Sob dois ângulos
O mercado de ações de coronavírus, como o próprio Covid-19,
é algo nunca experimentado antes. Acostume-se a isso.
Desde março, quando a pandemia global se tornou uma
catástrofe americana, a economia dos EUA tem sido uma sombra de si mesma em
2019. No entanto, algumas das medidas acionárias mais seguidas estabeleceram
recordes, enquanto uma explosão de infecções não mostrava sinais de pico, além
da taxa de desemprego de abril em 14,7% foi a pior desde a Grande Depressão. A
aparente contradição de exuberância e desastre simultâneos reflete uma mudança
duradoura na maneira como os investidores olham para as empresas americanas,
mesmo quando políticos desejosos desejam voltar a um normal antigo.
Os melhores desempenhos do mercado são campeões do comércio on-line,
bem diferente da maioria das empresas que compõem os benchmarks preferidos, que
ficam atrás em comparação. Não há nada de surpreendente nos cinco maiores
contribuintes para a resiliência do mercado de ações este ano, porque eles têm
o maior peso no U.S. Large-Cap price Return index da Bloomberg, e seus produtos
e serviços facilitam a comunicação e transações on-line: Apple, Microsoft,
Amazon, Facebook e PayPal. Outro grupo de empresas americanas de destaque como
Zoom, Netflix, Roku e Twitter também tiveram uma alta nos preços das ações
durante a pandemia, devido à popularidade dos serviços que oferecem às pessoas
que trabalham e se divertem em casa.
Mas os 10 principais vencedores entre as 500 maiores
empresas dos EUA durante o segundo trimestre estão cada vez mais definindo o
caminho como uma nova geração de ações “em casa”, de acordo com dados
compilados pela Bloomberg. A Datadog, com sede em Nova York, com uma alta de
142%, fornece ferramentas para monitorar a infraestrutura, o desempenho de
aplicativos e o gerenciamento de logs para empresas de computação em nuvem, além
de empresas de streaming de música. A central de computação em nuvem de São
Francisco, Twilio, subiu 145%, e a Spotify 113%.
A Square com sede em São Francisco, e o PayPal, com base em
San Jose, fornecem serviços de pagamento digital e móvel, aprimorando os
pagamentos on-line. A DocuSign , fornece soluções de assinatura eletrônica,
reduzindo a necessidade de reuniões presenciais na assinatura de contratos. A
Snap fornece serviços de mídia social, permitindo a comunicação em toda a
Internet. Todas essas empresas podem ser clientes da CrowdStrike, com sede em
Sunnyvale, Califórnia, que fornece plataformas de segurança cibernética para
proteção contra ataques.
A Tesla, com sede em Palo Alto, Califórnia, se tornou a
maior montadora no início deste mês, com uma capitalização de mercado de US $
278 bilhões. As mudanças climáticas e o Covid-19 abriram o caminho para esse
avatar da economia impulsionada pela tecnologia, caracterizada por engajamento
remoto e inteligência artificial. Com seus veículos movidos a bateria e com
emissão zero, a Tesla é líder incontestável em vendas on-line, entrega sem auxílio
humano e aprimoramentos perpetuo dos aplicativos nos veículos.
Durante os dois anos anteriores a 2020, quando a expansão
nos EUA se tornou a mais longa já registrada, as dez melhores do mercado de
ações incluíam o designer de equipamentos médicos DexCom, a loja de roupas
Lululemon Athletica, e a cadeia de restaurantes Chipotle Mexican Grill. Essa diversidade
era semelhante durante a década passada, quando os fornecedores de
biotecnologia, industrial, energia, restaurantes e equipamentos médicos também
lideraram o mercado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Os investidores comuns, muitos dos quais possuem fundos
negociados em bolsa, continuarão se beneficiando de suas participações
familiares e substanciais da Tesla e dos cinco gigantes da tecnologia. À medida
que os ETFs aumentam seu investimento no grupo de empresas que ficam em casa, o
rally aparentemente estreito se torna mais amplo.
O mercado de ações americano no segundo trimestre também não
se parece com os seus homólogos em todo o mundo, especialmente entre os países
desenvolvidos da Ásia e da Europa que tiveram mais sucesso com o Covid-19. Como
resultado, as empresas com melhor desempenho no MSCI AC Asia Pacific Index
refletem a expectativa de que um retorno aos negócios como de costume está
chegando em breve e incluem fornecedores de serviços de saúde, turismo,
construção naval, tecnologia e fabricação de bicicletas. Da mesma forma, as 10
principais ações da Europa incluem empresas de seguros, empresas industriais e
joalherias, além de tecnologia.
Pela primeira vez, o mercado de ações dos EUA seguiu seu próprio
caminho, liderado por investidores que acreditam que o coronavírus chegou para
ficar, diferentemente dos europeus e asiáticos.
Mas esse estudo tem uma variável que deve ser levada me
conta. Os múltiplos (P/L) dessas bolsas não são iguais, pelo contrário, a bolsa
americana é bem mais cara neste conceito. Esse fato é consequência de
crescimento mais elevado nos EUA (comparado a Europa) e a predominância de
empresas de tecnologia.
Podemos concluir que, os investidores de forma geral, estão “apostando”
que a pandemia veio para ficar e o impacto nos segmentos da economia que são
afetados por esse fator, terão um impacto que não é temporário, mas definitivo.
Muitas dessas empresas irão quebrar e as que sobrarem deverão fazer ajustes
enormes. Em contra partida, as de tecnologia deverão crescer muito mais rápido abocanhando
parte do mercado de empresas tradicionais.
Essa extrapolação está sujeita a confirmação dos
consumidores no futuro, e é provável que a avaliação das empresas esteja esticada
para ambos os lados, tecnologia super valorizada e restante sub valorizada).
Porém, neste momento, os investidores estão preferindo ir ao segmento que
acreditam ser o vencedor e deixar de lado os outros.
Os investidores estão errados de apostar no cenário mais seguro
observado de hoje? Se a resposta é que estão errados, não deveria haver tanto
espanto por parte dos comentaristas, pois do mesmo modo que as empresas de
tecnologia estão caras, as outras estão baratas. Sendo assim, caso o mundo
voltar ao que era, as empresas de tecnologia deveriam cair, mas as outras
deveriam subir. Caso contrário, essa distorção de preços faz sentido. O que se
pode questionar é qual deveria ser o valor correto, num horizonte mais longo,
para esses dois grupos. Who knows?
No post e-bolha-ou-não, fiz os seguintes comentários sobre
o ouro: ... “ Considerando uma hipótese que se
encaixa melhor com os movimentos apresentados, podemos estimar alguns objetivos
de curto prazo entre U$ 1.827 e U$1.908, sendo o primeiro mais provável, e o
stoploss a U$ 1.745. Nessas condições, não me parece um bom risco x retorno”
... A máxima atingida na semana foi de U$ 1.817, recuando depois
disso.
Embora o ouro esteja abaixo de U$ 1.800, não existe nenhum
indicador do ponto de vista técnico que altera os níveis observados acima.
Caso minha visualização do mercado esteja correta, e em
ultrapassando a marca de U$ 1.817, o próximo objetivo seria ao redor de U$
1.890. Baseado nessas premissas, estou propenso a sugerir um trade de compra de
ouro a U$ 1.775, com stoploss a U$ 1.745, com o objetivo acima. Como é um trade
sujeito a outras interpretações, vamos adotar ½ do volume padrão.
O SP500 fechou a 3.215, com queda de 0,34%; o USDBRL a R$
5,3320, com queda de 0,72%; o EURUSD a € 1,1382, com queda de 0,26%; e o ouro
a U$ 1.795, com queda de 0,87%.
Fique ligado!
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