Vou dar uma porrada na Bolsa!
As pessoas ficaram em suas casas por um bom tempo em função
da Covid-19, e nada mais motivante que começar a operar na bolsa de valores. É
provável que para os iniciantes, histórias de ganhos absurdos foram descritas
por seus amigos (logico que não contaram os prejuízos). Sendo assim, por que
não tentar.
Com tempo sobrando, e algumas operações que foram bem
sucedidas, esse novo participante sonha com sua independência financeira,
gerando lucros que o sustentam.
É sobre esse assunto que vou elaborar hoje citando dois
artigos: Bloomberg e do Wall Street Journal. Ao final, faço minhas
considerações.
A Bloomberg sugere que não se comenta 6 erros clássicos:
1)
Mergulhar sem testar estratégias de negociação
Ao invés de abrir uma conta em uma corretora e sair
comprando o que os analistas sugerem, inicie numa conta demo com trades
simulados e acompanhe os resultados, somente depois desse período, comece com
negócios reais.
2)
Seguir as fortes recomendações em vez de
pesquisar
Antes de entrar comprando ações de tecnologia que subiram
muito: Tesla, Netflix e outras, que do dia para noite, podem cair muito, o
ideal é pesquisar empresas e entender os números mais detalhadamente.
3)
Fazer grandes apostas ao invés de começar
pequeno
Ao invés de colocar todo seu dinheiro em 2 ou 3 ações,
porque devem continuar subindo muito, o ideal e distribuir num portfólio de no
mínimo 20 a 30 ações.
4)
Investir o dinheiro que pode precisar num prazo
curto (1 a 2 anos)
Nunca se sabe se a bolsa vai entrar num período de baixa
enquanto você está investido, e ter que vender a carteira para poder assumir
compromissos sabidos, pode ser um mal momento.
5)
Envolver-se em trades complexos antes que esteja
pronto
Para os investidores individuais usar alavancagem, opções e
vendas a descoberto é muito perigoso, pois não tem experiencia com esse tipo de
risco. É necessário conhecimento de mercado que só se adquire com o tempo.
6)
Verificar seus resultados obsessivamente.
Pode ser tentador ficar olhando para as oscilações diárias
nos preços de suas ações, mas se você fizer isso todos os dias, isso estimula
negociações e perdas em pânico.
Mas ao invés de construir um portfolio de prazo mais longo,
você pode ser tentado a ser um day trader, objetivando ganhos mais rápidos. Há
poucas dúvidas de que o day trading cresceu em popularidade nos últimos meses,
ou que alguns day traders produziram lucros extraordinários.
Não imagino que as estatísticas vão persuadir qualquer day
trader de que seus lucros não são atribuíveis à habilidade. Mas talvez analisar
os números dissuadirá outros de arriscar seu sustento em apostas que têm um pouco mais chance de sucesso do que um cara ou
coroa.
Ao longo dos anos, os estatísticos desenvolveram uma série
de testes sofisticados para medir os papéis relativos da sorte e da habilidade
na área de investimentos. Apesar de suas abordagens diferentes, eles chegam a
conclusões notavelmente semelhantes.
Bradford Cornell, professor de finanças da UCLA, mede o
papel da sorte comparando a maior dispersão dos retornos de curto e longo
prazo. Seu raciocínio é que, ao focar em um determinado grupo de gestores, a
maior faixa de seus retornos de curto prazo se deve inteiramente à sorte.
O WSJ aplicou o teste do Prof. Cornell a várias centenas de relatórios
informativos de investimento, muitos dos quais buscam estratégias que são
populares entre os day traders. A diferença entre os melhores e os piores
retornos desses informativos nos últimos 12 meses é de enormes 81 pontos
percentuais. A faixa comparável no horizonte de 15 anos é de apenas 11 pontos
percentuais anuais. Uma vez que se está concentrando no mesmo grupo de
consultores, em ambos os casos, a habilidade não pode explicar a dispersão
muito maior no horizonte de um ano.
Ao aplicar a fórmula do Prof. Cornell a esses dados, 92% das
diferenças nos retornos anuais dos boletins informativos são devidos à sorte.
Quando ele aplicou a mesma fórmula a uma amostra de fundos mútuos de ações de
grande capitalização dos EUA, ele chegou à conclusão quase idêntica.
Para ter certeza, não existe um banco de dados abrangente de
retornos de day traders ao qual se poderia aplicar o teste do Prof. Cornell.
Mas ele diz estar confiante de que o papel desempenhado pela sorte no
desempenho dos day traders seria, se alguma coisa, ainda maior do que é para relatórios
informativos e fundos mútuos.
Um teste diferente foi proposto por Michael Mauboussin,
diretor da Counterpoint Global, uma divisão da Morgan Stanley Investment Management.
Em seu livro “A Equação de Sucesso: Desembaraçando Habilidade e Sorte em
Negócios, Esportes e Investimentos”, ele enfoca a rapidez com que um gestor de
primeira linha cai para o meio do pelotão. Seu raciocínio é que quanto mais
rápido isso acontece, mais a sorte está desempenhando um papel.
Aplicou-se o teste de Mauboussin a quatro décadas de
retornos de boletins informativos de investimento. Concentrou-se em todas as
ocasiões, desde 1980, em que um boletim informativo estava entre os 10% principais
em retornos de um determinado ano. Se o desempenho fosse uma questão de
habilidade pura, você esperaria que cada um desses boletins informativos
estivesse no decil superior no ano subsequente também - com uma classificação
percentual média de 95. Se o desempenho anual fosse pura sorte, em contraste,
você espera que sua classificação percentual no ano subsequente seja 50.
Em média, esses boletins informativos do decil superior no
ano subsequente foram classificados no percentil 51, um pouco acima do que você
esperaria com base na pura aleatoriedade. Resultados semelhantes foram
alcançados pelos relatórios periódicos produzidos pela S&P sobre o
desempenho de fundos mútuos administrados ativamente. Na verdade, o relatório
cobrindo o desempenho durante o final de 2019 citou resultados ainda piores do
que aleatórios, dizendo: “Apenas 3,84% dos fundos de ações na metade superior
da distribuição em 2015 mantiveram esse status anualmente até 2019,
significativamente abaixo da chance aleatória preveria”
Um teste mais complexo para separar habilidade da sorte foi
proposto por Campbell Harvey, um professor de finanças da Fuqua School of
Business da Duke University e Yan Liu da Purdue University. Em essência, eles
desenvolveram uma técnica para isolar a parte do retorno de um determinado gestor
que foi o resultado da habilidade - produzindo uma medida que eles chamam de
Alfa com Redução de Ruído. O Prof. Harvey diz que essa técnica faz um trabalho
melhor do que as abordagens anteriores na identificação de gestores capazes de
vencer o mercado. Portanto, a habilidade de investimento definitivamente
existe.
Ainda assim, ele acrescenta, ao aplicar sua técnica ao
pequeno subconjunto de gestores que a avaliação de desempenho tradicional
considera ter vencido o mercado, ele descobriu que “mais de 90% deles o fizeram
por sorte”. Portanto, embora exista habilidade, é raro. Na verdade, diz o
professor Cornell, a habilidade desempenha um papel tão pequeno que quase todos
os investidores individuais deveriam agir como se ela não desempenhasse nenhum
papel.
“Para a maioria dos investidores, os desvios de resultado
sobre um fundo de índice (ETF) são essencialmente sorte,” conclui o professor
Cornell. “Eles (investidores) podem simplesmente não saber disso.”
Então, ainda motivado a entrar no campo de investimento, ou
pior, de day trader, achando que com você vai ser diferente?
Vou acrescentar alguns dados: estatisticamente, depois de 6
meses de operação, 80% das contas abertas nas corretoras são fechadas, porque
esses indivíduos perdem todo seu capital. O resultado de um portfólio, depende
90% da alocação de ativos (se está em renda fixa, renda variável ...), e apenas
10% pela escolha de um fundo específico.
Para finalizar, se mesmo com todos esses argumentos você se
sente capaz de enfrentar essas dificuldades aconselho 2 pontos: aprenda análise
técnica para te auxiliar como ferramenta, e mais importante de tudo estabeleça
um stoploss antes de entrar em qualquer operação. Não pense que vai dar a
porrada de sua vida numa única operação!
Depois de ter rompido a máxima histórica em 11.280, ontem, com uma queda próxima a 2%, causou alguma preocupação. Hoje o mercado recupera dessas perdas e se aproxima novamente da máxima, indicando ser provável a continuidade da alta.
Estou dizendo isso, pois, quase fui levado a sugerir uma
estratégia de curto prazo no trade em aberto. Me explico: caso tudo ocorra com
o visionado, o índice depois de atingir o intervalo anotado como curto prazo,
uma correção deve levar o Nasdaq de volta para os 11.000, para somente depois,
iniciar nova a alta. Sendo assim, porque não vender ao atingir 11.700, para
recomprar depois de alguns dias?
Não acho que seria produtivo, nem tampouco tão previsível
assim. Mas vamos deixar o tempo avançar e decidir mais a frente o que fazer,
seguindo as informações que obtemos dos preços.
O SP500 fechou a 3.380, com alta de 1,40%; o USDBRL a R$
5,4323, com alta de 0,98%; o EURUSD a € 1,1785, com alta de 0,39%; e o ouro a
U$ 1.913, com alta de 0,15%.
Fique ligado!
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