Da prática para a teoria
Vocês devem achar que eu me enganei no título, afinal a idade é implacável para todos. Mas não é o caso. Muitos acadêmicos alertam para os riscos de inflação quando os governos efetuam maciças injeções de liquidez. Porém, não tem ocorrido. Um artigo da Bloomberg chama a atenção para esse fato.
A pandemia de coronavírus elevou os gastos deficitários a novas alturas. A dívida federal em poder do público deve atingir 100% do produto interno bruto neste ano, efetivamente retornando aos níveis da Segunda Guerra Mundial:
Antes da crise financeira de 2008, o modelo acadêmico
dominante do ciclo de negócios sustentava que havia um tradeoff entre inflação
e desemprego - uma nova versão do que é conhecido na economia como a Curva de
Philips. Ao administrar as taxas de juros, argumentaram os teóricos
convencionais, o banco central navegaria serenamente entre as rochas da
inflação e os bancos de areia do desemprego. Não havia muito espaço para dívida
governamental nesse modelo.
A recessão de 2008 parecia que poderia representar um grande
desafio para esse paradigma, mas a maioria dos macroeconomistas enfrentou o
desafio simplesmente remendando os modelos antigos. Eles se apegaram ao setor
financeiro e permitiram que, quando as taxas de juros nominais se aproximassem
de zero, o estímulo fiscal junto com a flexibilização quantitativa tivesse de
ser introduzido.
Mas isso ainda deixava a questão de quais seriam os limites
do estímulo e do QE. Os economistas tradicionais perceberam que, como o governo
pode usar a política monetária para reduzir as taxas de juros e até mesmo
financiar empréstimos governamentais diretamente, nunca haveria um risco real
de inadimplência soberana; se os investidores privados parassem de comprar
títulos do Tesouro e as taxas começassem a subir, o Fed poderia aumentar a
folga. A única restrição real à ação do governo era a possibilidade de
inflação, caso o Fed criasse muito dinheiro.
É inegável que, nessas últimas décadas, pois se deve incluir
o caso do Japão, a ameaça de inflação não se materializou, embora por diversas
vezes o livro texto de economia indicaria que a inflação subiria a níveis
perigosos. Essa é a realidade, está faltando a teoria explicar o que ocorreu de
errado em seus modelos, ao invés de criar desculpas do tipo: os japoneses são
diferentes dos ocidentais, não aconteceu, mas vai acontecer entre outras.
Talvez falte aos economistas um grau de flexibilidade e partir de forma inversa
para buscar as respostas.
No post Esse será o novo normal?, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “Enquanto estiver contido entre R$ 5,18 e R$ 5,50, nada poderemos dizer sobre seu movimento seguinte. Se romper um dos estremos: na parte superior aumentam as chances de R$ 5,70, como comentado acima; e abaixo de R$ 5,18 o target entre R$ 4,80/R$ 4,70 fica na mira” .... Não teria nada a acrescentar ao que foi dito acima, mantenho os parâmetros.
Venho nos últimos post sobre o real acrescentado informações macroeconômicas que seriam de interesse dos leitores. Inicialmente, os dados de PMI de manufatura do mês de julho para o Brasil, apontam para resultados positivos. Agora é necessário acompanhar os próximos meses a fim de eliminar uma eventual reposição de estoques.
No campo da balança comercial, as importações alcançaram os níveis de 2016, enquanto as exportações se mantiveram num nível mais elevado, em função do aumento da exportação de commodities. Isso se traz num importante aumento de superávit na conta corrente, eliminado uma vulnerabilidade externa.
O SP500 fechou a 3.360, com alta de 0,27%; o USDBRL a R$ 5,4813, com alta de 0,78%; o EURUSD a € 1,1737, com queda de 0,42%; e o ouro a 2.027, com queda de 0,34%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário