As chances são (sempre) contra #ibovespa
O Mosca enfatiza alguns pontos desde o primeiro dia
de sua publicação. Os principais são: dinheiro não é capim (tratado no post de
ontem); qual fator explica seu retorno: sorte ou competência; nunca entre num
trade sem estabelecer o stop loss de início; mais importante que
escolher um bom fundo é estabelecer a alocação em ativos de risco.
O volume de fundos indicias nos EUA não param de crescer ultrapassando os fundos mútuos, no Brasil ainda não começou essa migração de forma mais concreta, o BOVA11 ainda tem volume marginal quando comparado os fundos abertos. Não fosse só pela diferença de custos entre esses dois produtos – os fundos abertos normalmente cobram 2% a.a. + taxa de performance, enquanto o BOVA11 cobra 0,30% a.a. (existe outros fundos que seguem o Ibovespa – XBOV11; BOVV11; BOVB11).
O resultado a seguir com janelas das mais variadas apontam para a direção de evitar fundos mútuos. Na verdade, de forma até contraintuitiva pois os investimentos deveriam ser de longo prazo, quanto mais passa o tempo maior a chance de seu fundo ficar atras do indicie.
Nir Kaissar da
Bloomberg publicou um artigo sobre a boa performance dos fundos mútuos
americanos até o primeiros cinco meses do ano, mas que não devem durar. Mas talvez
mais interessante que os dados desses fundos é análise que fez da performance
estelar do Fundo Magellan da Fidelity Invetments administrado pelo legendário
Peter Lynch.
Os "caçadores" de ações estão batendo o mercado em números
extraordinariamente grandes este ano, elevando a velha questão sobre se seu
sucesso pode ser atribuído mais à sorte ou habilidade.
Quase 70% dos cerca de 2.850 fundos mútuos de ações dos EUA administrados ativamente com o objetivo declarado de vencer o Índice S&P 500 fizeram isso este ano até o final de maio. Essa é uma grande melhora em relação ao ano passado, quando apenas 15% dos grandes selecionadores de ações dos EUA bateram o mercado, de acordo com o último relatório SPIVA da S&P que acompanha o desempenho dos gestores ativos. Também é muito maior do que o normal. Em média, cerca de 35% dos gestores superaram o S&P 500 em qualquer ano civil, com base nos resultados anuais de 2007 1.
Mesmo assim, os resultados deste ano não são totalmente surpreendentes. A maioria dos gestores de ações investe em uma ampla seção transversal do mercado, desde empresas de tecnologia em rápido crescimento até bancos e fabricantes “sem graça”. Até recentemente, as ações de tecnologia eram as melhores performances por muitos anos, o que aumentou seu valor de mercado em relação a outras ações e lhes deu uma fatia cada vez maior de índices como o S&P 500 2 que pesam ações em tamanho. Enquanto a tecnologia estava quente, era impossível para um portfólio amplamente diversificado para acompanhar. Agora é exatamente o oposto — com as ações de tecnologia liderando os declínios, carteiras bem arredondadas têm a vantagem.
2 Acredito que seja de interesse do leitor conhecer a alocação do SP500 nos diversos setores. Mesmo nesse indicie mais abrangente a parcela de tecnologia representa quase 30% a maior de todas.
É um erro, no entanto, assumir que o sucesso recente dos
gestores ativos persistirá. A evidência é esmagadora de que quanto mais tempo
eles jogam o jogo, mais provável é que eles percam. O último relatório da SPIVA
é típico: apenas 17% dos gestores de ações de empresas grandes dos EUA bateram
o S&P 500 nos últimos 10 anos até 2021, e esse número cai para 6% em 20
anos.
O tempo torna a maioria dos gestores de ações perdedores. Certa
vez, os investidores institucionais chamaram o gestor de fundos de hedge Gabe
Plotkin de "prodígio" depois que ele acumulou ganhos de 30% ao
ano ao longo de meia década. O bilionário Ken Griffin, que apoiou o fundo de
Plotkin, o chamou de "um investidor icônico" que "fez um
trabalho incrível para seus investidores" em uma entrevista recente à
Bloomberg Intelligence.
Agora, Plotkin está fechando seu fundo após quedas de 39%
no ano passado e 23% este ano até abril. Reação de Griffin: "O fundo de
hedge médio vive por cerca de três anos. Então, várias centenas fecharam por
ano e o mundo continua." Lá se foi a habilidade.
Ainda mais reverenciado é Chase Coleman, fundador do fundo
de hedge Tiger Global Management. Seu fundo de duas décadas supostamente gerou retornos de mais de 20% ao ano até
2020, auxiliado por grandes apostas em tecnologia. Agora essas apostas estão
azedando. Depois de um ano de baixa em 2021, o principal fundo de hedge de
Coleman caiu 44% este ano até abril, e seu fundo de longo prazo caiu 52%. O que
aconteceu? "Os mercados não têm sido cooperativos", escreveu a Tiger
Global aos investidores. Eles raramente são para gestores de ações.
Nem mesmo os registros mais admirados são necessariamente uma demonstração de habilidade. Talvez o mais reverenciado pertença a Peter Lynch, que acumulou um retorno de 29% ao ano no comando do Fundo Magellan da Fidelity de 1977 a 1990, incluindo dividendos. Ele superou o S&P 500, referência do fundo, em mais de 13% ao ano durante esse período.
Pode parecer domínio de escolha de ações, mas não conclua rápido. Por um tempo, Lynch não investiu no S&P 500. Ele comprou empresas de alta qualidade que negociavam a um preço razoável, uma mistura de duas estratégias - qualidade e valor - que são bem conhecidas por ter superado o mercado historicamente.
E como aconteceu, a combinação das duas estratégias bateu o mercado por uma enorme margem enquanto Lynch liderava Magellan. Uma mistura dos 20% mais rentáveis e baratas das ações dos EUA, ponderadas igualmente, retornou 28% ao ano durante esse período, de acordo com números compilados pelo professor de Dartmouth Ken French, quase igualou o desempenho de Lynch. Tanto Magellan quanto a mistura de rentabilidade/valor também são comparativamente voláteis e cerca de um terço mais voláteis que o S&P 500, outra indicação de que a mistura de rentabilidade/valor captura mais de perto o estilo de investimento de Lynch do que o S&P 500.
Então não parece haver nenhuma magia na escolha de ações de Lynch. Ele teve apenas sorte que seu estilo de investimento foi a favor durante seus 13 anos no comando do Magellan Fund. Nem sempre é assim. Se ele tivesse cumprido seu estilo durante os últimos 13 anos, ele provavelmente teria gerado um retorno mais próximo de 6% ao ano, ou 1 ponto percentual melhor que o S&P 500. Na verdade, em 1963, não há outro período fora do final dos anos 1970 e 1980 em que Lynch teria feito quase tão bem. E se seu registro desaparecer sob escrutínio, imagine como outros gerentes ficam chatos.
Tenha tudo isso em mente quando ouvir sobre os gestores de
ações batendo no mercado este ano. Pode haver um punhado deles com longos e bem
sucedidos registros que não podem ser totalmente explicados pelo seu estilo de
investimento. Warren
Buffett, David Tepper e Chris Hohn vêm à mente. Mas
são grandes exceções. Todos os outros provavelmente tiveram sorte.
1 Uma atualização mais recente do resultado dos fundos corrobora a visão de Kaissar. O gráfico a seguir com a performance dos fundos que bateram seu benchmark nos últimos 12 meses são meros 15%. Análise para prazos mais longos indicam na mesma direção.
A conclusão é muito semelhante a que eu obtive no estudo que
elaborei na FEA sobre fundos multimercados, alguns gestores se destacam dentro
da sua categoria, porém, esse sucesso termina algum dia, desta forma, seja rápido
em agir. Sendo assim, se você tiver sorte em identificar algum deles vai em frente,
mas saiba que as chances estão contra você.
No post sobrou-boia-furada, fiz os seguintes comentários
sobre o Ibovespa: ... “ A bolsa brasileira buscou
uma reação no curto prazo, mas continua próxima das mínimas recentes. Para
sugerir um trade de venda vou me fixar em alguns níveis de interesse: No
gráfico a seguir apontei dois alertas de preços.
Muito bem, o que fazer?
1) Caso
o nível de 97.8 mil seja rompido nos fornece indicação que a queda estará em
andamento rumo ao primeiro objetivo de ~85 mil.
2) Ao inverso, se o Ibovespa mantiver os preços e ultrapassar 102.1 mil, um mini movimento de alta deverá levar até o intervalo entre 103.2 mil/ 106.7 mil” ...
Na avaliação do resultado das bolsas em vários mercados, o Ibovespa foi a campeã, ou melhor, a menos ruim. Já é um começo! Haha ...
Fique ligado!
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