Last Republic day! #SP500
No post proximo-da-fila publicado nas semana passada, eu achava que o First
Republic sofreria intervenção nesse final de semana. Na madrugada dessa
segunda-feira o JPM acabou comprando esse banco. Não tinha mais jeito era isso
ou criar um frisson nos mercados financeiros. A repercussão foi tranquila, haja
vista que, as bolsas sobem nos EUA.
As informações
sobre esse banco ainda são piores que eu imaginava, como banqueiros podem se
iludir tanto. Rachel Louise Ensign e outros relatam no Wall Street Journal o porquê
do colapso desse banco.
Jim Herbert,
fundador do banco, de 78 anos, geralmente uma presença tranquilizadora, bateu a
mão na mesa durante uma reunião. Temos que conseguir mais depósitos, disse ele,
de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Isso foi antes
do pânico bancário de março que derrubou
dois dos pares do
First Republic, o Silicon Valley Bank e o Signature Bank. Seus problemas só pioraram depois disso.
No início da
manhã desta segunda-feira, os reguladores fecharam um acordo para vender a maior parte de
suas operações para o JPMorgan Chase JPM
O desmantelamento
do First Republic foi desencadeado pela rápida série de
aumentos das taxas de juros do Federal Reserve, o que levou os depositantes a buscar melhores
retornos em outros lugares. Isso significava que ela tinha que pagar mais para mantê-los,
justamente quando o aumento das taxas estava afetando o valor de sua carteira
de hipotecas. Era um problema óbvio em retrospectiva, mas o banco, entre
outros, achava que sobreviveria muito bem à inflação do Fed.
Foco no cliente
Isso não era
para acontecer. O First Republic, com sede em São Francisco, era um grande
banco com uma sensação de cidade pequena, o melhor banco de relacionamento. Os
clientes ricos, pensou, queriam um serviço de alto padrão mais do que alguns
dólares extras em juros sobre seus depósitos. (destaque meu)
O First Republic captou esses clientes, pagando juros mínimos e usou seus depósitos para financiar hipotecas. Mais depósitos significaram mais empréstimos para projetos de condomínio em Manhattan ou segundas casas no Havaí. O banco recebeu muito mais desses mutuários – 3,03% em juros cobrados em média em 2021 – do que pagou aos depositantes, 0,12% em média.
"Depósitos, depósitos, depósitos" e "cheque, cheque, cheque" eram mantras que o ex-co-CEO Hafize Gaye Erkan era conhecido por repetir no final das reuniões semanais, de acordo com ex-funcionários. O banco publicou relatórios semanais que mostraram crescimento dos depósitos por região.Daniel
DiCicco, um advogado de 40 anos que mora em Portland, Oregon, tornou-se cliente
do banco no ano passado, quando o credor lhe ofereceu uma linha de crédito de
US$ 100 mil a uma taxa de juros de 2,95%. O problema: sua taxa de linha de
crédito aumentaria se seu saldo de depósito caísse abaixo de US$ 20.000.
Ele não estava
ganhando muito juros, mas outras regalias compensavam. Quando o Sr. DiCicco e
sua esposa estavam planejando uma viagem ao Japão no outono passado, o First Republic
ofereceu para enviá-lo milhares de dólares de ienes sem nenhum custo.
Os clientes
disputavam uma vaga no relatório anual do banco, uma vantagem que vinha
acompanhada de uma sessão de fotos brilhante.
"É quase
como um anuário", disse Celina Yosri, que trabalhou como gerente de
projetos de operações na sede do banco em São Francisco entre 2016 e 2018.
"O relatório anual está cheio de clientes, não de funcionários, e acho que
isso diz tudo."
Pressão crescente
Nos
bastidores, a pressão crescia. Com os títulos do tesouro e os fundos do mercado
monetário oferecendo subitamente 4%, o melhor serviço ao cliente do mundo teria
dificuldade em convencer os clientes ricos a ficar com uma conta corrente que
rende quase nada.
No final de
2022, o banco tinha US$ 176,4 bilhões em depósitos, 68% dos quais excederam o
limite de seguro de US$ 250.000 da Federal Deposit Insurance Corp., o que
significava que os clientes não tinham garantia de receber esse dinheiro de
volta se o banco falhasse. Os depósitos representaram 92% das captações do
banco.
O Fisrt
Republic aumentou depósitos em 13% em 2022. Mas pagou caro por eles. No quarto
trimestre, o First Republic pagou US$ 428 milhões em juros sobre depósitos,
ante US$ 20 milhões um ano antes.
Em 2022, mais
da metade dos empréstimos eram hipotecas residenciais com taxa de juros média
de 2,89%. O aumento dos juros tirou cerca de US$ 22 bilhões de seu valor de
mercado. As perdas de papel não foram um grande problema, desde que o banco não
tivesse que vender os empréstimos. Se, no entanto, precisasse atender aos
saques, a perda realizada teria corroído o capital que o banco precisava para
operar.
Os clientes,
não mais contentes em ganhar nada em seus depósitos, começaram a movimentar seu
dinheiro – lentamente, no início, depois de uma só vez. A relação deles com o
banco, afinal, era puramente financeira.
Tenho grande
dificuldade de entender como um banco consegui construir uma posição importante
dentro do mercado americano – 20º banco, com uma base tão frágil. Será que Jim
Herbert na hora que estava tomando banho não fez uma conta simples de botequim
que uma alta mínima de juros colocaria o banco no chão?
Mais esdruxulo
ainda era a forma de captar novos clientes oferecendo uma linha de credito
imobiliário com desconto caso o cliente se dispusesse a deixar algo como 20% na
conta corrente. Em termos de mercado ofereceu uma call de 30 anos com custo de
0,50%. Me explico o cliente deixava o dinheiro sem remuneração e o banco
oferecia uma taxa de 0,50% mais baixa no total do empréstimo. Ora, se a taxa
para os depósitos subir acima de 2,5 % vale a pena pagar mais caro no
empréstimo (2,5% sobre o deposito deixado no banco, equivale a 0,5% no total do
empréstimo – 2,5% x 20%= 0,5%), e aplicar o dinheiro em outro lugar. Acima
disso o banco perde e o cliente ganha com seu empréstimo de 30 anos barato.
Ainda mais, como o deposito nã grande maioria não era garantido, poderia perder
100% de seus recursos.
Oferecendo
serviços a la carte, como comenta um de seus clientes acima, acreditou
que a fidelidade valeria a qualquer custo. Na base de clientes super ricos
acreditar nisso e chamar todos de burros! Um banqueiro acreditar que não iriam
sacar e surpreendente.
Bem aconteceu,
a taxa subiu e com a carteira de empréstimo de longo prazo a taxa baixa, era
uma questão de tempo para acabar com seu patrimônio.
Essa situação
me faz lembrar de uma passagem que Luiz Carlos Plaster, que era sócio
minoritário da Planibanc Corretora comentou quando tesoureiro do banco
Mercantil Finasa, cujo maior acionista era o Dr. Gastão Vidigal.
Ele entrou na
mesa de operações e disse a seu executivo:
“Avise
os clientes que a taxa máxima que o Finasa vai pagar em seus depósitos a prazo
e 2,5% a.m.”
Acontece que as taxas tinham subido e o mercado era de 3,5%
a.m.
No final do dia chamou Plaster para perguntar quanto havia
captado. Ele respondeu “zero!”
Imediatamente mandou seguir as condições de mercado e o
fluxo voltou.
Essa é a diferença entre um banqueiro genuíno e Jim Herbert
que teimou num modelo que não respeitava o mercado acreditando que seus
clientes ficariam assistindo a alta de juros sem se movimentar. Sou obrigado a
pensar dessa forma, pois emprestar recursos por 30 anos com captações em
depósitos a vista e a prazo de curta duração, é impensável!
O banco se chamou hoje Last Republic day!
Como é feriado no Brasil hoje e as bolsas estão abertas nos EUA, vou inverter a cobertura do dólar com a do SP500. No post bola-na-trave fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Hoje pela manhã pensei por que eu deveria ter posição em bolsa num momento tão duvidoso, afinal, bolsa não gosta de indefinição. Decidi liquidar as posições de nasdaq100 e SP500. Acredito que a bolsa vai cair? Não, mas pode sofrer uma correção que iria de qualquer forma executar nossos stopsloss”...
Como comentei na sexta-feira, minha posição conservadora fez com que saísse dos mercados, o que teria ocorrido caso permanecesse pela execução dos stop loss. Como ficamos daqui em diante? Os mercados subiram pela manhã, mas não foi o suficiente para ultrapassar a marca de 4.195. O Objetivo inicial está marcado na onda 5 em 4.278. A contagem de ondas nesse caso apresenta algumas discrepâncias nos objetivos mais adiante, sendo assim prefiro aguardar o desenrolar dos próximos dias.
Essa semana tem decisão do Fomc e parece que não existe dúvida de mais um aumento de 25 pontos na taxa de juros. O que está todo mundo curioso é saber que indicação o Fed dará para as próximas reuniões: Vai parar; quando começa a reduzir? Se a primeira resposta for sim, já é um alívio, em relação a segunda espera que o Fed dê alguma dica que será possível ocorrer no segundo semestre que é como os mercados estão apostando, se por outro lado, Powell enfatizar que vai demorar um tempo, deve ocorrer uma correção na curva o que pode chacoalhar os mercados.
O SP500 fechou a 4.167, sem variação; o EURUSD a € 1,0973,
com queda de 0,44%; e o ouro a U$ 1.980, com queda de 0,47%.
Fique ligado!
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