É bolha ou não!
Todos os investidores estão perplexos com a alta das bolsas
de valores, quando se espera muitas quebras de companhias, bem como o anúncio
de queda nos lucros. Alguns comentaristas estão aventando a hipótese de que estamos
vivendo uma bolha. Esse raciocínio é ainda mais presente quando a análise é
sobre as empresas de tecnologia.
O articulista Micahel Batnick, fez uma comparação entre a situação
atual com a bolha vivida no final dos anos 90, conhecida como pontocom.
Há alguns anos, as pessoas vêm comparando a alta das mega
empresas de tecnologia com o final dos anos 90. Acredito que essas comparações
são um pouco equivocadas.
Os ganhos foram extraordinários nos últimos cinco anos, com
o Facebook, Apple, Amazon, Microsoft e Google crescendo de US $ 1,2 trilhão para
US $ 6,5 trilhões.
Estas 5 ações agora:
Representam 23,3% do S&P 500
Valem tanto quanto as 369 empresas menores do índice
São três vezes maiores que todo o Russell 2000
E, no entanto, mesmo com esse crescimento maciço, em termos
de retorno geral, a bolha tecnológica faz com que esse período pareça singular
em comparação ao período pontocom.
De abril de 2015 até hoje, US $ 1 investido no Nasdaq-100
cresceu para US $ 2,42 (apenas preço), totalizando 18,4% ao ano. Na bolha das
pontocom, US $ 1 se transformou em US $ 11,82 (no pico), crescendo 60% ao ano!
Um artigo bem conhecido naquela época da Barron's, Burning
Up, que derramou combustível no fogo e talvez até provocou a bolha, apontou
que 74% das empresas de internet tinham fluxo de caixa negativo e estavam
ficando sem folego. Jack Willoughby escreveu:
“Talvez uma das empresas mais conhecidas da nossa lista, a
Amazon, se encontra com apenas 10 meses em dinheiro restantes no caixa”
É fácil rir agora, mas a Amazon caiu de um máximo de US $
113 para um mínimo de US $ 5,51. Como tantas empresas na época, suas elevadas avaliações
eram usadas para chamada de capital, que seus fundamentos não justificavam.
As estimativas eram obviamente ridículas na época e
completamente distanciadas da realidade, mas em nenhum momento você poderia ter
usado isso para sua vantagem, pelo menos no caminho da alta. E o caminho pode
durar anos, como estamos aprendendo hoje.
O gráfico abaixo mostra a ascensão e queda do múltiplo de
ganhos com ações de crescimento - growth. As ações de hoje não são tão
loucas quanto na época, mas isso não significa que elas não sejam um pouco
loucas.
A lição da bolha das pontocom, e o que quer que chamamos esse
período, é que as tendências podem durar muito mais tempo do que pensamos ser
possível. E se você está convencido de que estamos nos últimos minutos do
segundo tempo, do domínio da tecnologia, deve ter uma mente aberta para o fato
de que talvez não estejamos. Convido você a ouvir o podcast com Patrick
O'Shaughnessy e Brad Gerstner, que tem algumas ideias fascinantes sobre o
futuro deste espaço.
Sabemos que a bolha das pontocom terminou em cinzas, mas não
sabemos como essa se desenrola. O melhor que podemos fazer é estar aberto a
qualquer resultado e não apostar todos os recursos, em um futuro que possa
parecer diferente do passado.
Eu acrescentaria três grandes diferenças entra aquele
momento e hoje: o primeiro e mais importante é o volume de recursos injetados
pelos principais bancos centrais e governos do mundo; os finais dos anos 90 foram
anos de crescimento do PIB superiores ao vividos atualmente; e por ultimo a
taxa de juros dos títulos de 10 anos era na média desse período em 6% a.a.,
enquanto atualmente de 2,0% a.a. Ou seja, em termos financeiros as condições
atuais são muito mais frouxas, porem em termos de crescimento muito mais fraco.
No post reserva-de-valor, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...
“ Para que surja algum sinal mais claro, que uma correção poderia estar em
andamento, o nível de U$ 1.745 deveria ser rompido como primeiro patamar.
Porém, U$ 1.670 é o divisor de águas, pois abaixo, podemos ter uma oportunidade
de entrada em condições melhores de risco” ...
O ouro passou do nível de U$ 1.800, que parecia uma marca de
difícil transposição, embora se encontre muito perto ainda. O ouro tem desfiado
os analistas técnicos mais recentemente, os motivos é que não apresenta uma
configuração que forneça confiança. Mas, por outro lado, tem caminhado consistentemente
para cima.
Considerando uma hipótese que se encaixa melhor com os
movimentos apresentados, podemos estimar alguns objetivos de curto prazo entre U$
1.827 e U$1.908, sendo o primeiro mais provável, e o stoploss a U$ 1.745.
Nessas condições, não me parece um bom risco x retorno.
Outro fator que me incomoda é a inclinação do movimento, bem
como a velocidade dos preços, desde a mínima atingida em 05/06. Deveria estar bem
mais forte. Let´s see!
O SP500 fechou a 3.152, com queda de 0,56%; o USDBRL a R$
5,3386, sem variação; o EURUSD a € 1,1280, com queda de 0,43%; e o ouro
a U$ 1.803, com queda de 0,37%.
Fique ligado!
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