Substituição de um porto seguro



Quando o bitcoin não existia, a dupla de área, ouro e prata, eram consideradas os ativos que protegiam em momentos agitados. A preferência caia sobre a primeira por uma caraterística. Para armazenar a prata é necessário muito mais espaço.

Num passado longínquo, o ouro era um ativo muito popular, pela facilidade de transporte num momento de guerra ou perseguição que acometia um povo. Ou seja, o metal dourado tem tradição milenar.

Eu venho frisando que, nesse movimento de alta do ouro, a prata não vem acompanhando a relação entre eles. Agora, se encontra nos níveis mais elevados de sua história conforme se pode verificar a seguir.

 
Essa relação normalmente funcionava da seguinte forma: em períodos que existia demanda por segurança, a relação era mais baixa, pois a prata tinha uma valorização bem superior ao do ouro; e vice-versa, quando o período era calmo, a prata caia mais. Resumindo: a prata acompanhava o movimento do ouro de forma alavancada.

Porém atualmente não é isso que está ocorrendo, pelo menos até agora. A prata teve uma performance pífia comparado ao que se poderia esperar. O que acabou ocorrendo é que um outro ativo ocupou esse lugar, o bitcoin, afinal para armazenar basta lembrar de um código!

Mas essa nova dupla de área, é um bom investimento para momentos duvidosos como os de hoje? Não é bem o que um artigo da Bloomberg aponta.

Com as preocupações sobre o crescimento da guerra cambial e o colapso dos rendimentos das obrigações, os investidores alcançaram o seu habitual refúgio do ouro. O preço em dólar do ouro subiu 7% este mês, o do Bitcoin 18%.

Este uso aparente das duas commodities como portas de acompanhamento em uma tempestade, irá confirmar os defensores de criptomoedas como Mike Novogratz, que argumentou ser o "bitcoin o ouro digital". A autojustificativa desses fanáticos de criptografia está de fato começando a soar notavelmente semelhante: que ambos oferecem a perspectiva de repositórios sólidos e estáveis de seu dinheiro em um momento em que os bancos centrais estão imprimindo dinheiro sem limites.


Com o Bitcoin, é fácil questionar qualquer reivindicação de estabilidade, dado seu desvio louco em valor nos últimos anos. Mas o ouro, a "relíquia bárbara", dificilmente é questionado sua garantia de confiabilidade.


O credo do “dinheiro sadio” como um refúgio seguro, apontam as commodities que têm uma oferta fixa como boa, e moedas soberanas com um suprimento potencialmente ilimitad como ruins. Os experimentos da última década em flexibilização quantitativa e taxas de juros negativas, energizaram os seguidores obcecados pela inflação.


"O ouro não é responsabilidade de ninguém e não pode ser impresso", disse Robert Mundell, um influente economista da Universidade de Columbia, em 2011. Os missionários de criptomoeda usam o mesmo refrão. O bitcoin não tem banco central, enquanto sua oferta é limitada por algoritmos.

No entanto, a ideia de que esses ativos são estáveis ​​não se justifica.

Em 2018, o bitcoin perdeu quase dois terços de seu valor depois de uma alta de 15 vezes no preço, em relação ao ano anterior. Não há garantia de que o aumento de 220% nas cotações em 2019 não será desvendado. A demanda pelos fluxos e refluxos da moeda digital, em grande parte é impulsionada por fatores emocionais como a ganância e o medo. Agora, seu valor está puramente nos olhos de quem vê, pois ainda não é utilizado como meio de troca de mercadorias.


A elevada concentração da riqueza de bitcoin entre os investidores - cerca de 1.000 endereços controlam 85% de sua oferta - significa que eles podem influenciar muito o preço, tirando o estoque de circulação, acumulando-o ou vendendo.

O ouro não é muito mais racional. Os adeptos acreditam que seus milhares de anos de história, como meio de troca, mostram que sempre estarão em demanda e reterão valor. Mas os preços do ouro também dependem da psicologia humana e do comportamento de investimento do tipo rebanho.

Os preços do metal bateram um recorde de cerca de US $ 1.900 em 2011, mas caíram logo depois, apesar das expectativas do mercado de um boom mais longo impulsionado pelas primeiras ondas de flexibilização monetária. O metal ainda está 20% abaixo desse nível. O índice Bloomberg Barclays Global Treasuries, que mede o desempenho dos títulos soberanos, subiu cerca de 11% no mesmo período, com base no retorno total.


É claro que mesmo mercados irracionais podem ser explorados por investidores astutos. Adicionando ouro ou o bitcoin pode, de alguma forma, fazer sentido no portfólio de um investidor como uma forma de adicionar risco ou diversificação, ou para explorar a loucura das multidões. Mas não confunda os recentes movimentos do mercado como uma espécie de prova do status de "dinheiro sadio" do ouro ou da criptografia. Tudo isso é apoiado pela fé. Não pelos fatos.

Os aficionados por esses ativos ganharam mais um argumento, a que não rendem juros negativos. No passado o racional dos juros era contrário, pois para quem não acreditava no ouro dizia que o mesmo não rendia enquanto qualquer investimento recebia juros. Hoje esse argumento é menos sensível, apenas alguns países têm juros positivos, e mesmo assim baixos.

Na opinião do Mosca ambos ativos não têm valor intrínseco, nem poder de troca (o ouro um pouco melhor, mas tente fazer uma compra no supermercado e pagar em ouro). Mas como toda moda, o ouro e o bitcoin entraram nesse período para suprir a sensação de insegurança que ronda os mercados financeiros mundiais, e enquanto essa insegurança prevalecer, vamos ver ambos no noticiário.

Porém, um perdedor parece ter aflorado nesse movimento, a prata. Agora na melhor das hipóteses vai servir para uso industrial. Substituição no time dos ativos considerados seguros, sai a prata e entra o bitcoin!

No post lei-de-newton, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “o patamar de R$ 3,80 foi rompido, abrindo a possibilidade de estar se formando um triângulo. Para dizer a verdade, o último movimento me faz suspeitar de uma outra possibilidade, a de que a correção terminou e o dólar caminha para romper a máxima de R$ 4,20” ...

Para quantificar os cenários expostos no post acima, estabeleci alguns parâmetros de preço para acompanhamento:

... “ [ R$ 3,97 – R$ 4,04 ] – Esse seria o máximo aceitável para o cenário – “Ainda tem chance”. Em se atingindo esse nível, uma reversão deveria acontecer.

[até R$ R$ 4,10 ] – Caso as cotações se estendam até esse nível, o caso “Triangulo” estaria em voga. Em seguida, uma reversão deve acontecer levando o dólar até R$ 3,80. Não vou complicar com outras considerações depois disso para não confundir a cabeça dos leitores, pois teremos tempo para expor esses pontos.

[ Acima de R$ 4,12 e depois de romper R$ 4,22 ] - o cenário “Novos Horizontes” toma pulso, sendo assim, novas máximas deverão acontecer com o dólar” ...

Com a notícia vinda do país vizinho, a Argentina, o peso levou uma bordoada de respeito infringindo uma queda de 15%. Com um movimento dessa magnitude o dólar acabou subindo no Brasil levando a cotação para uma máxima de R$ 4,012.

Mesmo não tendo ultrapassado R$ 4,04, estabelecido acima como o máximo aceitável no cenário “ Ainda tem chance”, a estrutura dessa queda me deixa desconfiado de que, poderemos estar no terceiro, “ Novos Horizontes”




Para quem segue a Teoria de Elliot Wave (o que é meu caso), na estrutura dessa última alta, é visível uma formação de 5 ondas. Sendo assim, ao terminar esse primeiro movimento se deve esperar uma retração entre R$ 3,90 / R$ 3,87 para em seguida começar uma nova alta.

O que poderia fazer não ser esse o caso? Uma queda imediata das cotações, cuja confirmação viria com a penetração do nível de R$ 3,80.

Desde de setembro do ano passado, o Mosca não tinha levantado de forma tão explicita a possibilidade de o dólar ultrapassar a máxima de R$ 4,22. Diversas vezes, existiu essa ameaça, mas sempre fiquei firme dizendo que enquanto o nível acima fosse ultrapassado, o dólar experimentava uma correção. O trade sempre tendia para a venda. Mas desta vez é diferente, em nenhuma das outras ocasiões, a alta era tão clara como essa parece.

Por outro lado, sempre mantive a ideia de longo prazo que o dólar iria ultrapassar o nível de R$ 4,22, somente não havia chegado o momento, e pode ser que o mesmo chegou.

Vamos ficar atentos as próximas semanas (ou até período até mais curto), para identificar se um novo ciclo de alta estaria iniciando. Se esse for o caso, vamos passar de vendedores de dólar para compradores.

O SP500 fechou a 2.882,70, queda de 1,23%; o USDBRL a R$ 3,9808, com alta de 1,02%; o EURUSD a 1,1213, com alta de 0,14%; e o ouro a U$ 1.511, com alta de 0,99%.

Fique ligado!

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