Banco Central não é para amadores #ibovespa

 


Só quem passou por muitas crises sabe como a função exercida no Banco Central é extremamente técnica. Vale a pena comentar o que aconteceu na Suécia, um país desenvolvido. No Outono de 1992, o Riksbank aumentou a taxa de juro para 500%, a fim de defender coroa. Essa defesa falhou, e a coroa sofreu elevada desvalorização diante do dólar. Esse desenvolvimento dramático teve sua origem na grave recessão internacional dos anos 1990 e nos efeitos colaterais da reunificação alemã.

Como essa, existiram várias que eu presenciei, e posso garantir que a função de um banco central não é se sentar numa mesa de botequim tomando uma cerveja e decidir qual será a taxa de juros — como Lula imagina, que é ignorante em assuntos econômicos.

Fernado Haddad, ministro que tem se mostrado mais equilibrado — vamos ver por quanto tempo —, achou um nome para substituir o diretor de política monetária do BCB: Gabriel Galípolo, seu braço direito atual no Ministério da Fazenda.

Como não o conhecia, fui buscar mais informações sobre o que pensa e sobre sua qualificação. É Bacharel em economia e mestre em Economia Política pela PUC, uma Universidade enviesada e de segunda linha em termos de ranking.

Especula-se que sua indicação será um primeiro passo dentro do BC, e que ele assumiria a presidência quando Campos Neto terminasse seu mandato em dezembro de 24. Caso isso ocorra, será um enorme downgrade para quem já teve Ilan Goldfajn e Campos Neto, ambos com formação nas melhores escolas internacionais, além de serem mais experientes profissionalmente.

Mas esses fatores não seriam suficientes para desqualificá-lo, embora algumas declarações de Galípolo vão em sentido inverso do que se esperaria de um presidente de um banco central. Em entrevista ao Estadão, disse que pretende ser um facilitador da condução das políticas monetárias e fiscal, fazendo o meio de campo entre o BC e Fazenda. Essa ideia não faz o menor sentido, pois existe um conflito de interesses entre esses dois órgãos, razão da independência do BC. À Folha de São Paulo, respondendo à pergunta sobre a sua possível indicação à presidência, afirmou: “estou à disposição do Lula”. Como assim, ele deveria estar à disposição não do presidente da República, mas da população, como guardião da moeda e não do interesse do governo.

Mas antes de se especular sobre um futuro longínquo, sua indicação poderá ser um tiro no pé para o governo. Como será voz minoritária no Comitê de política monetária, se nas votações se colocar contrário à posição da maioria, os juros futuros poderão subir ao invés de cair, pela insegurança que sua posição traria como presidente do BC.

Além da definição das taxas de juros, o presidente de um banco central tem diversos outras matérias tão importantes, como a solvência dos bancos — problema que não enfrentamos no Brasil há algumas décadas, mas que pode surgir. Sobre esse tema, Bill Dudley traça duras críticas ao Fed pela não sinalização do risco que o aumento de juros representaria ao sistema bancário americano.

O Federal Reserve fez um bom trabalho ao assumir a responsabilidade por seu papel na crise dos bancos regionais dos EUA. Mas ainda há uma área em que fica aquém: reconhecer sua incapacidade de sinalizar os riscos que o aumento das taxas de juros representaria para o sistema financeiro.

A análise do Fed sobre a falência do Silicon Valley Bank é extraordinariamente franca. Ele conclui claramente que os supervisores bancários não “avaliaram plenamente a extensão das vulnerabilidades”, que não “tomaram medidas suficientes para garantir” que os problemas fossem resolvidos com rapidez suficiente e que altos funcionários “impediram a supervisão eficaz reduzindo os padrões, aumentando a complexidade e promovendo uma abordagem de supervisão menos afirmativa.”

No entanto, a avaliação do Fed deve ser mais ampla. Especificamente, deve explicar por que o monitoramento da estabilidade financeira do banco central não identificou o perigo criado por suas escolhas de política monetária, que resultaram no maior e mais acentuado aumento das taxas de juros desde o início dos anos 1980.

Em seu Relatório de Estabilidade Financeira de novembro de 2022, o Fed expressou preocupação com os riscos de financiamento de fundos mútuos do mercado monetário, stablecoins e fundos mútuos de títulos. Mas considerou os riscos dos bancos “baixos, devido às suas grandes participações em ativos líquidos e à dependência limitada de financiamento no atacado”. O último relatório, divulgado esta semana, aborda a questão dos bancos regionais que financiam investimentos de longo prazo e sensíveis a juros com depósitos incertos e não garantidos — talvez tarde demais para fazer uma diferença.

Mais importante, o Fed ainda não reconheceu adequadamente duas maneiras importantes pelas quais a política monetária contribuiu para a crise.

Primeiro, ao se comprometer a manter as taxas de juros de curto prazo próximas de zero até que a economia atingisse o pleno emprego e a inflação ultrapassasse 2%, o Fed assegurou que demoraria muito no aperto da política monetária. Quando a inflação disparou, ele teve que aumentar as taxas mais rápido e mais alto do que faria se tivesse sido mais preventivo. Como resultado, gerou um choque significativamente maior nos custos de financiamento dos bancos e no valor de seus investimentos de longo prazo.

Em segundo lugar, o programa de flexibilização quantitativa do Fed, ao trocar dinheiro por títulos, inundou o sistema bancário com reservas e depósitos. No ambiente de taxas baixas de 2020 e 2021, isso naturalmente tentou alguns bancos a aumentar os ganhos comprando ativos de renda fixa de longo prazo e rendimento mais alto. Ao longo dos dois anos, seus títulos de investimento aumentaram em US$ 1,8 trilhão, para US$ 5,8 trilhões, enquanto os depósitos aumentaram quase US$ 5 trilhões, para US$ 18 trilhões. Os bancos também alongaram os vencimentos de suas participações: a parcela de títulos de investimento superior a 3 anos aumentou de 71% para um pico de 78%.

As autoridades do Fed destacaram essas questões em uma apresentação em fevereiro de 2023 ao Conselho. Em sua entrevista coletiva na semana passada, o presidente Jerome Powell minimizou a importância do relatório. “Não foi apresentado como uma situação urgente ou alarmante”, disse ele. “Foi apresentado como um tipo de coisa informativa e não decisiva.” No entanto, as questões destacadas mostraram-se extremamente importantes para vários bancos, pois as taxas de juros mais altas comprimiram suas margens de juros líquidas e reduziram o valor de mercado de seus títulos de longo prazo.

Vejo três lições para o Fed. Primeiro, o Comitê Federal de Mercado Aberto deve considerar os riscos de estabilidade financeira em suas decisões de política monetária. Se tivesse começado a apertar antes, o choque de juros teria sido menor, com consequências menos severas.

Em segundo lugar, o presidente e o FOMC devem assumir a responsabilidade final pela estabilidade financeira, em vez de delegar ao vice-presidente a supervisão. Seu trabalho de combater a inflação tornou-se muito mais complexo agora, porque é difícil saber o quanto a crise bancária vai restringir o crédito e como isso vai reduzir a atividade econômica.

Em terceiro lugar, os funcionários do Fed que supervisionam a economia, a estabilidade financeira, a regulamentação e a supervisão devem trabalhar juntos. Somente eliminando os silos organizacionais o Fed pode entender completamente como as decisões em uma área afetam outras. A otimização dos resultados dentro de cada segmento é inferior à otimização de todo o portfólio.

O relatório do Fed sobre o SVB é um passo louvável. Mas, embora necessário, pode não ser suficiente para evitar futuras instabilidades financeiras e turbulências econômicas.

Administrar um banco central não é coisa para amadores.

A taxa de inflação pelo CPI para o mês de abril ficou em 4,9% em linha com as previsões. O banco JPMorgan tem publicado uma expectativa para a bolsa em função dessa publicação que se encontra a seguir. A conferir no final do dia.



Ficou devendo!

No post a-media-engana fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” Dentro de todas as estratégias que eu acompanho do Ibovespa, e não são poucas, essa apresentada ainda me parece a mais provável. Na semana passada, após ensaiar uma recuperação, levou um tombo ontem colocando a bolsa muito próxima do nível psicológico de 100 mil” ...




A mínima atingida foi de 101,7 mil acima do patamar indicado, em seguida iniciou um movimento de alta. Eu cheguei a pensar num trade de venda que não implementei, afinal, a bolsa brasileira não apresenta uma boa direção como venho enfatizando. Por enquanto continuo com a hipótese de queda embora esteja muito próxima de ser eliminada como aponta o gráfico a seguir.




Por outro lado, estou próximo de mudar de camisa e sugerir um trade de compra.

- David bem que você fala, troca de posição e nem vermelho fica! Como assim passar de venda para compra com essa visão horrível que você tem do governo?

Como sabe bem, as 5 ondas é o que eu busco para orientação e tanto faz se sou a favor ou contra o governo!




 Ainda é necessário um pouco de trabalho para o Ibovespa me sugerir esse caminho. O gráfico abaixo contempla essa hipótese. Nessa opção a bolsa deveria atingir na sequência o patamar de 109,8 mil para em seguida iniciar uma correção, nessa correção devo sugerir um trade de compra entre 102,6 mil/ 101,2 mil, a ser mais bem calculado caso isso ocorra.

O SP500 fechou a 4.137, com alta de 0,45%; o USDBRL a R$ 4,9506, com queda de 0,71%; o EURUSD a 1,0979, com alta de 0,17%; e o ouro a U$ 2.030, com queda de 0,18%.

Fique ligado!

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