Ações Tech no céu



Me lembro bem quando em 1999 a bolha da internet ganhava momento. Naquele ano as ações de tecnologia subiram de forma ininterrupta. Se você queria ganhar um dinheiro fácil bastava conseguir um lugarzinho na lista de IPO. Nove entre dez subiam muito já no primeiro dia, não precisava nem saber qual o serviço que essa empresa oferecia, e mesmo que soubesse, seu lucro iria acontecer no centésimo ano (exagero meu!). Isso não era importante (alguma semelhança?), apenas o número de hits – quantidade de pessoas que acessavam.

Num determinado dia, depois de grande dificuldade em entender esse movimento sem uma lógica financeira, me coloquei a frente do monitor e pensei “A comida que consumimos vai chegar por essa tela?”. A razão desse meu desabafo se deve ao fato que a empresas de outros setores da economia estavam largadas, ao contrário, as de tecnologia eram as coqueluches. Depois do estouro da bolha denominada de pontocom essa distorção desapareceu com a queda do Nasdaq.

Esse frenesi de tecnologia começou um novo ciclo, a partir de 2008. Qualquer gráfico que vocês analisem comparando com o Nasdaq, contra outro setor, a alta do primeiro é um massacre, como dizia um colega de trabalho.


Agora com o surto da Covid-19 assolando todo o mundo, os investidores apontam as ações de tecnologia como as vencedoras, enquanto outros setores geram muitas dúvidas. Não é à toa que enquanto as bolsas buscam alguma recuperação desde o início de março, ações como a Amazon e Netflix encontram-se nas máximas históricas.

Como consequência natural, as participações dessas empresas nos índices tendem a aumentar. As cinco maiores ações do S&P 500: Microsoft, Amazon, Apple, Google e Facebook representam coletivamente um pedaço do bolo que é maior do que quaisquer outras cinco ações desde o final dos anos 70. O valor conjunto dessas ações é o mesmo valor das 350 companhias do espectro inferior do SP500.
Enquanto o resto do mercado cai, Microsoft, Amazon e Apple mantêm seu status de trilhão de dólares. Somente a Microsoft representa ~ 5,5% do índice, superior ao seu pico (de peso) durante a bolha das pontocom.

Os americanos classificam as ações em duas categorias: Value – empresas que estão bem estabelecidas e mantem um crescimento compatível com o da economia como um todo; Growth – normalmente empresas mais jovens que projetam um crescimento acelerado. O gráfico a seguir aponta a evolução entre essas 2 categorias, ficando evidente a aceleração ocorrida na era do ponto.com, sucedida depois pela queda, bem como o crescimento desde então. Chegamos hoje ao mesmo padrão que antes do estouro da bolha do ano 2000. Naquela época existia o risco do bug do milênio, agora da Covid-19. This time is different?


Por curiosidade, algumas semanas atrás, recebi o gráfico a seguir, comparando a queda da bolsa em 1929 com a recente. Fiz uma atualização com os dados atuais. Como podem notar, a recuperação atual foi mais rápida, atingindo hoje o ponto máximo proporcional ao de 1929. Mesmo que a bolsa comece a cair agora, essa semelhança de movimento já foi destruída. Como comentei no post os-bcs-perderam-sua-autonomia, o SP500 merece toda a atenção nos próximos dias.


No post os-estragos-da-covid-19, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “  Acredito que se a bolsa americana ultrapassar o nível de 2.900/2.940, conforme comentários no post divagações-sobre-o-futuro, nessas condições é possível que o Ibovespa atinja patamares mais elevados. Em todo caso, vou buscar a venda do Ibovespa próxima dos 85.000. Acompanhe os posts onde devo fazer a proposta” ...



A recuperação da bolsa brasileira é muito menor quando comparada com a bolsa americana, além que, sua queda foi bem maior. Minhas colocações anteriores permanecem validas, enquanto o Ibovespa não ultrapassar 97.000, sua posição é delicada, e é provável que ocorra novas quedas. Mantenho a intenção de venda ao redor do nível indicado entre 83.000 e 85.000

O SP500 fechou a 2.797, sem variação; o USDBRL a R$ 5,5469, com alta de 1,63%; o EURUSD a 1,0770, com queda de 0,48%; e o ouro a U$ 1.731, com alta de 1,04%.

 Fique ligado!

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