A economia está Zen

A palavra Zen é usada por pessoas que procuram levar uma vida tranquila, não necessariamente que sejam adeptas ao budismo, mas que procuram evitar problemas e manter sempre a mente sã.

- David, isso eu já sabia, mas como você pode acreditar que a economia está Zen com tantas dúvidas pairando no ar?
Seu questionamento é muito válido, eu mesmo venho alertando para a enorme divergência entre os economistas e o mercado. Como nestas situações poderia a economia estar Zen?  Vejamos os argumentos.

Todo início de mês são publicados os PMI de todos os cantos do mundo. Nesses dados, que destaco mais adiante, cada país e região encontra-se num determinado estágio. O banco JPMorgan, de posse desses dados, compila o Global Manufacturing PMI, contemplando todos os países.


Uma análise visual, nos leva a concluir que a Indústria Manufatureira Global não está se expandindo, nem contraindo, desde 2011, com pequenas oscilações ao redor do nível 50, que indica neutralidade.

Naturalmente isso não seria verdadeiro quando uma análise individual de cada país é feita. Vejamos alguns exemplos. O quadro a seguir da Europa indica que, embora o dado publicado ontem não seja bom, o nível de cada um dos países aponta expansão, com exceção da Grécia.


Em compensação nos USA aconteceu o contrário, o dado publicado foi melhor que o esperado, porém a atividade econômica ainda não aponta expansão > 50.


Já em relação aos países emergentes segregados por região, a Europa encontra-se em expansão, enquanto a Ásia e América latina estão em retração.


É verdade que no mundo moderno o setor de serviços tem um peso maior em termos de PIB, mas é o setor manufatureiro que contrata mais. Depois de oito anos que os BCs mundiais vêm tentando reanimar as economias, o máximo que se obteve foi letárgica recuperação, nada suficiente para manter os empresários esperançosos sobre o futuro. Ontem o legendário Presidente do FED, Alan Greespan, deu uma entrevista á Bloomberg. Ele traçou um cenário nada otimista sobre a economia americana, e perguntado sobre qual seria o motivo, respondeu que as pessoas estão muito incertas sobre o futuro.

Um estado Zen para as pessoas pode ser algo benéfico, assim diz quem usa a técnica da meditação. Já para a economia não se pode dizer o mesmo, pois denota um momento de desinteresse, sem o que os americanos chamam de "animal spirit". Este cenário é consistente com a queda de braço entre o mercado e os economistas, cada qual, acredita num caminho para o futuro.

No post Letargia, comentei sobre o movimento do ouro naquele dia, e como se poderia tomar uma decisão levado pela emoção: ..."Do ponto de vista emocional temos a sensação que perdemos o barco. Para isso não acontecer, somos tentado a dar uma ordem de compra a mercado, e f#@a-se!"... Estou alertando novamente, pois poderão ser levados ao mesmo sentimento agora.

O ouro encontra-se numa correção de curto prazo desde o dia 15/2. Acontece que a amplitude da mesma não é tão pequena assim, da ordem de 5,5%. 


O gráfico acima apresenta o cenário que me parece mais provável, a de que o ouro estaria completando um triângulo e dentro em breve, romperia o nível de US$ 1.260. Então porque eu não compro agora ao nível atual de US$ 1.230? Antes que eu responda, veja a seguir, uma outra possibilidade de movimento. Nessa outra opção o ouro poderia cair até US$ 1.160 e depois subir.


 Vamos fazer alguns cálculos para verificar quais são os riscos e os retornos, em cada situação.

Eu projeto uma alta até US$ 1.320, caso o nível de US$ 1.260 seja rompido, então se comprar hoje poderia ganhar 7,3%. Caso o ouro não suba e seja stopado a US$ 1.140 (nível estabelecido no trade), o prejuízo seria de 7,8%. Nada brilhante!

Já na proposta de trade: ..."Minha sugestão é comprar o metal a US$ 1.190, com um stop a US$ 1.140"... O resultado seria de 10,9% e o prejuízo potencial de 4,4%. Sem dúvida, um melhor risco retorno.

´David, espera um pouco, e se o ouro não chegar ao seu preço e subir acima de US$ 1.260? Vai ficar "chupando o dedo"! Hahaha...
Ótima pergunta. Caso isso aconteça estou colocando um ordem de compra a US$ 1.265 com stop a US$ 1.230 e naturalmente cancelo a anterior. Note que, em relação a opção de comprar nos níveis atuais, estamos abrindo mão de US$ 35, mas com possibilidades de perdas bem menores.

De novo estou optando por não me guiar por "palpites", principalmente em correções, e usar disciplinadamente as ferramentas técnicas, buscando a melhor relação risco x retorno.

Estou ajustando o stop da posição de Bovespa para 42.500.

O SP500 fechou a 1.986, com alta de 0,41%; o USDBRL a R$ 3,8925, com queda de 0,86%; o EURUSD a 1,0865, sem alteração; e o ouro a US$ 1.240, com alta de 0,71%.
Fique ligado!

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