Tudo é possível #SP500
Um artigo chamou minha atenção, ao comentar que o risco que
existe daqui em diante é de deflação e não inflação. Embora não concorde com
essa ideia pois ainda existem fatores para pressionar os preços, vale a pena
ver suas ideias. Cullen Roche publicou em seu site Pragamatic Capitalism indicando
que o risco de deflação é maior que o de inflação mais alta.
O CPI mais recente chegou a 9,1%, então pode parecer
estranho pensar que o risco de desinflação e deflação está aumentando. Mas,
embora o CPI seja um indicador atrasado, muitos indicadores de visão para a
frente estão começando a contar uma história muito diferente – uma história de
queda da demanda e queda dos preços.
A história econômica e inflacionaria dos últimos 36 meses é
simples:
- Tivemos
uma pandemia global a que respondemos imprimindo US$ 7 trilhões, enquanto
também fechamos grandes partes da economia global.
- Isso
criou uma mistura de inflação do lado da demanda e inflação do lado da
oferta.
- Embora
muitas pessoas pensassem que a inflação seria "transitória" ela
persistiu mais do que muitos esperavam por causa das ondas de COVID,
paralisações e, em seguida, a surpreendente guerra na Ucrânia.
Estou no mesmo campo ao ter previsto a inflação alta em
2020 e 2021, mas fiquei chocado com a persistência da COVID e da
Guerra na Ucrânia, de modo que a inflação superou um pouco a minha previsão
original. Acho que preciso consertar minha bola de cristal para que possa
prever guerras e pandemias. Dito isto, isso não muda minha visão de alguns
meses atrás – ainda espero que a inflação seja moderada nos próximos anos e, na
verdade, acho que o risco de deflação total está aumentando.
Quanto aos precedentes históricos, penso que uma repetição
da década de 1970 e o risco de um período prolongado de inflação elevada é
exagerado. Na verdade, eu diria que o risco de deflação está se tornando cada
vez mais aparente. Este ambiente se parece mais com o que ocorreu em 2008 do
que 1978.
Hesito em comparar qualquer coisa com a crise financeira de
2008 porque foi uma crise tão única, mas o período atual tem mais semelhanças
do que muitas pessoas querem admitir. Isso inclui:
- Ações
e imóveis em expansão que só começaram a esfriar nos últimos meses.
- Preços
das commodities em expansão e inflação desconfortavelmente alta.
- Um
Fed agressivo que está mais preocupado com a inflação descontrolada do que
com o risco de deflação.
Algumas pessoas têm argumentado que a inflação será
persistente devido a espirais de preços salariais, aumento dos aluguéis ou uma
continuação das restrições de oferta do COVID. E enquanto uma guerra piorando
na Ucrânia ou uma guerra em Taiwan certamente causaria uma inflação contínua, a
linha de base neste momento parece ser dominada por outros resultados de maior
probabilidade:
- O
COVID e suas paralisações relacionadas estão terminando ou pelo menos
moderando substancialmente.
- Uma
guerra em Taiwan parece um risco extremo.
- As
cadeias de suprimentos estão melhorando.
- A
demanda está desacelerando em toda a economia, especialmente à medida que
os aumentos das taxas esfriam o mercado imobiliário.
- Os
ventos contrários fiscais continuarão bem até 2023.
Mais importante, algo potencialmente nefasto está se formando sob a superfície aqui e estamos apenas começando a vê-lo no mercado imobiliário. Em suma, a reação agressiva do Fed à inflação estagnou o mercado imobiliário no pior momento possível porque os preços subiram muito. Então nós temos uma combinação desagradável de preços muito altos combinados com taxas hipotecárias subitamente inacessíveis. A única maneira disso se resolver é de três maneiras:
- Os
preços das casas caiam substancialmente.
- As
taxas de hipoteca revertem para suas taxas antigas.
- Algum
combo de 1 e 2.
Como aprendemos em 2008, a habitação é a economia dos EUA.
Então, quando o setor imobiliário dos EUA cair, vai arrastar tudo com ela.
Embora alguns estejam preocupados que a inflação continue a subir porque o
reajuste dos aluguéis ainda é disperso, acredito que o risco de deflação nos
preços das casas representará um risco negativo significativo para a inflação
nos próximos anos. Na verdade, os investidores se preocupavam com a mesma coisa
em 2006/7, quando a relação preço/aluguel era muito menor. Isso é parte do
motivo pelo qual o Fed exagerou em 2005/6 e elevou tanto as taxas de juros. Mas
o que eles estavam realmente fazendo era esmagar a demanda habitacional e criar
disfunção nos mercados de crédito. Esse mesmo risco está acontecendo hoje.
O melhor aqui é que a força motriz são os preços das casas que
é o fator volátil. Os aluguéis defasam substancialmente devido a acordos
contratuais e atrasos salariais. Os salários reais e nominais estão, na
verdade, desvalorizando, colocando um limite para cima sobre o quanto os
aluguéis podem aumentar. E o mercado imobiliário vai pressionar os preços das
casas. Isso significa que a relação preço/aluguel provavelmente convergirá nos
próximos anos principalmente porque os preços das casas têm risco negativo,
porque os aluguéis não têm risco de subir.
Quero enfatizar que não acho que isso seja uma repetição da
crise financeira de 2008. A dinâmica da habitação subjacente é muito mais
saudável hoje do que era naquela época, mas meu caso de base continua a
desacelerar o crescimento e a desinflação com um risco crescente de deflação
se a habitação enfraquecer mais do que eu esperava. Por outro lado, o risco
óbvio para esta previsão é o retorno às paralisações do COVID, grandes
estímulos fiscais, o agravamento da guerra na Ucrânia e/ou uma guerra em
Taiwan. Mas eu diria que a desinflação e o aumento do risco de deflação são
mais prováveis do que uma inflação elevada prolongada.
Os pontos levantados por Cullen fazem sentido pois se
baseiam no fato dos americanos estarem perdendo poder aquisitivo em termos
reais e a alta do preço das residências ter subido muito nos últimos dois anos,
esses dois efeitos limitam o valor que se pode dispender em aluguel.
Mas vejo uma diferença marcante em relação ao que ocorreu em
2008. Naquele momento as casas subiam de preço pelo elevado nível de
financiamento originado pelos bancos através de abundância de crédito, hoje não
é de longe a mesma situação em que as finanças dos americanos nunca estiveram
tão saudáveis.
Minha experiencia no ramo imobiliário mostrou que as crises
acontecem quando existe muita dívida, pois ao primeiro engasgo uma quantidade
grande é colocada a venda – a qualquer preço – pelos bancos para liquidar inadimplência.
Quando isso não ocorre a queda é muito mais lenta, pois não existe a mesma
urgência. Para mim essa é a grande diferença, portanto não compro essa ideia de
deflação.
No mundo dos negócios tudo é possível mas o que importa mesmo é o quanto é provável.
No post qual-o-tamanho-do-buraco, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ... “
O gráfico com janela de 1 hora
acima fornece os caminhos possíveis nos próximos dias:
- “terra de ninguém” – nessa
região nada definido.
- máximo suportável – até 4.000
pontos essa mini alta poderá ir e depois voltar a cair. Acima disso vou
considerar a hipótese que a correção terminou.
- ganha impulso – abaixo de 3.818 vou trabalhar com mais quedas a frente com grande chance de ultrapassar a mínima de 3.636 ocorrida em 17 de junho” ...
Vou te responder usando uma artigo publicado na Bloomberg por
Sagarika Jaisinghani e outra, cujo tema seria a capitulação total dos
investidores em meio ao pessimismo usando uma pesquisa do Bank Of America.
Os investidores reduziram sua exposição a ativos de risco a
níveis não vistos mesmo durante a crise financeira global, em um sinal de
capitulação total em meio a uma perspectiva econômica "terrível", de
acordo com a pesquisa mensal de gestores de fundos do Bank of America Corp.
As expectativas globais de crescimento e lucro afundaram para uma baixa de todos os tempos, enquanto as expectativas de recessão estavam em seu maior nível desde a desaceleração alimentada pela pandemia em maio de 2020, escreveram estrategistas liderados por Michael Hartnett na nota. A alocação de investidores para ações caiu para níveis vistos pela última vez em outubro de 2008, enquanto a exposição ao caixa subiu para o maior desde 2001, de acordo com a pesquisa. 58% dos gestores de fundos disseram que estão assumindo riscos inferiores aos normais, um recorde que superou os níveis globais de crise financeira da pesquisa.
O que pode estar acontecendo é que não tem mais "ninguém" (figurativo) para vender ações, e para os fundos que estão apostando na queda essa é uma posição desconfortável, podendo ser eles o estopim da alta.
Talvez o que te deixa mais perplexo é como o Mosca passa
de um posicionamento de baixa para o de alta sem que tenha motivos aparente
para essa mudança radical, embora tenha enfaticamente colocando essas duas
possibilidades ultimamente. Mas existe sim um motivo, o gráfico, é nele que
faço a leitura, e será essa leitura que me levaria ao campo da alta.
O SP500 fechou a 3.936, com alta de 2,76%; o USDBRL a R$ 5,4157,
com queda de 0,40%; o EURUSD a € 1,0224, com alta de 0,83%; e o ouro a
U$ 1.711, com alta de 0,14%.
Fique ligado!
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