Trump é um blefe?
A menos de 100 dias de sua posse, onde se inicia a avaliação
de um novo governo, Donald Trump já coleciona algumas derrotas importantes.
Primeiro, a tentativa de barrar sumariamente os imigrantes de uma lista de
países; segundo, a retirada do plano que pretendia substituir o denominado
Obamacare por falta de apoio de parte dos políticos de seu partido.
Agora, o seu governo está sinalizando ao Congresso que nas
próximas negociações com o México e o Canada está propondo pequenas mudanças no
acordo de livre comercio, o NAFTA, aquele que, na campanha Presidencial, Trump
classificou de desastre. Num esboço proposto, que circula no Congresso pelo
representante das relações comerciais, as propostas mais polêmicas serão
mantidas. Além disso, a expectativa de uma rápida aproximação com a Rússia está
minguando, uma vez que, a Casa Branca está postergando uma reunião solicitada
por Putin. Uma visão mais cética é vista pelo governo na obtenção de um bom
acordo com aquele país.
Parece que sobrou seu megaprojeto de investimentos de US$
1,0 trilhão, que também enfrentara obstáculos com a consequente elevação da
dívida pública, e a intenção de reduzir os impostos das empresas e individuos.
Se conseguir aprovação para essas intenções, e sabe lá com que restrições, é
muito pouco para aquilo que pretendia. Conforme passa o tempo e a percepção que
Trump mais se parece com um tigre de papel, maior será sua frustração. Em
relação a sua popularidade, não poderia estar pior, atingindo marcas
significativas de rejeição; o gráfico a seguir dá uma boa ideia dessa medida.
Por outro lado, as expectativas dos americanos continuam
elevadas. Vários indicadores apontam para melhorias econômicas substancias. A
próxima ilustração apresenta o que os empresários esperam para o futuro, comparando
soft data x hard data. Ainda permanece uma grande “torcida”.
Uma outra forma de medida é o entusiasmo em relação a bolsa
de valores que continua muito popular. O próximo gráfico, que mede qual a
expectativa do mercado em relação às ações, para que continuem subindo depois
de atingir o recorde histórico. O resultado é de aproximadamente 50%; nível observado
em poucas ocasiões no passado.
O apoio político de seu partido não tem maioria no Congresso
e está nas mãos de minorias, como se pode verificar a seguir.
Se as evidências apontadas acima em relação a esse novo
governo se confirmarem, como será que Trump reagirá? Vai assumir sua impotência
em realizar suas promessas, ou vai dar a volta por cima e tentar de outra
forma? Não é possível responder essa
pergunta, tratando-se de pessoas com características psicopáticas; nossa lógica
não é a mesma. Só o tempo dirá se Trump é um grande blefe!
Em outro front, essa semana vários membros do FED
participaram de entrevistas e eventos. Naturalmente, o que todos
estavam interessados é saber quantas vezes o FED subirá os juros este ano. As
respostas foram um festival de chutes! Sem enumerar esses resultados o que se viu
foram palpites entre 2 e 4. Mas não terminou, ainda existem alguns para
falar hoje e amanhã. Eu me pergunto qual o valor desta informação? Nenhum! A
única coisa que posso inferir é que não existe o menor consenso e que alguns
deles irão acertar. Também, se for menor que 2 ou maior que 4, alguma coisa
muito estranha precisa acontecer.
No campo da inflação, uma separação entre a inflação de
alguns serviços quando comparadas a alguns produtos “commodities” apresentam comportamentos
muito diferentes. Enquanto os primeiros se encontram em níveis ao redor de 4%
a.a., os outros, em deflação. Sabe-se que a política monetária tem pouco efeito
sobre os serviços; por outro lado, cada vez mais as pessoas gastam em serviços
ao invés de compra de produtos. Em função disso, os bancos centrais deveriam se
perguntar, se a economia crescer de forma mais robusta, acima do desejado, como
combater essa alta, visto que podem ser os serviços que a originam?
Nos preços por atacado, que de certa forma antecedem os
preços ao consumidor, se pode notar uma elevação coordenada ao redor do mundo,
indicando o que ressaltei no post influência-do-passado, onde as economias mundiais vislumbram uma ascensão
sincronizada.
No post juros-americanos-6-aa, fiz comentários sobre o SP500 com uma visão mais de longo prazo,
haja visto que, não vislumbrava nenhum trade no curto prazo: ...” meu objetivo colocado há algum tempo é
ao redor de 2.450, e caso ultrapasse, poderia atingir 2.850. Por vários motivos
trabalho com o primeiro” ...
...” no gráfico acima,
expus minhas projeções para o SP500, caso o nível de 2.450 seja respeitado.
Será uma correção “forte” e com uma duração razoavelmente prolongada” ...
Desde a última publicação, o índice da bolsa chegou a
recuar míseros 3,3%, depois de ter atingido o recorde histórico de 2.400.
Alguns detalhes se tornam importantes neste momento: primeiro, o objetivo que
tracei e o nível máximo atingido são muitos próximos, o que poderia sugerir que
o objetivo foi satisfeito; segundo, como demonstra o gráfico abaixo, pode ser
que essa queda foi uma pequena correção e o SP500 está rumando para o objetivo
que tracei.
Para quem está comprado, sugiro acompanhar bem a área que
denominei de “perigo” no gráfico acima 2.300 – 2.2270, qualquer coisa abaixo
deve se evitar. Por outro lado, acima de 2.400 abre se a porta para atingir o
primeiro objetivo mencionado acima de 2.450 e, se ultrapassado, tenderia a
2.850. Meus indicadores ainda apontam que esse mercado está robusto e que a
alta é mais provável. Let the market
speak!
O SP500 fechou a 2.368, com alta de 0,29%; o USDBRL a R$ 3,1483, com alta de 0,93%; o EURUSD a 1,0674, com queda de 0,86%; e o ouro a US$ 1.242, com queda de 0,72%.
Vou cancelar ambas as alternativas, do trade de compra de ouro que propus ontem.Prefiro esperar uma definição melhor do movimento.
Fique ligado!
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