Escritório da esquina #usdbrl

 


Quando alguma empresa crescia no passado e buscava um novo escritório, a disputa ficava pelos lugares de esquina com visão de 180º graus para a área externa. Naturalmente, o andar também contava — quanto mais alto, mais importante era o executivo. Tive alguns desses lugares prestigiosos durante minha carreira profissional.

Mas os tempos foram mudando, as paredes das salas caindo, até que chegamos ao extremo atual onde 50% das pessoas trabalham em casa — pelo menos no mercado americano. O Mosca sempre teve a visão de que isso ocorreria, e agora está consolidando, como Heidi Mitchell reporta no Wall Street Journal.

O Hot-desking tem alguns problemas para resolver.

Com quase metade da população de escritórios pré-pandemia em algumas das principais cidades dos EUA trabalhando remotamente em qualquer dia, o hot-desking — no qual os funcionários não têm mesas designadas, mas pegam uma vazia nos dias em que vão para o escritório — parece uma economia de custos bastante óbvia. A Pesquisa de Local de Trabalho dos EUA de 2022 do Gensler Research Institute descobriu que 19% dos trabalhadores de escritório que responderam tinham espaços de trabalho não atribuídos, em comparação com 10% em 2020.

Há apenas um problema: muitos funcionários odeiam isso. Queixam-se do incômodo de terem de procurar um espaço de trabalho todos os dias que vão para o escritório, de não conseguirem encontrar uma estação que se adapte às suas necessidades e de não terem mais um espaço permanente que possam personalizar. A colaboração é mais difícil, dizem, e eles se sentem menos conectados com seus colegas.

"O trabalho recorrente, a ansiedade e o desenraizamento associado ao hot-desking foram emocional e fisicamente exaustivos", escreveu Manju Adikesavan, doutorando em psicologia ambiental no City University of New York Graduate Center, em um artigo publicado recentemente. "Carregar materiais de trabalho de um lugar para outro nos prédios do campus que eram meus locais de trabalho me fez sentir como um visitante e não como um membro de uma comunidade acadêmica."

A boa notícia para as empresas é que não precisa ser assim. Para começar, algumas pessoas apreciam a oportunidade de usar uma variedade de espaços de trabalho e de se envolver com uma gama mais ampla de colegas. E pesquisas revelam que existem maneiras de minimizar, e até mesmo eliminar, os pontos negativos do hot-desking.

Sensação de deriva

Infelizmente, na pressa para lidar com o aumento do trabalho remoto, muitas empresas implementaram o hot-desking sem pensar muito.

Em um nível, os problemas com o hot-desking são logísticos. Uma revisão de 23 artigos que analisaram o hot-desking nas últimas duas décadas foi publicada em março no Journal of Environmental Psychology. Observou-se que os funcionários muitas vezes achavam impossível localizar o tipo certo de estação de trabalho para suas necessidades — um cubículo com dois monitores, talvez, ou uma mesa elevada tranquila, ou uma sala de reunião com um quadro branco, diz Jennifer Veitch, pesquisadora principal do Centro de Pesquisa de Construção do Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá e coautora do estudo.

Questões como essas são mais do que apenas um aborrecimento pessoal, mostrou o estudo. Os hot-deskers também muitas vezes tinham dificuldade em encontrar colegas com quem quisessem colaborar, diz Veitch. E os gerentes muitas vezes achavam mais difícil gerenciar sua equipe porque nem sempre estavam próximos uns dos outros.

"As evidências não mostram que mais colaboração ocorre quando você junta as pessoas em uma sopa de mesas aleatórias", diz Veitch. "Sim, muita conversa pode acontecer, mas nem tudo isso é útil para a organização."

Alguns trabalhadores têm procurado recuperar essa sensação de espaço pessoal — minando todo o conceito de hot-desking no processo. David Courpasson, professor de sociologia e etnografia na Emlyon Business School, em Lyon, França, pesquisou recentemente uma organização belga cujos trabalhadores praticavam o que ele chama de "resistência objetal" ao traçar estratégias extraoficiais de maneiras coletivas de preservar um senso de propriedade de seus hot-desks.

"Observamos que muitos decidiram se reapropriar das mesas deixando itens pessoais à vista — fotos, adesivos, sacolas e até migalhas de almoços anteriores", diz Courpasson sobre a pesquisa que conduziu com Laurent Taskin, professor de recursos humanos e estudos organizacionais na Escola de Administração de Louvain, na Bélgica. A resistência não foi organizada, diz ele, mas foi discutida entre os funcionários. "A insatisfação era compartilhada aqui e ali, em bate-papos de corredor ou durante almoços e intervalos", diz.

Houve resistência semelhante também nas lideranças. "Mesmo os líderes não estavam seguindo as diretrizes rígidas do processo de escritório flexível", diz Courpasson. Eventualmente, alguns líderes de equipe cederam e permitiram um pouco de personalização dos espaços de trabalho compartilhados, uma abordagem que toda a organização agora tolera, diz o professor.

Uma jornada de trabalho mais longa

Alguns hot-deskers reclamam do tempo perdido procurando um espaço de trabalho que atenda às suas necessidades e dizem que as maneiras como lidam com esse problema alteraram seus horários de trabalho e consumiram seu tempo pessoal.

Como acontece com outras questões logísticas, esses problemas não são apenas irritações pessoais. Um estudo de 2019 de Annu Haapakangas, pesquisadora-chefe do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, descobriu que a dificuldade de localizar colegas em um escritório hot-desking prejudicou a comunicação e a formação de comunidades.

A mudança para o hot-desking, diz Haapakangas, "também pode aumentar as demandas de trabalho percebidas, pelo menos no curto prazo", porque menos contato com colegas e um senso de comunidade mais fraco podem criar estresse que leva as pessoas a sentirem que seu trabalho é mais exigente do que pensavam anteriormente.

Estes problemas para os trabalhadores podem tornar-se problemas sérios para os seus empregadores. Candido diz que os trabalhadores insatisfeitos que não se sentem apoiados no escritório são mais propensos a deixar uma organização, e os custos de substituição de talentos podem superar as medidas de economia de custos que o hot-desking pode proporcionar. Veitch diz que esse tipo de cálculo de custo nem sempre é claro para os líderes de uma empresa.

Fazendo funcionar

No entanto, a pesquisa também sugere que o hot-desking não precisa ser um desastre para os funcionários. Algumas empresas adaptaram o modelo básico de hot-desking de maneiras que os funcionários consideram atraentes.

"Vi casos de sucesso", diz Veitch. "A introdução de 'bairros' onde as pessoas ainda precisam se deslocar, mas se tornam 'nativas' de uma área de base doméstica, em vez de uma mesa, pode funcionar."

A chamada hotelaria é outra solução comum que tira um pouco do estresse do dia a dia de ter que encontrar um espaço de trabalho: os funcionários reservam um espaço específico com antecedência, tornando provável que eles possam encontrar a estação de trabalho devidamente equipada de que precisam e eliminando o tempo perdido de procurar uma vaga na chegada ao escritório.

A pesquisa também encontrou benefícios em fornecer uma mistura de espaços com diferentes ambientes, incluindo alguns com privacidade. Leroy Gonsalves, professor assistente de gestão e organizações na Questrom School of Business da Universidade de Boston, estudou uma grande empresa que passou de cubículos designados para uma mistura de espaços de trabalho — áreas tranquilas com divisórias altas, cafés abertos mais barulhentos, espaços para pequenas reuniões e salas de conferência, além de áreas de hot-desking. O controle dos trabalhadores sobre suas interações entre si aumentou substancialmente, o que eles gostaram, segundo o estudo.

Papel da gestão

Para fazer com que os funcionários comprem essa configuração e entrem no escritório com entusiasmo, as empresas precisam primeiro ouvir os trabalhadores e obter sua opinião sobre a criação de escritórios que atendam às suas necessidades, diz o Dr. Bergsten, da Universidade de Gavlë. Seu estudo de 2021 descobriu que quanto mais os trabalhadores participavam de atividades que explicavam o processo de mudança, maior era sua satisfação geral.

As pesquisas também sugerem a importância da liderança da empresa para fazer o hot-desking funcionar. "Não se pode falar de partilhar um espaço e depois o gestor está sempre trabalhando a partir da sala de conferências", diz o investigador. "O pessoal de cima para baixo deve abraçar e engajar ou vai parecer apenas um exercício de economia de custos, que os trabalhadores notarão."

Pelo teor desta reportagem e mesmo não estando mais na ativa, acredito que posso concluir que esse método, criado para suportar as demandas dos funcionários que querem ficar em suas casas mais tempo, é mais eficiente, por um lado, em rotinas que não demandam interação entre as pessoas. Sem medo de errar, as reuniões estão mais diretas, sem bate-papos antes e depois, horário seguido à risca e direto ao assunto. A “rádio peão” — denominação de como as fofocas chegavam aos ouvidos das pessoas no BFB, foi substituída pelo WhatsApp, que seguramente é mais poderoso.

Mais muita coisa vai se perder. Como as trocas de ideias sobre assuntos do trabalho ficam muito comprometidas, aquelas reuniões-relâmpago que um dirigente fazia para testar uma ideia não têm o mesmo impacto se realizadas por Zoom, onde alguns dos participantes podem estar trocando as fraldas de seus filhos.

O local de trabalho se tornou impessoal, mais frio e menos caloroso, sem as plantas de seu gosto, nem as fotografias da família; as mesas são mais talhadas para um “robô” do que para um ser humano. Fico com a impressão que caminhamos para um mundo corporativo mais pragmático; as relações advindas desse convívio tendem a diminuir, sem mais jogos de futebol ou festas de final de ano — você recebe e entrega apenas o necessário.

Compartilho a ideia de meu partner de acordo com sua visão e experiencia empresarial:

Há anos que eu reparei o quanto as pessoas tinham perdido o desejo por interação pessoal no trabalho. Eu ficava louco com pessoas que não atendiam o telefone, mas estavam sempre disponíveis no WhatsApp e respondiam e-mails. Planejar reunião pra discutir ou bater martelo olho no olho, podia esquecer. Ao mesmo tempo, a confiança no "sistema" e a submissão a ele eram totais. Ai de quem questionasse uma decisão superior, mesmo que obviamente incorreta. "Faço o meu trabalho, os outros que se ferrem" era uma atitude geral. Ao mesmo tempo, viviam todos em cubículos na vida pessoal também, apartamentos minúsculos do qual sempre saíam para lotar os bares e restaurantes dos bairros mais agitados. O individualismo atual, piorado pela pandemia, foi bem incorporado pelo "hot-desking". Só esqueceram que o funcionário moderno quer o bônus sem o ônus: um modo de trabalho flexível, mas só para ele. Trabalhar no escritório quando quiser, tudo bem, mas a mesinha e o lugarzinho guardadinhos para ele. E ai de quem cobrar presença...

O escritório de esquina não deve existir mais da mesma forma que no passado — ou foi incorporado ao hot-desking, ou esse executivo se encontra num ambiente quase vazio ou com pessoas que trabalham na empresa que ele nem sabe quem são por não pertencerem a seu time.  

Refletindo um pouco mais sobre esse assunto, esse movimento não parece muito diferente do que ocorre também na vida pessoal. Hoje, por exemplo, existem mais pessoas morando sozinhas que casais nos EUA. Estamos caminhando para um mundo mais solitário, ou estou extrapolando meu estágio de vida?

No post o-macaco-está-certo fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ Existem 3 níveis possíveis onde essa correção pode reverter sem que haja violação: R$ 4,8991; R$ 4,6896 e R$ 4,6070. Como indiquei no gráfico, a onda pode ir até qualquer nível dentro desses conjuntos, o que não pode ocorrer é violar R$ 4,5790. Para a alta, os níveis de R$ 5,0994; R$ 5,3416; R$ 5,5302 devem ser ultrapassados para que o movimento de alta se confirme” ...




Na semana passada, quando expus os vários limites para a correção em andamento no dólar, tive como intenção compartilhar a dificuldade de estabelecer qualquer previsão de curto prazo, embora uma posição vendida tenha sido bem-sucedida nos últimos 60 dias com resultados provenientes de uma queda de aproximadamente 6%, acrescida do diferencial de juros entre o real e o dólar. Se a posição foi feita nos últimos 30 dias, o retorno pela queda é menor ao redor de 2,5%. Embora não desprezível, aliado ao fato de que, se bem colocado, o stop loss não teria tido surpresas, como poderíamos adivinhar, sem nenhuma indicação gráfica para tanto?

Hoje pela manhã, o dólar bateu na porta do nível R$ 4,89 que inviabilizaria a contagem de curto prazo que estou seguindo. Sendo assim, resolvi expor a opção caso esse limite seja ultrapassado. Neste caso, espero que a queda esteja contida entre R$ 4,84/R$ 4,815.



— David, por que não vende no rompimento de R$ 4,89?

Por três motivos, nesta ordem: a) o retorno esperado é baixo ~ 1,5%; b) correção não se sabe onde termina e pode acabar antes desses níveis; c) minha expectativa para frente é de alta do dólar e estaria indo contra essa ideia em níveis muito “baixos”.

O SP500 fechou a 4.136, com alta de 0,30%; o USDBRL a R$ 4,8860, com queda de 0,64%; o EURUSD a 1,0876, com alta de 0,24%; e o ouro a U$ 2.105, com alta de 0,22%.

Fique ligado!

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