Petróleo de graça é caro!
A frase popular “de graça até injeção na veia” não vale para
o mercado de petróleo, que se encontra em queda livre desde a proliferação do
surto de Covid-19. Hoje pela manhã a queda era de 37%, com a cotação a U$ 11. Apenas
para lembrar os leitores, há 60 dias estava acima de U$ 50, um tombo
descreveria melhor uma queda de 80%.
Todas as tentativas de acordo foram em vão, pois essa é uma
commoditie definida com demanda inelástica no curto prazo. Isso significa que,
uma queda de preços tem um pequeno efeito no aumento da demanda. Além do mais,
existe um grande problema em relação as outras comodities, sua armazenagem
depende de reservatórios que podem já estar repletos.
O mercado de petróleo permanece excessivamente abastecido,
uma vez que, os bloqueios para combater a disseminação do coronavírus reduzem a
demanda global em cerca de um terço. Os tanques de armazenamento em todo o
mundo estão enchendo rapidamente, inclusive no principal centro dos EUA em
Oklahoma.
"Não há limite para a desvantagem dos preços quando os estoques e oleodutos estão cheios", tuitou Pierre Andurand, chefe do fundo de hedge de petróleo de mesmo nome. "Preços negativos são possíveis", acrescentou.
"Não há limite para a desvantagem dos preços quando os estoques e oleodutos estão cheios", tuitou Pierre Andurand, chefe do fundo de hedge de petróleo de mesmo nome. "Preços negativos são possíveis", acrescentou.
Há sinais de fraqueza em toda parte. Os compradores do Texas
estão oferecendo apenas US $ 2 por barril para alguns fluxos de petróleo,
aumentando a possibilidade de que os produtores possam pagar em breve para que
o petróleo seja retirado de suas mãos.
O colapso dos preços está repercutindo na indústria do petróleo. Os produtores fecharam 13% da frota americana de perfuração, na semana passada. Enquanto os cortes de produção no país estão ganhando ritmo, isso não está ocorrendo com rapidez suficiente para evitar o esgotamento do armazenamento até níveis máximos.
O gráfico a seguir fornece uma boa ideia o quão baixo está
os preços do petróleo. Marquei os momentos onde ocorreu níveis próximos a U$ 10
(1985 e 1999). Considerando uma inflação de 2% a.a., os preços passados
corresponderiam a U$ 20 e U$ 15 respectivamente, ou seja, atualmente é o preço
real mais baixo na história do petróleo nos últimos 40 anos.
Que países seriam os maiores beneficiados: China, Índia e
Turquia, os maiores prejudicados: Países Árabes (principalmente Arábia
Saudita), Rússia e Venezuela. Para o Brasil e mais ou menos neutro, haja visto
que, nossa balança de petróleo é levemente negativa.
Mas é esse o nível que se espera para o futuro? Não é o que
indicam os mercados futuros para vencimentos mais longos. Como se pode
verificar no gráfico a seguir, em 2030 o óleo estaria beirando os U$ 50, uma
alta de 400%. Não fosse o problema de estocagem, acredito que não existe
investimento que forneça uma taxa mais elevada com risco relativamente baixo.
Essa situação me faz lembrar um momento da minha vida
profissional, quando a chefe da mesa de operações resolveu comprar 1 contrato
de boi gordo na bolsa. Ela fez uma conta simples de quanto o peso do animal
representava um quilo de carne, e chegou à conclusão que, estava muito barato.
O motivo é que um grande especulador desse mercado na época, Samir Jubran,
tinha vendido enorme quantidade de contratos para fazer frente a seu estoque.
Chegando próximo ao vencimento do contrato, e os preços
desde então, caíram mais, resolvi perguntar o que ela pretendia fazer, sua
resposta foi “vou exercer o contrato e ficar com os bois”. Eu perguntei quantos
bois receberia por contrato. Nesse instante, percebeu que não havia se atentado
a esse detalhe. Foi pesquisar e concluiu que, precisaria de vários caminhões
para transportar os inúmeros bois, sabe lá para aonde. Conclusão: vendeu
rapidinho seu contrato com prejuízo.
Hoje a tarde ocorreu mias uma surpresa inédita na minha vida
profissional – a outra foram os juros negativos. O contrato negociado na Bolsa
de Futuros americana – CME, cujo vencimento é amanhã, chegou a níveis impressionantes.
Não que tenham ficado um pouco negativo, ficou muito negativo! Veja você mesmo
no gráfico abaixo.
É isso mesmo, não tem engano, para quem se dispor a receber
o óleo relativo a esse contrato, receberá o valor de U$ 37,00 por barril. Agora,
como a chefe de mesa, aonde vai colocar esse petróleo, é um outro problema. No
quintal! Hahaha ...
Petróleo de graça é caro!
No post intervencionismo, fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: ... “ a retração das cotações deveria
acontecer entre R$ 5,05 – R$ 4,85. Na última quinta-feira, o dólar chegou a
cair a R$ 5,048, o que poderia ser classificado como o atingimento desse
objetivo. Porém, parece que o movimento não está completo” ...
O dólar acabou se aproximando da máxima atingida no início
de abril a R$ 5,35. Observando o shape do movimento nesse curto prazo, ainda
acredito que o dólar possa cair aos níveis apontados acima. O trade que eu
havia sugerido fica cancelado, não porque não acredito mais, mas pelo fato de
necessitar ajustes mais à frente.
Essa é a minha expectativa, porém, caso o dólar ultrapasse o
nível de R$ 5,35, e bem provável que rume ao objetivo traçado anteriormente de
R$ 5,70.
Quem diria há 2 meses, quando estava cotado a R$ 4,30, que o
dólar atingiria esse nível, sem que fosse chamado de louco. Porém, o Mosca fez
as seguintes colocações no post qualquer-juro-e-juro:
... “Em cinza: primeiro objetivo
a R$ 4,70 que se ultrapassado deve ir a R$ 5,70.
Em azul piscina: primeiro
objetivo a R$ 5,70 que se ultrapassado vai buscar R$ 6,75” ...
Com o nosso Presidente sugerindo a adoção de medidas mais
agressivas, como AI-5, sem que nenhum jovem saiba o que isso significa, parece
que reformas como a Administrativa e Tributária ficara como de costume para o
próximo mandante. Nesse momento tão delicado, não seria desejável essa briga
entre poderes. Mas como toda situação difícil sempre é necessário um culpado,
parece ser esse o seu objetivo, o custo é ele se tornar a “Rainha da Inglaterra”.
O SP500 fechou a 2.823, com queda de 1,79%; o USDBRL a R$
5,3052, com alta de 1,31%; o EURUSD a € 1,0855, com queda de 0,18%; e o ouro
a U$ 1.696, com alta de 0,71%.
Fique ligado!
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