E nós com isso!
Não se pode reclamar do FED, pelo menos no que se refere a
indicar aos economistas, quais serão seus próximos passos. O mercado já trabalha
com uma probabilidade de 94% de elevação dos juros agora na reunião de março.
Eles telegrafaram, informaram em seus discursos, avisaram que o gato estava no
telhado e tudo mais. O próximo comitê será realizado no dia 13 de março e
somente um desastre nos dados de emprego, a serem publicados nesta próxima
sexta-feira, poderia alterar essa decisão.
O mercado assimilou bem esse movimento, também, com uma
inflação de 2% a.a. e uma economia começando a ganhar folego, não existe nenhum
motivo para continuar com uma política monetária tão frouxa. Mas a discussão sobre
o futuro é algo mais incerto, por exemplo, o gráfico a seguir mostra como ainda, o mercado não trabalha com a mesma projeção sobre as taxas futuras que as do FED.
Exceção feita a empresa de pesquisa econômica independente capital economics, que prevê uma trajetória muito acima de todos os participantes,
um peixe fora da água!
Naturalmente um banco central que se preze tem como objetivo
evitar o aumento da inflação. Sobre esse assunto o Wall Street Journal traz uma
reportagem indagando a perplexidade dos economistas. Milton Friedman, “o
monetarista” dos últimos tempos costumava dizer que a inflação é um fator
monetário. De forma simplista explicava que se numa economia se fabrica 2
carros e existe US$ 2,00 em circulação, cada carro valeria US$ 1,00. Se o banco
central injetasse mais US$ 2,00, o valor de cada carro passaria a US$ 2,00.
Também faz parte do livro texto de economia, a teoria que baixar os juros
alimenta a inflação.
Todos esses indícios do que vem acontecendo nesses últimos
anos levou os economistas a concluirem que, os bancos centrais não possuem
ferramentas para controlar a inflação. Por outro lado, uma evidencia sugere que
a inflação está mais ligada aos preços das commodities, fato esse que não está
nas mãos dos bancos centrais o seu controle.
Considerando tudo isso, o que esse movimento projetado pelo
FED pode mexer com nossas vidas aqui no Brasil. O Deutsche Bank realizou um
estudo para identificar quais foram os impactos de uma possível alta do dólar
associada ao aumento de juros. O gráfico a seguir mostra a vulnerabilidade da
apreciação do dólar no crescimento global, durante o período compreendido entre
2014-2015.
As economias dos mercados emergentes são também afetadas
quando tem sua dívida muito exposta a moeda americana. Se aliado a isso, o novo
governo americano decidir por aumentar as tarifárias alfandegarias, segundo seus
estudos, esse movimento poderia impulsionar o dólar em 25%. No próximo gráfico
fica evidente o impacto possível em nossa economia, uma vez que, a quase
totalidade de nossa dívida externa é indexada ao dólar.
O BCB na sua última publicação da ata do COPOM externou
diversos motivos que levam a autoridade monetária a transitar de uma forma mais
suave, a queda dos juros. Um dos motivos levantados é o risco externo, e seguramente
estão olhando para a possibilidade que levantei acima.
Olhando de hoje, não existe
uma preocupação eminente num horizonte de curto prazo, esses movimentos tendem
a ser mais lentos, exceção feita a eventuais mudanças na política alfandegaria.
Certamente, caso isso tudo ocorra, a inflação poderá subir novamente motivada
pela alta do dólar, estancando a euforia vivida pelos mercados financeiros
nacionais. Fica o alerta!
No post deutsche-euro, fiz os seguintes comentários
sobre o euro:
...” estou perdendo uma oportunidade de lucro? A resposta mais pragmática seria
sim, afinal eu ainda acredito que o euro vai pelo menos para a paridade. Porém,
tenho que responder a outra pergunta; é um bom risco x retorno? Aqui a resposta
não é tão evidente” ...
Nestes últimos tempos, diversas vezes passaram pela minha
cabeça a ideia de comprar e também a de vender a moeda única, aliás fizemos
isso recentemente. Mas passado alguns dias tenho a impressão que as cotações
não saíram do lugar, estão por volta de 1,06, ou um pouco abaixo. Hoje não é
exceção a 1,0586.
É bem verdade que ultimamente o euro se encontra mais na
parte inferior (2), diferentemente do 2º semestre de 2016 (1) onde se
encontrava próximo da parte superior. Desde do final de 2014, ou seja, há 24
meses que o euro está circunscrito entre as cotações de 1,15/1,16 e
1,045/1,055. Nesse período muita coisa aconteceu na Europa e no mundo, porém
“teimosamente” não mostra uma direção clara. Eu mesmo venho anunciando que o
momento está chegando para que os traders possam ter alguma alegria, pois até o
momento o mais provável é uma sucessão de prejuízos.
Pode ser que alguns operadores mais espertinhos, compram
quando o euro se aproxima do limite inferior e vendem quando beira o limite
superior. Por enquanto deu muito certo, e imagino que sua confiança nessa
estratégia aumente conforme o tempo passa. Lembro a esses traders para que
tenham muito cuidado pois isso irá funcionar até o dia que não vai mais.
Em algum momento não distante a moeda única começará um
movimento mais direcional. O que eu não consigo dizer ainda e se haverá ainda
mais uma queda para atingir o tão esperado target de 1,00, ou o euro entrará
num movimento de alta que poderá, em alguns anos, ultrapassar o nível de 1,60!
Dúvida?
O SP500 fechou a 2.375, com queda de 0,33%; o USDBRL a R$
3,1383, com alta de 0,77%; o EURUSD a 1,0580, com queda de 0,37%/ e o ouro a
US$ 1.225, com queda de 0,38%.
Fique ligado!
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