Marketing Chinês
Um dado anunciado nesta manhã colocou os analistas de cabelo
em pé, para quem tem! A China, normalmente um país com elevados superávits
comerciais, divulgou um déficit em janeiro de US$ 9,15 bilhões. As importações
cresceram a uma taxa astronômica de 44,5% quando comparada a do ano anterior,
enquanto as exportações meros 4,2%.
Existe um fator real para esses resultados, o ano Lunar
Chinês que caiu em Janeiro, em contraste com o ano passado, que ocorreu em
Fevereiro; podendo ser essa uma das causas. Com uma simples ressalva do gráfico
acima, pode-se observar que em 2012 e 2014 foram relatados déficits até maiores
que o atual. Ao analisar os detalhes das contas, observa-se um aumento substancial
do preço de importação das commodities.
Alguns analistas disseram para não levarmos muito em
consideração esse resultado, pois quando o mês contempla o ano Lunar, surgem
grandes distorções. Desta forma, o mais correto seria considerar o conjunto de dois
meses.
Coincidência ou não, o momento foi muito propício. Donald
Trump está acusando a China de manipular sua moeda, o Yuan, para estimular com
subsídios as exportações chinesas. Agora, se a China tem déficit e os EUA
também, algum outro país estaria se beneficiando. Afinal, se um país tem superávit algum outro
deve ter déficit. Assim, fica difícil de acusar manipulação no câmbio. Um bom
marketing Chinês, pelo menos ao curto prazo.
Coincidentemente, os EUA publicaram os dados de sua balança
comercial. O saldo não apresentou nenhuma surpresa como, por exemplo, o anúncio
de um superávit. O resultado líquido foi de um déficit um pouco inferior a US$
50 bilhões, porém, foi o mais elevado em 5 anos. O que surpreendeu
positivamente foi o crescimento tanto das exportações como das importações, que,
em bases anuais, ficaram ao redor de 10%. Isso é um bom indicador de
crescimento.
Mas, se os EUA apresentaram déficit e a China também, quem
obteve superávit? Alemanha! Como se pode verificar no gráfico a seguir, suas
exportações, quando medidas em relação ao PIB, são superiores às da China e
também do México que, por sinal, apresenta déficit.
Os argumentos de Trump não se aplicam totalmente a esse
país. Primeiro, não existe um subsidio implícito em seus produtos exportáveis,
e se o problema é o câmbio, que ela vá reclamar com o ECB. A competição com os
EUA é diferente no caso da China, onde os produtos são de baixo valor agregado.
Em sua grande maioria não existe similar, pois não é fabricado nos EUA. Já no
caso da Alemanha, onde são exportados máquinas e equipamentos eletrônicos, a
competição é direta. Vai ser uma briga boa!
A publicação do ADP hoje, uma prévia do resultado de emprego
a ser anunciado na próxima sexta-feira, arrasou! Foram criadas 298 mil vagas,
um recorde dos últimos 6 anos. Será que já está acontecendo o efeito Trump?
Hahaha ...
Tudo está indicando que, não só uma alta dos juros pelo FED
acontecerá na próxima semana. Talvez na secção de perguntas e repostas uma
sinalização de mais 2, ou quem sabe mais 3 altas esse ano.
Só falta combinar com os russos, porque ao verificar o GDP
projetado pelo Federal Reserve de Atlanta, fiquei chocado com o resultado que o modelo aponta, um crescimento do PIB neste trimestre em apenas 1,2%. Será que o
FED de Atlanta vai errar desta vez, ou o mercado levará um choque quando o dado
for publicado em abril?
No post devemos-acreditar-no-fed, fiz os seguintes comentários
sobre o Ibovespa: ...” quero ressaltar que existem sinais indicando que uma correção deveria
ocorrer em breve. Por enquanto, mantemos o rumo e ajusto o stoploss levemente
para 63.000” .... Hoje pela manhã o índice chegou a bater 64.500, o
que representa uma queda de 7% de sua máxima.
O Mosca está
apostando na opção azul (1), uma correção leve limitada ao nível de 63.000, com
o potencial de levar o Ibovespa aos 74.000.
- David, vamos encher
a mão! Afinal, quem não acredita que a bolsa vai subir?
Exatamente pelo motivo que você apontou – quem não acredita
que a bolsa vai subir, é que temos que tomar muito cuidado. Você não me deixou
nem completar o meu raciocínio.
Outra opção de correção levaria o índice a níveis bem
inferiores. Eu apontei no gráfico em verde (2) onde poderia chegar, entre
56.000 e 59.000, uma queda bem razoável entre 10% a 15% sobre os níveis atuais.
Uma coisa que não me sai da cabeça é imaginar qual seria o
impacto no Brasil se os juros de 10 anos atingirem os 3% que estamos apostando.
Vai ser numa boa ou vai machucar? Por um lado, o motivo dessa alta é por um bom
motivo, pois estaria dentro de um contexto de normalização dos juros pela economia
americana estar melhorando. Por outro lado, deve haver uma realocação de
recursos para aquele mercado - americano. Assim, existem bons motivos para a
bolsa corrigir mais forte, afinal, da mínima, subiu quase 90% e tem muita gente
no lucro.
Acho que estamos num momento de cautela e os preços não
estão uma bargain! Vamos devagar, sem
compras adicionais no momento.
O SP500 fechou a 2.362, com queda de 0,23%; o USDBRL a R$ 3,1624, com alta de 1,40%; o EURUSD a 1,0542, com queda de 0,22%; e o ouro a US$ 1.207, com queda de 0,64%.
Fique ligado!
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