Divagações sobre o futuro
O que mais temos visto nos últimos dias, quando o assunto é
economia, diz respeito as previsões sobre o impacto do Covid-19. Já vi os mais
variados possíveis, e sobre todos tenho uma certa dose de precaução. O motivo principal
é a quantidade de dúvidas que existem. Eu poderia enumerar diversas, as principais
seriam:
1.
Quando a economia voltara a pelo menos 80%/90%
do que era?
2.
As pessoas irão alterar seus hábitos?
3.
Uma nova onda de contaminação poderá acontecer
depois de tudo liberalizado?
A primeira dúvida pode ser respondida com uma certa confiança,
pois a contaminação é previsível através de modelos matemáticos, que tem
funcionado relativamente bem para os países que fizeram o confinamento, com a adesão
de grande parte da população. Aqui no Brasil estou preocupado com a reação dos
brasileiros nos últimos dias, que tem lentamente abandonado a quarentena.
Espero que não tenhamos situações como as que vem acontecendo no Equador. As
próximas 2 semanas serão muito importantes.
Já em relação a segunda dúvida, realmente não consigo ter
uma opinião formada. Para ajudar, vou publicar uma pesquisa realizada pelo New
York Times nos EUA. O Covid-19 alterou profundamente a vida cotidiana na
América, provocando mudanças radicais na economia.
Em questão de semanas, os pilares da indústria americana praticamente pararam. Aviões, restaurantes e arenas ficaram subitamente vazios. Em muitos estados, as empresas consideradas não essenciais - incluindo varejistas de artigos de luxo e campos de golfe - foram fechadas.
Os gráficos são baseados em uma análise de dados do Earnest Research, do New York Times, que rastreia e analisa as compras com cartão de crédito e cartão de débito de quase seis milhões de pessoas nos Estados Unidos. Embora os dados não incluam transações em dinheiro e, portanto, não reflitam todas as vendas, eles fornecem um forte instantâneo do impacto do vírus na economia.
Algumas empresas como Walmart, Amazon e Uber Eats tiveram picos de compras. Mas os clientes de muitas outras empresas simplesmente pararam de gastar, mostram os dados.
Quando os restaurantes fecharam e as pessoas começaram a
ficar em casa no mês passado, os supermercados experimentaram um aumento na
demanda. Em um período de sete dias que terminou em 18 de março, as vendas de
supermercados aumentaram 79% em relação ao ano anterior. Havia demanda em
muitos artigos básicos, incluindo massas, farinha, papel higiênico e sabão.
Alimentos processados e enlatados estavam de volta à moda.
As vendas caíram desde então, mas ainda estão acima do normal nesta época do ano. Entre 26 de março e 1º de abril, as vendas aumentaram 7%. Entre os maiores vencedores: serviços de entrega de compras on-line e empresas de kits de refeições.
A Indústria de viagens, nem é necessário comentar sua
performance. Com voos cancelados quase que totalmente, os setores correlatos
como Hotéis, Airbnb, Booking.com e outros sentem na pele a queda vertiginosa de
seus negócios. Da mesma forma os restaurantes em todas suas categorias foram
duramente afetados, surgindo um ramo paralelo com entrega de refeições em
domicílio, onde a grande maioria dos estabelecimentos aderiu, inclusive os mais
requintados.
Muitas das diversões favoritas dos americanos estão
simplesmente fora dos limites por enquanto. Os cinemas estão fechados. Os
parques temáticos estão fechados. Clubes e salas de concerto ficaram em
silêncio.
Mas enquanto a maioria dos tipos de entretenimento que exigem que as pessoas se reúnam estejam em espera, existem alguns pontos positivos. Os gastos com empresas de videogame como Twitch e Nintendo estão crescendo e os serviços de streaming, incluindo Netflix e Spotify, também estão obtendo ganhos.
Mesmo antes do coronavírus, o setor de varejo estava
cambaleando, enquanto lutava para se adaptar ao surgimento de marcas de
comércio eletrônico e descontos. A crise atual tornou as coisas muito piores.
Lojas de departamento, fast fashion, lojas de tênis e outras empresas do
setor tiveram uma queda nas receitas nas últimas semanas.
Atualmente, ninguém vai à academia. Isso é uma má notícia
para empresas de fitness. Ninguém sai muito, que também é lamentável para
empresas de cosméticos, como Sephora e Great Clips.
No momento, os gastos estão diminuindo amplamente no setor de saúde, já que aqueles que realizam procedimentos eletivos, dentistas e especialistas que não trabalham na resposta ao coronavírus, estão fazendo menos negócios. Alguns hospitais, confrontados com receitas mais baixas do trabalho cancelado não emergencial, concederam ou cortaram o pagamento de médicos, enfermeiros e outros funcionários.
A grande dúvida para o futuro, no momento que todos
poderemos circular pelas ruas livremente (espero que rapidamente!), o que vai
mudar? Não dá para projetar esses dados publicados pelo New York Times, não
será dessa forma. Mas será tudo (ou quase tudo) igual?
Outro dia, em conferência com 12 amigos pelo Zoom,
empresários de vários setores, fiz essa pergunta. Cada um tinha uma visão que
não coincidia. Nada conclusivo. Além do mais, qualquer pesquisa feita com as
pessoas agora sofreria grande impacto da quarentena, o que pode dar uma
indicação errônea sobre o futuro.
Talvez seja possível enumerar o que não vai mudar e mesmo
assim chego a poucos setores.
Como então é possível se fazer uma projeção sobre o futuro
da economia? Para complicar o quadro, das dispensas que ocorreram, que terão
impacto sobre a renda, quais serão recontratados? O Home Office “obrigatório”
atualmente, fará com que companhias diminuam o número de funcionários em seus
escritórios, com impactos em espaços, transporte?
Acredito que, somente depois de terminado o confinamento,
poderemos saber melhor o que realmente vai mudar.
E por último, assunto que me deixa inquieto, vai ocorrer uma
nova onda de contaminação? Se lê aqui e acola, que em alguns países asiáticos
isso vem acontecendo, tanto de novas contaminações como pessoas que tinham se
curado e apresentam exame positivo novamente. Ninguém é capaz de dar uma
opinião firme, e esse ponto ficará em aberto até que uma vacina seja
disponível. Alias, imagino que, quando se anunciar a sua disponibilidade, as
pessoas sairão as ruas comemorando como se fosse o final de uma guerra.
Uma coisa é certa, o déficit dos países desenvolvidos e
mesmo os emergentes irão explodir. Não vejo nenhum governo pensar em economizar
nada, na dúvida, disponibilizam o máximo. Veja o caso do EUA a seguir, um rombo
considerável para quem já tinha um déficit enorme. Se a economia se recuperar
de forma mais rápida que se pensa, isso será um grande problema a frente.
Desculpe terminar “no vazio”, mas não tenho como ter uma
opinião sobre esse assunto. Vamos buscar nos guiar pelos gráficos.
No post sera-que-deus-e-brasileiro, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500: ... “Acredito que, o intervalo entre
2.900 – 2.930 é um grande candidato para que haja uma reversão daí em diante,
caso seja ultrapassado, o próximo seria ao redor de 3.150” ... ... “Se ultrapassar
aumenta muito a chance de o SP500 estar caminhando para romper a máxima de
3.393, para dizer a verdade, acima do nível 1, isso começa a ser considerado,
pois estaria indo para uma correção menos provável” ...
A bolsa americana continua subindo de forma firme, está
batendo todos os recordes num período tão curto. Desde o dia 23/03 o SP500 subiu
30%. Será que só o Mosca tem dúvidas? Talvez a aposta do mercado seja
que, o Fed e governo americano farão de tudo para não deixar a economia entrar
em depressão, se precisar, a autoridade monetária compraria até ações – hoje é
proibido, mas num ambiente como esses o Congresso aprovaria uma resolução
libernado.
Tenho repetido que a evolução das empresas de tecnologia não
tem tido a mesma performance que do SP500. Para que vocês tenham uma ideia, a
ilustração a seguir mostra como evoluíram as ações da: Amazon, Netflix,
Microsoft, Apple, Google e por último o SP500. A Amazon rompeu as máximas
anteriores e a Netflix está bem próxima.
Mas o SP500 se aproxima da região crítica apontada acima,
será muito ilustrativo acompanhar o que vai acontecer quando atingir esse nível.
Fiquem atentos!
O SP500 fechou a 2.846, com alta de 3,06%; o USDBRL a R$
5,1696, com queda de 0,60%; o EURUSD a € 1,0982, com alta de 0,63%; e o ouro a
U$ 1.725, com alta de 0,69%.
Fique ligado!
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