Por dentro da Floresta



As vezes concluímos determinados assuntos observando fatos que nem sempre indicam a situação real. Se nesse momento eu perguntasse como vocês projetariam a demanda de uma cadeia de supermercado americana, recém-inaugurada na China, imagino que por tudo que vem ocorrendo, com um certo ceticismo. Isso seria decorrente de toda essa confusão ocasionada pelo presidente Trump, que sugeriu para empresas americanas, que possuem instalações na China, a mudar de local.

Um artigo publicado pelo Wall Street Journal, acompanhou a inauguração da primeira loja da Costco, uma cadeia de supermercado, que demonstrou uma sólida demanda dos consumidores, por produtos norte-americanos, com preço “correto”.

A Costco lançou a loja de Xangai em um dos períodos mais tensos e confusos da batalha comercial sino-americana que ameaça décadas de laços comerciais. Na terça-feira, porém, os fogos de artifício políticos de alto nível pareciam fora de sincronia com a multidão de compradores chineses que entraram na loja em estilo americano, determinada a garantir preços incríveis em marcas famosas dos EUA.

A aglomeração obrigou a Costco a fechar as portas logo após a 13h, oito horas mais cedo do que o previsto. Uma falange de policiais e guardas de segurança bloqueavam as pessoas de entrar, e alguns ainda tentavam entrar quando uma chuva começou a cair.

Wang, funcionário de uma empresa de treinamento, disse que conhece a Costco da Internet e que sua família comprou seus produtos usando uma rede informal chinesa para importar bens dos EUA. "Agora, Xangai tem o seu próprio, então eu queria vir e dar uma olhada", disse Wang. Bebendo uma Pepsi, ele acenou com perguntas sobre a guerra comercial. Sua esposa chamou o tópico de "sensível demais".

O depósito de aproximadamente 15.000 metros quadrados está localizado na extremidade oeste de Xangai. A loja apresenta a mesma experiência de compra que os locais dos EUA. O armazém da China é um pouco maior que a média da Costco, já o estacionamento, com 1.200 vagas, é o maior da empresa em qualquer lugar do mundo.

Outros compradores disseram que encontraram cotoveladas para itens de venda, longas filas de pagamento e uma espera de 20 minutos pelo banheiro - boa parte documentada em fotos e vídeos que circulam on-line na China.

A inauguração da Costco, que a empresa divulga há meses em feiras e no WeChat, coincide com alguns dias de retórica e ameaças particularmente confusas entre os EUA e a China sobre o comércio.

Depois da confusão do fim de semana, a Câmara Americana de Comércio em Xangai na noite de domingo expressou apoio ao objetivo do governo de reequilibrar o comércio com a China. "No entanto, não vemos empresas americanas deixando a China", disse o grupo em um comunicado.

Esse é mais um exemplo que as bravatas do presidente Trump tem efeito limitado sobre as pessoas. Os empresários americanos irão buscar os melhores interesses para seus acionistas e não as intenções políticas de um maluco. Já os chineses, como qualquer outro consumidor, buscam as melhores opções em termos de custo e qualidade, independente das crenças políticas. Nesse mercado, o compromisso também é com o bolso! 

Vou entrar numa especificidade do mercado de títulos, o conceito de prêmio de risco. Os rendimentos de títulos de longo prazo são compostos de duas partes: os retornos esperados de instrumentos comparáveis e de prazos mais curtos no mesmo período de tempo, e um componente adicional, ou prêmio de prazo. Esse termo prêmio é normalmente considerado como o retorno extra (um prêmio de risco) que os investidores exigem para compensá-los pelo risco associado a um título de longo prazo. Mas também pode ser influenciado por desequilíbrios de oferta e demanda para um instrumento específico ou vários outros fatores.

Normalmente, as taxas de juros esperadas e os prêmios de prazo são extraídos usando modelos baseados em um pequeno número de fatores de risco, sob o pressuposto de que a consistência é mantida entre os rendimentos em diferentes vencimentos através da ausência de oportunidades de arbitragem. Os modelos são estimados a partir de dados de mercado, em alguns casos complementados por dados de pesquisas e indicadores macroeconômicos.

Eu tenho exaustivamente comentado sobre o tema da vez, a inversão das taxas de juros nos títulos do governo americano, o popular diferencial entre o de 10 anos versus o de 2 anos. O Deutsche Bank, publicou um trabalho aonde aponta que a inversão que acontece atualmente é por conta de outro fator.

De acordo com o New York Fed, o prêmio para as taxas de 10 anos dos EUA é atualmente de -1,3%. Em linguagem simples, isso significa que 1,3 pontos percentuais do declínio nas taxas de 10 anos não podem ser explicados pelas expectativas do Fed ou pelas expectativas alteradas em relação às perspectivas econômicas. Com este cenário, é difícil interpretar a inversão da curva de juros 2s-10s como um sinal de recessão porque, como mostra o gráfico, a maior parte do declínio recente nas taxas de 10 anos não se deve ao fato de o mercado mudar sua visão sobre a economia, ou o que o Fed vai fazer.

Na visão do Mosca esse excesso de demanda que ocasionou a queda dos juros de forma expressiva, deve ter mais a ver com os rendimentos negativos existentes em 25% de todos os bonds negociados no mundo, e 50% se excluir os americanos.


Toda essa pressão, está distorcendo os mercados futuros ocasionado visões de queda dos juros que não necessariamente indicam a probabilidade de recessão. Talvez seja esse o motivo da bolsa não estar coerente com essa visão (recessão), situando-se próxima do máximo histórico. No gráfico a seguir, e seguindo o mesmo raciocínio acima, o mercado prevê um juro de 1% no Fed funds para 2021.


No post sob-suspeita, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Eu ainda continuo com a ideia que o SP500 deverá retroceder até o nível de 2.730. A partir daí abrem-se duas hipóteses fundamentais: a bolsa reverte e começa a subir, ou continua caindo. Estou trabalhando com a primeira hipótese até segunda ordem ... “


Palavra que não tinha nenhum insight do que aconteceria China, que fez as bolsas recuarem na semana passada. Mas essa queda não foi suficiente para levar o SP500 aos níveis que eu estava projetando. Isso não indica que não irá acontecer. Por enquanto, se encontra no meio do caminho, conforme apontado no gráfico abaixo.


Enquanto o SP500 estiver dentro do “caixote” nada se pode dizer sobre seu sentido, ou rompendo para cima, o que eliminaria minha hipótese, ou inversamente, ficamos dentro do jogo.

Ontem eu estava analisando os preços das opções de compra e venda relativos ao índice americano. Se pode notar um viés muito grande em favor das opções de venda, que estão “muito caras” quando comparada as opções de compra. Isso indica que os investidores que provavelmente possuem ações a vista, buscaram proteção nesse ambiente tão incerto. É lógico que isso aconteça, porém se não houver uma venda maciça de ações, a bolsa poderá subir, caso ocorra um alívio.

Ontem acabei saindo da posição do Ibovespa por conta do receio da queda do SP500, não que a mesma seja expressiva (~6%), mas que provavelmente executaria o stoploss. Nesse momento, o Mosca está sem nenhuma posição.

O SP500 fechou a 2.887, com alta de 0,65%; o USDBRL a R$ 4,1548, com alta de 0,59%; o EURUSD a 1,1077, com queda de 0,12%; e o ouro a U$ 1.538, com queda de 0,24%.

Fique ligado!

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