abaixo desses
níveis e principalmente até 1,7%, more of the same, o mais provável é que a
mínima de 1,45% possa ser ameaçada novamente” ...
Como mencionei acima, novamente a taxa buscou romper 1,45% e
não conseguiu, pelo menos desta vez, mantendo as mesmas observações anteriores.
Na última reunião da Rosenberg, onde a grande maioria dos participantes
são guiados por decisões fundamentalistas, fui questionado se na análise técnica
a posição entre todos os analistas é única, haja visto que, usam a mesma
ferramenta. Essa questão é pertinente, pois para quem não conhece o assunto,
pode ficar a ideia que existe um template,
ou seja, ao ler um gráfico, todos teriam a mesma interpretação. Mas não é isso que acontece, pois, cada analista pode ter uma
leitura dos dados de forma distinta, que indicariam projeções diversas.
Ao analisar o comportamento dos juros nos últimos meses é notório
que o Mosca cometeu um erro, pois a
queda de forma abrupta, deveria ter originado alguma sugestão de venda. Eu já
desconfiava dos motivos, porém fui buscar o que ocorreu nesse período.
O gráfico a seguir foi postado diversas vezes e nele se pode
entender onde foi que errei. Como podem notar, eu trabalhava com 2 possibilidades
distintas, a primeira de que os juros ficariam contidos dentro do retângulo e a
outra que haveria o rompimento abaixo da mínima histórica. Embora não esteja implícito,
eu acreditava que, a primeira hipótese era mais provável. Sendo assim, deveria
ter cuidado com incursões nos mercados quando houvesse uma queda conforme explicado mais adiante.
Para que fique claro o que eu deveria ter feito tracei no
gráfico a seguir, os momentos cuja sugestão de venda de juros, deveria ter sido
feita. O que acabou acontecendo foi que nesses momentos, busquei vendas sempre
em níveis mais elevados, o que acabou não se concretizando.
Acabei perdendo a
queda de uma onda 3, que é a mais forte num movimento direcional.
Agora Inês é morta, e o que se pode fazer e entrar no mercado
quando houver uma retração, que acontecerá em algum momento. Pelas minhas
observações, a queda de 2,8% até 1,45% faz parte dessa onda 3. Caso a correção começasse
agora, seria de se esperar uma retração entre 1,75 a 1,95%, mas não existe ainda indicação
de ser esse o momento.
Conclusão: Perdemos uma boa oportunidade!
O SP500 fechou a 2.926, sem variação; o USDBRL a R$ 4,1399,
com queda de 0,69%; o EURUSD a € 1,0988, com queda de 0,60%; e o ouro
a U$ 1.523, com queda de 0,25%.
Fique ligado!
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