Foi publicado pela manhã o PIB americano com uma queda de
32,9%, e uma retração de 9,5% em comparação com o mesmo trimestre do ano
anterior. Como havia prometido antes, não vou publicar o gráfico evolutivo,
pois é de pouca valia. Ambos os números foram os mais acentuados em registros
datados de 1947. O declínio ocorreu quando os estados impuseram bloqueios em
todo o país para conter a pandemia de coronavírus e depois levantaram as
restrições. Os economistas esperam que a economia retome o crescimento no
terceiro trimestre, iniciado em 1º de julho.
Para que os leitores não fiquem sem parâmetros, encontrei um
gráfico que pode dar uma dimensão da queda. Nele, encontram-se os 10 piores
trimestres da história americana, desde que essa informação se tornou
disponível. Os dados trimestrais oficiais sobre o PIB real dos EUA remontam a
1947 e o declínio anualizado de -32,9% é o pior nesse período. No entanto, pode-se
juntar uma série mais longa de um século e descobrir que cinco trimestres foram
piores do que o relatado hoje.
Isso ocorreu na economia imediatamente após a Segunda Guerra
Mundial, durante a depressão do início dos anos 30 e a queda dupla associada em
1937-38, além, da depressão "esquecida" de 1920-21.
Portanto, os EUA não estão em tempos econômicos sem
precedentes. Muitos outros países estão mais próximos disso. Este provavelmente
será o pior ano para a economia do Reino Unido em 310 anos. Na maior parte do
G7, 2020 será o pior ano de tempos de paz para a economia, já registrada. Mais
uma vez, os EUA são menos graves. De acordo com estimativas do Deutsche Bank,
2020 será o nono pior ano desde 1790 e o sexto pior desde 1900.
Separadamente, os pedidos de auxílio de desemprego
aumentaram 12.000 para 1,43 milhões com ajuste sazonal na semana encerrada em
25 de julho. Os pedidos de auxílio diminuíram desde o pico de março, mas
permaneceram em níveis historicamente altos.
Um aumento nas infecções por vírus desde meados de junho
parece estar retardando a recuperação em alguns estados, segundo alguns dados
do setor privado em tempo real.
O rastreador de transações de cartões de crédito e débito do
JPMorgan Chase & Co., por exemplo, mostrou que os gastos subiram em maio e
no início de junho antes de estagnarem e permaneceram firmes durante a semana
passada. Os dados do Facteus, que rastreiam as transações de 15 milhões de
titulares de cartão de crédito e débito, também sugerem que os gastos com
restaurantes estavam aumentando em junho e diminuíram bastante desde então.
"O foco principal agora é o que está acontecendo no
terceiro trimestre e se os sinais vistos em indicadores de alta frequência de
desaceleração aparecem", disse Andrew Hunter, economista da Capital
Economics.
O consumo pessoal representou a maior parte, ou -25,05%, da
queda geral do PIB de -32,9% e 5x a mais que a queda do PIB do primeiro
trimestre de -4,75%. A renda pessoal real disponível (DPI) - renda pessoal
ajustada por impostos e inflação - aumentou 44,9% no segundo trimestre, depois
de subir 2,6% no primeiro trimestre. O aumento no DPI foi mais do que explicado
por um aumento nos recebimentos pessoais de transferências correntes - ou seja,
benefícios sociais do governo. A poupança pessoal como porcentagem da renda
pessoal disponível foi de 25,7% no segundo trimestre, em comparação com 9,5% no
primeiro trimestre.
Dito isto, o colapso do PIB era esperado e, de fato, pode
ser considerado "melhor que o esperado". A verdadeira questão é o que
acontece a seguir e o terceiro trimestre, prometido o trimestre de recuperação
em forma de V. Infelizmente, como o Fed ressaltou ontem, os dados de alta
frequência indicam que a economia dos EUA atingiu o pico no final de junho e
está novamente rolando.
Vários setores foram enormemente prejudicados em especial a aviação.
Vai demorar anos até que o número de passageiros recupere. Os resultados miseráveis
e perspectivas da Boeing publicados ontem serão reforçados por números
terríveis semelhantes da Airbus. A fabricante de aviões dos EUA entregou apenas
20 aeronaves no segundo trimestre. As receitas de vendas de aviões de
passageiros caíram 68%, enquanto as receitas de serviços e manutenção caíram
bastante. A Boeing é uma engrenagem crítica da economia dos EUA - 1% do PIB dos
EUA, com enormes efeitos multiplicadores na indústria e no crescimento.
Mas os mercados acionários estão em outra onda, com
valorização impressionante nos últimos 3 meses, tem ignorado os estragos
causados pela interrupção instantânea da economia, ocasionada pelo confinamento
mundial. Preferiu olhar para frente e empurrar debaixo do tapete, todas as notícias
ruins que foram, ou estão sendo publicadas, pensando somente no momento
seguinte, que estimam será uma recuperação vigorosa.
Com tempo ocioso dentro de casa, resolveram arriscar parte
de seus recursos nas bolsas. Os dados são espantosos, no gráfico abaixo se nota
a alta vertiginosa do volume transacionado diariamente, bem como a média por
conta. É importante ressaltar que, esse volume não é expressivo quando se
considera o total negociado na bolsa como um todo.
Mais intrigante é um outro indicador que mede o otimismo ou
pessimismo relacionados a bolsa americana. A ilustração a seguir, aonde Bull –
representa os otimistas, e Bear -os pessimistas, o indicador da diferença está
nos baixos níveis. Será que entrevistaram pessoas diferentes? Não faz muito
sentido!
No post a-queda-do-dolar-dolar, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ... “desde a última
publicação, o SP500 não teve muita evolução, permanecendo próximo da
linha “Maginot” talvez estudando como deveria atacar esse reduto.
Nada de diferente do que havia proposto mudou. Imagino que as últimas notícias
sobre o vírus nos EUA podem estar deixando os investidores mais receosos,
embora como vocês podem notar, a cada dia que passa, esse assunto faz menos
parte do noticiário, sem que houvesse uma melhora significativa” ...
Com a publicação do PIB a bolsa está apresentando um leve
recuo, não havendo ainda indicações que os níveis que espero para correção,
esteja em andamento, mas, em todo caso, se afastou da linha “Maginot”.
Esse marasmo de curto prazo, comparado com as oscilações de março, pode ser
função do período de férias no hemisfério Norte, embora, para os mais
cautelosos em relação a Covid-19, significa somente a mudança do ambiente de
casa! Hahaha ...
Para que possamos ter maiores evidências que o objetivo
traçado entre 2.900/2.850 está a caminho, é necessário que o índice caia abaixo
de 3.120. Antes que se evidencie que, essa correção está em andamento, não
tenho nada a propor nesse mercado que ofereça um bom risco x retorno.
Ontem expliquei que no novo software que estou usando, posso
trabalhar com dois cenários em paralelo, o red count (preferido) e o blue count
(alternativo). No gráfico acima, destaquei na parte superior a esquerda, aonde
vocês poderão identificar qual o cenário que estou expondo.
O SP500 fechou a 3.246, com queda de 0,38%; o USDBRL a R$
5,1525, com queda de 0,33%; o EURUSD a € 1,1845, com alta de 0,47%; e o ouro a
U$ 1.954, com queda de 0,82%.
Fique ligado!
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