Ruim com pior sem



Ontem foi um dia terrível para os argentinos. Com uma larga vantagem na votação primaria, Alberto Fernandez junto com Cristina Kirchner, sua sombra, abriram uma vantagem de mais de 15% de seu oponente, o atual presidente da Argentina, Mauricio Macri. Segundo os especialistas, e nem é necessário ser um expert em eleições, Fernandez já pode ser considerado o novo presidente da Argentina. A razão é muito simples, com 47% dos votos a reversão só poderia acontecer caso uma boa parcela de seus votantes mudasse o voto.

A reação do mercado financeiro, trouxe a valor presente os resultados, nos ativos financeiros argentinos com essa nova dupla no comando. O peso caiu expressivos 15% depois de sucessivas quedas que ocorreram nos últimos anos.


É conhecida a cultura dos Hermanos em manter suas poupanças na moeda americana. Isso é fruto de governos desastrosos que passaram por aquele país. É surpreendente como uma população instruída é levada por discursos fantasiosos prometendo a solução de problemas de forma mágica. Essa cultura se perpetuou nas últimas décadas levando a Argentina de 5º país mais rico para a penúria ultimamente.



A posição de Macri sofreu severamente após uma crise econômica que começou no ano passado em meio a preocupações sobre a capacidade do país de pagar suas dívidas. O peso perdeu metade de seu valor em relação ao dólar em cerca de cinco meses, enquanto a inflação subiu e o desemprego aumentou. Alguns indicadores econômicos estão começando a mostrar pequenas melhorias, mas o produto interno bruto caiu 5,8% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, e o desemprego ainda está acima de 10%. No ano passado, o governo recebeu US $ 57 bilhões do Fundo Monetário Internacional, o maior de todos os tempos, para lidar com uma crise cambial.

Robert Scott III, economista da Monmouth University e especialista em América Latina, disse que os cortes de Macri nos subsídios às concessionárias provavelmente seriam revertidos em uma administração de Fernández. Ele disse que um novo governo também pode ser rápido em implementar controles cambiais que sufoquem os exportadores.

Muitos argentinos temem o retorno dessas políticas implementadas pela Sra. Kirchner, e a maioria dos economistas a culpam pela bagunça que Macri herdou. Durante seus oito anos no poder, Kirchner geriu grandes déficits orçamentários e nacionalizou negócios. Seu governo, que terminou em 2015, também estava atolado em alegações de corrupção, ela está sendo julgada atualmente.

O potencial presidente da Argentina, Alberto Fernandez, criticou seu oponente, Mauricio Macri, por aumentar a dívida de curto prazo para níveis insustentáveis, embora ele tenha dito que não quer deixar de cumprir as obrigações do país.

Um dia depois de uma vitória nas eleições primárias que o colocou no caminho certo para ganhar a presidência nas eleições de outubro, Fernandez disse que o país precisa mudar seu modelo econômico. O setor do agronegócio não está vendendo grãos suficientes para trazer dólares satisfatórios, acrescentou.

"Ninguém acredita que Macri possa pagar a dívida", disse Fernandez em entrevista a um canal de TV local em Buenos Aires na segunda-feira. "Os preços dos títulos indicam que os investidores veem o país inadimplente".

A bolsa argentina não foi exceção, com uma queda superior a 35%, a pior da história argentina, levou o índice Merval aos patamares do início de 2018. O resultado em dólares dessa queda nem é bom calcular!


O abalo abriu as portas para a possibilidade muito real de que um governo mais protecionista assumirá o poder em dezembro e desvenda os ganhos duramente obtidos por Macri para reconquistar a confiança dos mercados internacionais. Aprofundou-se a preocupação, que seu oponente populista tentará renegociar as obrigações da Argentina, com o país enfrentando bilhões em dívidas em moeda estrangeira devidas no próximo ano.

O gráfico a seguir aponta a probabilidade de um calote da dívida argentina nos próximos cinco anos. Esse cálculo é feito utilizando os níveis apontando no mercado de CDS Credit Default Swap.


Ninguém quer receber um defunto para governar, porém foi essa a resposta do mercado financeiro internacional para essa dupla com ideias contrárias aos bons padrões de finanças. A não ser que sua assessoria econômica seja cega, não acredito que irão chutar o pau da barraca. Com dívidas vencendo no início de seu governo, se for pelo caminho mais duro, levarão a Argentina para o buraco com queda do PIB a níveis inimagináveis.

Por outro lado, nunca presenciei uma reação tão violenta dos mercados com um governo populista. Para o Mosca é uma demonstração que o pensamento liberal não tolera mais essa linha de conduta.

Por tudo isso, não surpreenderia se, ao assumir o governo, Fernandez adote uma postura a la “Lula 2004”, com um discurso austero e chamando os bancos para negociar os vencimentos no curto prazo. Pois, caso não seja assim, podemos comprar passagens com destino a Buenos Aires, para passar as férias a preço de banana, tomando bons vinhos e comendo muito bem. Mas recomendo que não demore muito, pois poderá não ter aonde se hospedar nem tampouco comer. 

Antes de entrar na análise técnica do dia, queria enfatizar que o que ocorreu na Argentina tem pouca influência para o Brasil. Alguns leitores entraram em contato ontem, externando muita preocupação. Embora o país vizinho seja um parceiro comercial brasileiro, com exceção de uma provável queda nas exportações para esse país, o resto não deve contaminar de forma mais forte os mercados locais.

Mesmo o acordo assinado entre o Mercosur e a comunidade europeia, sua execução, daqui em diante, depende de aprovações em cada país, não tendo um compromisso do conjunto. A única observação que faria é que graças a Deus escapamos de uma desorganização como a que vai ocorrer no país vizinho, caso o PT tivesse ganho as eleições no ano passado. Que sirva de alerta!

No post fantasmas-do-passado, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “Uma característica positiva é que, desde da máxima atingida em julho, o Ibovespa vem traçando um movimento típico de correção (em azul) ” ... ... “Não estou convencido que o movimento no exterior já se esgotou, é possível que novas quedas aconteçam nos próximos dias.  Sendo assim, prefiro ficar sem posições no momento, ou talvez arriscar uma compra no nível de 98.000, com um stoploss bastante apertado a 96.000” ...


Na semana passada a bolsa ensaiou uma recuperação e ficou próxima de um nível que poderia apontar o final da correção. Mas, no início desta semana, acabou devolvendo parte da alta. Como ficamos agora?


Fiquei com vontade de traçar no gráfico acima algumas possibilidades de correção, mas achei que iria mais confundir que ajudar os leitores. Assim preferi traçar os limites que considero importantes nesse curto prazo. A linha inferior amarela (98.000) é onde existe a sugestão de trade proposta pelo Mosca. Mas é possível que a correção já tenha terminado, ou ainda, poderá ter uma configuração diferente da imaginada. Sendo assim, caso esse limite seja ultrapassado e provável que o movimento de alta ganhe impulso. Nesse meio tempo, ficamos de expectador avaliando se devo fazer alguma alteração.

Quero enfatizar que o viés ainda é de alta, o Mosca busca o melhor momento de entrada (preço), mas se não acontecer, vou redefinir.

O SP500 fechou a 2.962, com alta de 1,48%; o USDBRL a R$ 3,9635, com queda de 0,43%; o EURUSD a 1,1170, com queda de 0,38%; e o ouro a U$ 1.501, com queda de 0,66%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Mosca, com essa que tivemos na bolsa para o patamar de 99 mil pontos vc acha que vale a pena realizar uma entrada ? E qual o papel na sua opinião mais indicado. Exemplo: BOVA11, IBOV, etc. Vixi realizar um lucro a curto prazo, valeu

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    1. Como eu comentei nesse dia, minha sugestão é comprar a 98.000 o Ibovespa.
      Hoje na minima chegou a 98.200 e depois recuperou um pouco. No meu gráfico esse poderia ter sido um ponto de entrada.
      Estabeleceria um stoploss a 96.000, bastante apertado, haja visto que o movimento está maduro e meu objetivo é ao redor de 110.000.
      Quanto ao instrumento pode ser ambos: BOVA11 e o IBOV, mas se atente que, meus comentários é sobre o índice a vista. Sendo assim, você deve fazer um paralelo considerando esse fato.

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  2. Otima materia da Argentina. o principal problema de la e a falta total de Poder juridico! asi nao da!

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  3. Eu não conheço o sistema judicial argentino, porém pelas noticias que circulam sobre ações desse poder, parece um problema geral da America Latina.

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