Inflação não é nota de escola

O título comparativo de hoje, foi influenciado pelo evento que participei pela manhã. Fui convidado a fazer uma exposição para os alunos de mestrado de Finanças da FEA. Fiquei feliz e honrado. Essas situações me permitem organizar um assunto e interagir com os jovens. Isso me dá muita energia.

Escolhi um tema muito ventilado atualmente: Quem está certo, a economia americana que passa por um momento delicado, como vários economistas sugerem, estar o EUA à beira de uma depressão; ou o SP500 que indica um grau de otimismo para o futuro?

 Minha conclusão é que os dois tem seus pontos, a economia passa por uma situação incerta sobre vários setores, enquanto o SP500 com uma alta concentração de empresas de tecnologia e saúde, que se aproveitam da situação atual, apresentando alta em suas receitas e lucros.

Acredito que receberei uma gravação desse evento que disponibilizarei aos leitores. Um pouco longa, ultrapassou o tempo estimado de uma hora, por conta de várias perguntas muito instrutivas feitas pelos mestrandos.

O Federal Reserve aprovou por unanimidade na quinta-feira uma nova estratégia que efetivamente deixará de lado uma prática que vem seguindo há mais de três décadas, a de aumentar preventivamente as taxas de juros para evitar o aumento da inflação.

O presidente do Fed, Jerome Powell, revelou as atualizações em um discurso agendado para um simpósio virtual na quinta-feira, a reforma mais ambiciosa da estrutura de definição de políticas do Fed desde que foi aprovada em 2012. O efeito prático é que pode ser muito longo antes de o Fed considerar aumentar as taxas de juros.

Powell disse que as mudanças refletem as lições que os membros do banco central aprenderam nos últimos anos, sobre como a inflação não subiu como previsto quando o desemprego caiu para níveis historicamente baixos.


“Isso reflete nossa visão de que um mercado de trabalho robusto pode ser sustentado sem causar um surto de inflação”, disse Powell.

O Fed vinha se movendo nessa direção nos últimos 18 meses, um ponto que ficou claro no início de 2019, quando as autoridades abandonaram abruptamente os planos de continuar a aumentar as taxas de juros. Powell iniciou uma revisão da estratégia de definição de políticas no final de 2018, motivado pela probabilidade preocupante de que, os bancos centrais em todo o mundo, enfrentarão maior dificuldade do que no passado para estimular o crescimento, devido aos baixos níveis das taxas de juros.

A recessão induzida pela pandemia de coronavírus trouxe esses desafios para um grande alívio. O Fed cortou sua taxa de referência duas vezes em março, para quase zero, de uma faixa entre 1,5% e 1,75%, e comprou trilhões de dólares em ativos do governo para estabilizar os mercados.

O Fed consagrou as conclusões de sua revisão de estratégia de um ano na quinta-feira, ao aprovar formalmente uma reformulação da declaração do banco central sobre metas de longo prazo e estratégia de política monetária. Powell garantiu um acordo sobre essas mudanças de todos os 17 membros que participam das deliberações do comitê de fixação de taxas do Fed.

Durante anos, o Fed justificou planos de retirar lentamente o estímulo, alertando que esperar muito para fazê-lo poderia provocar uma aceleração das pressões de preços, especialmente porque a taxa de desemprego está abaixo de um nível estimado para empurrar os preços para cima, às vezes referido como a taxa natural de desemprego.

O novo comunicado aprovado na quinta-feira disse que as decisões de aumentar as taxas de juros seriam guiadas por quebras de emprego em seu nível máximo, em vez de dizer que seriam guiadas por desvios. Em outras palavras, o Fed sinalizou que não aumentaria as taxas de juros simplesmente com base em uma previsão de que a inflação aumentará, mas, em vez disso, esperaria para ver evidências de que a inflação estava na meta de 2% do banco central.

O Fed acredita que a economia funciona melhor quando as empresas e os consumidores se comportam como se a inflação fosse nivelar com o tempo, apesar dos altos e baixos de curto prazo. As autoridades do Fed buscam uma inflação de 2% porque a consideram consistente com um crescimento saudável.

Embora o Fed não tenha alterado sua meta de inflação, ele fez uma mudança importante e amplamente antecipada ao declarar que se a inflação ficar abaixo de 2% após as desacelerações econômicas, ele buscará manter as expectativas de inflação de longo prazo estáveis procurando períodos de inflação acima de 2 % quando a economia está mais forte.

“O Comitê busca atingir uma inflação média de 2% ao longo do tempo e, portanto, julga que, após períodos em que a inflação tenha persistido abaixo de 2%, a política monetária adequada provavelmente terá como objetivo atingir uma inflação imediatamente acima de 2% por algum tempo”.

Powell disse que o banco central "não estava se amarrando a uma fórmula matemática específica que define a média" e caracterizou a mudança como uma "forma flexível de metas de inflação média".

Quando o Fed adotou formalmente sua meta de inflação de 2% em 2012, as taxas de curto prazo estavam próximas de zero, como são hoje. Mas os banqueiros centrais, economistas e investidores esperavam em grande parte que essas taxas retornassem com o tempo a níveis mais normais de 4% ou mais assim que a expansão econômica amadurecesse.

Mesmo antes de a pandemia atingir, essas taxas estavam estagnadas em níveis muito inferiores a 4% por razões que não deveriam mudar em breve, como demografia, globalização, tecnologia e outras forças que controlaram a inflação.

Enquanto isso, o Fed havia descrito sua meta de 2% nos últimos anos como simétrica, o que significa que 2% não era um teto. Sob a abordagem, o Fed não estava levando em consideração os erros anteriores do alvo.

O problema para alguns membros é que, exceto por um breve período em 2018, a inflação ficou abaixo da meta, mas nunca acima dela. Embora esses erros tenham sido relativamente pequenos, Powell disse que eles eram preocupantes porque o não cumprimento da meta poderia levar a quedas prejudiciais nas expectativas das empresas e dos consumidores, quanto à inflação futura.

“A persistente redução da inflação de nosso objetivo de 2% de longo prazo é motivo de preocupação”, disse Powell na quinta-feira. Embora possa ser contra intuitivo para o Fed desejar mais inflação, principalmente devido ao aumento dos custos de certos itens como habitação, Powell disse que o Fed precisava evitar "um ciclo adverso de inflação e expectativas de inflação cada vez mais baixas".

A dinâmica é particularmente preocupante porque a inflação esperada alimenta diretamente o nível geral das taxas de juros, disse ele. A inflação mais baixa priva os bancos centrais, com taxas de juros já baixas, de ferramentas para neutralizar desacelerações.

“Vimos essa dinâmica adversa se desenrolar em outras grandes economias ao redor do mundo e aprendemos que, uma vez estabelecida, pode ser muito difícil de superar”, disse o Sr. Powell. “Queremos fazer o que pudermos para evitar que essa dinâmica aconteça aqui.”

Tenho uma certa dificuldade de aceitar esse conceito como se fosse possível “compensar” inflação, ou desinflação passada. Num exemplo simples, imagine que a taxa de juros tenha permanecido alta por causa das projeções do Fed, e por conta disso, no futuro ficarão mais baixas para que na média desse período, fique dentro da meta. Como transferir os ganhos reais dos poupadores (ou perdas dos devedores) do primeiro período para o segundo? Não são compensáveis!

Na verdade, interpreto essa medida como uma forma de justiçar a falta de ferramentas, ou o desejo que o Fed tem, em não praticar juros negativos, no primeiro momento, e para não correr o risco de abortar o crescimento no segundo momento, prefere praticar um juro mais baixo.

Na Universidade, se você tira uma nota baixa numa prova, pode ainda passar nessa matéria com uma nota maior na segunda prova, que de tal forma compense na média. No juro não acredito que esse conceito se aplica, pois o risco é que, no período que se está compensando a inflação, ela (inflação) esteja subindo fora dos parâmetros. Isso pode fazer o Fed demorar em sua resposta contra a ameaça de inflações indesejadas.

Powell, política monetária frouxa com inflação em alta, vem ate aqui no Brasil que nós temos uma longa história nesse quesito! Em todo caso deu o recado, falar em subir juros na reunião do FOMC virou palavrão!

No post comprar-na-maxima,fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” Como podem notar, eu espero uma queda aos níveis de U$ 1.810, para em seguida o ouro voltar a seguir. Caso a queda continue além desse preço, vou ficar seriamente em dúvida sobre a continuidade da alta. Mas não vamos nos antecipar, por enquanto ficamos com essa opção” ...


Eu acabei não colocando alternativas para essa correção, pois a intensidade da queda ocorrida depois de atingir a marca de U$ 2.080, indicava a correção que eu sinalizei. Passado uma semana, o efeito dessa queda foi mitigado, indicando que se trata de uma correção mesmo e não algo mais preocupante.

Uma outra possibilidade que surge, seria que o ouro está na formação de um triangulo. Nesse caso, o nível de U$ 1.810 não seria atingido. Veja a seguir essa possibilidade.


Para que o triangulo esteja em voga, é necessário que o ouro fique contido entre U$ 2.014 e U$ 1.863, uma amplitude considerável de U$ 150, dentro desse intervalo o triangulo estaria em andamento. Os níveis intermediários entre U$ 1.976 e U$ 1902, são indicações de segunda ordem no mesmo sentido, não tão fortes. Em outras palavras, acima de U$ 2.014 o ouro estaria seguindo para novas altas, e abaixo de U$ 1.863, novas quedas.

O que fazer? Para apostar que o triangulo está em andamento, nosso stoploss deveria ficar em U$ 1.863, o que significa uma perda potencial do preço atual de U$ 67. Por outro lado, a confirmação estaria a U$84 (U$ 2.014). Como não estamos numa aula de matemática, não parece um bom risco retorno. Além do mais, numa janela de prazo mais curto, não aponta para nada conclusivo.

Sendo assim, sugiro aos leitores fiquem de sobre aviso, para um eventual call de compra de ouro nos próximos dias.

O SP500 fechou a 3.484, com alta de 0,17%; o USDBRL a R$ 5,5701, com queda de 0,62%; o EURUSD a € 1,1820, sem variação; e o ouro a U$ 1.928, com queda de 1,26%.

Fique ligado!

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