Os estragos da Covid-19


Dentro da minha estratégia de observar os fatos para entender as potenciais mudanças, que estão ocorrendo na população mundial, a publicação do seguro desemprego nos EUA revelou uma triste e preocupante realidade. O total de 22 milhões de empregos terminados equivalem ao total acumulado nos últimos 10 anos.

Talvez duas boas notícias obtidas em outras fontes dão conta que: a metade do desemprego são de empregos temporários, sugerindo que, muitos poderão retornar rapidamente se as condições melhorarem; os últimos dados obtidos pelo Google Trends sugerem que o interesse em seguro desemprego diminuiu.
Um outro dado sobre o perfil dos empregos nos EUA e Inglaterra apontam para resultados semelhantes nos dois países, as pessoas que ganham mais conseguem fazer seu trabalho de casa, e os mais jovens e menos especializados perdem mais empregos.
É razoável supor que, essas pessoas que perderam o emprego deverão demorar um bom tempo quando a economia voltar a condições normais. Mas o que será essas novas condições normais? Um artigo publicado pela Bloomberg mostra o que está ocorrendo em Wuhan, cidade Chinesa com o maior impacto da Covid-19.

Depois de mais de dois meses confinados em suas casas, a maioria dos 11 milhões de moradores de Wuhan agora está livre para se aventurar, com infecções diminuindo de milhares de novos casos por dia, em meados de fevereiro, para apenas um punhado por semana. Mas para o dono do restaurante Xiong Fei, o fim do bloqueio na cidade chinesa onde a pandemia de coronavírus começou não trouxe alívio, apenas um novo conjunto de desafios.

Enquanto as fábricas de Wuhan estão trabalhando o tempo todo para voltar ao rítmo normal, a recuperação de empresas focadas no consumidor, como a Xiong, não será tão direta. Embora as pessoas voltem às ruas com cautela, elas continuam sujeitas a restrições em seus movimentos, a fim de manter o vírus sob controle. Os residentes são incentivados a ficar em casa e ainda devem ter suas temperaturas verificadas antes de entrar em qualquer edifício. Em outras palavras, está longe dos negócios, como de costume, alimentando temores entre pequenos empresários como Xiong de que o bloqueio mudou o comportamento dos clientes, talvez para sempre. "As pessoas no passado se alimentavam em restaurantes com seus colegas na hora do almoço, agora estão todas recebendo lancheiras", "É mais provável que cozinhem em casa do que saiam".

A experiência de Xiong fornece uma janela para o futuro incerto que os pequenos empresários enfrentam em todo o mundo enquanto contemplam a vida após os bloqueios. Enquanto muitos esperam continuar de onde pararam, o surgimento cauteloso de Wuhan mostra que provavelmente não será tão fácil. A cidade, outrora um centro movimentado para a fabricação de aço e automóveis, continua dominada pelo medo de reinfecção. As empresas estão testando os funcionários antes de poder voltar ao trabalho e desinfetar suas instalações diariamente. Se um cliente ou trabalhador contrai o vírus, as empresas geralmente precisam desligar novamente por semanas de quarentena - algo que até o plano de negócios mais minuciosamente preparado não pode prever.

Antes do surto, as pessoas ficavam na fila por 40 minutos nos fins de semana para conseguir um lugar nos pontos mais populares de Xiong. Mas, sob bloqueio, ele teve a sorte de receber 20% dos pedidos que costumava receber por meio de aplicativos de entrega.

Conclusão - Milhões de moradores de Wuhan podem novamente se aventurar em suas casas. Mas as pequenas empresas preocupam-se com o fato de o bloqueio ter alterado permanentemente o comportamento do consumidor.

Os mercados de bolsa de valores nos EUA estão indicando que esperam uma recuperação em “V”, que no jargão significa uma volta rápida dos negócios. Será isso possível? Uma outra métrica aponta para uma distorção diferente dessa hipótese. A volatilidade da bolsa medida pelo VIX é um indicador razoável de identificação de estabilidade. Por exemplo, no mês de março esse índice subiu para 80, um recorde histórico. Como é uma medida de desvio padrão, de forma simplificada se pode esperar uma oscilação de 80% a.a.

O gráfico a seguir compara a volatilidade histórica com a volatilidade implícita nos mercados futuros. Depois de ambas andarem em conjunto, a partir de abril, a aposta era que ela começasse a cair e foi o que acabou acontecendo.


No post pode-bolsa-americana-atingir-novas, fiz os seguinte comentários sobre o Ibovespa: ... “Até 85.000 estaria dentro do que eu imagino deva conter a alta, as novas quedas estão nas cartas. Entre 85.000 e 95.000, fico desconfiado que uma mínima tenha ocorrido, embora não possa afirmar, e acima do último intervalo, elevam se as chances de novas altas” ... ...” Um acompanhamento em janelas mais curtas poderá nos dar uma pista, mesmo antes de atingir os níveis citados acima e mesmo abaixo deles, se houver uma reversão” ...

Numa janela mais curta se nota uma confluência considerando diversos parâmetros, concentrada na região entre 83 mil e 85 mil. Cálculo que no mínimo não será fácil passar daí, se não for nesse intervalo que a bolsa vai reverter. Vejam minha marcação a seguir.

Se por acaso esses níveis forem ultrapassados valem as considerações feitas anteriormente. Acredito que se a bolsa americana ultrapassar o nível de 2.900/2.940, conforme comentários no post divagações-sobre-o-futuro, nessas condições é possível que o Ibovespa atinja patamares mais elevados. Em todo caso, vou buscar a venda do Ibovespa próxima dos 85.000. Acompanhe os posts onde devo fazer a proposta.

O SP500 fechou a 2.799, com alta de 0,58%; o USDBRL a R$ 5,2548, com alta de 0,36%; o EURUSD a 1,0837, com queda de 0,64%; e o ouro a U$ 1.716, sem alteração.

Fique ligado!

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