Clube de sócio único #usdbrl

 


Hoje é feriado nos EUA e na Europa, onde as bolsas estão fechadas indicando pequenas alterações nos mercados. No final de semana, o governo americano anunciou que chegou a um acordo com o partido republicano, o que deve acalmar os investidores. Localmente, Lula avisou a alguns membros do STF que irá indicar seu entojado advogado para uma vaga na Corte sem se importar com infringir princípios básicos sobre conflito de interesses. Nada a se estranhar.

Tom Hancock publicou na Bloomberg uma matéria explicando a evolução e o funcionamento do BRICS.

O grupo de mercados emergentes do BRICS — Brasil, Rússia, Índia e China, com a África do Sul adicionada mais tarde — passou de um slogan sonhado em um banco de investimento para um clube do mundo real que também controla um grande banco de desenvolvimento. Pode ter parecido irônico ver a China, governada pelo Partido Comunista, abraçar um conceito de Wall Street. Mas agora países de todos os matizes políticos, incluindo Irã e Arábia Saudita, estão pedindo para aderir, criando um potencial atrito na cúpula do clube em 22 e 24 de agosto em Joanesburgo.

1. Como o BRIC(S) começou?

O termo "BRIC" foi cunhado em 2001 pelo economista Jim O'Neill, então no Goldman Sachs Group Inc., para chamar a atenção para as fortes taxas de crescimento no Brasil, Rússia, Índia e China. Foi criado para ser uma tese otimista para os investidores em meio ao pessimismo do mercado após os ataques terroristas nos EUA em 11 de setembro daquele ano. As quatro nações pegaram a ideia e tocaram a bola para frente. Seu rápido crescimento na época significava que eles tinham interesses compartilhados e desafios comuns. Elas já estavam cooperando em fóruns como a Organização Mundial do Comércio e sentiam que sua influência em uma ordem mundial dominada pelos EUA seria maior se suas vozes fossem combinadas. A primeira reunião de chanceleres do BRIC foi organizada pela Rússia à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2006. O grupo realizou sua primeira cúpula de líderes em 2009.  A África do Sul foi convidada a  aderir no final de 2010, estendendo a adesão a outro continente.




2. O que os BRICS fazem?

As maiores conquistas concretas foram financeiras. Os países concordaram em juntar US$ 100 bilhões em moeda estrangeira, que podem emprestar uns aos outros durante emergências. Essa instância de liquidez entrou em operação em 2016. Eles fundaram o Novo Banco  de Desenvolvimento — uma instituição, inspirada no Banco Mundial, que aprovou mais de US$ 30 bilhões em empréstimos para projetos como infraestrutura de água e transporte desde que começou a operar em 2015. (África do Sul tomou emprestado  US$ 1 bilhão em 2020 para combater a pandemia de Covid-19.) Eles planejam discutir a viabilidade de uma moeda comum dos Brics este ano. Economicamente, os recursos naturais e os produtos agrícolas do Brasil e da Rússia os tornam parceiros naturais para a demanda chinesa. Índia e China têm conexões comerciais mais fracas entre si, em parte devido a rivalidades políticas e a uma disputa de fronteira acirrada. Como outros fóruns multilaterais, como o Grupo dos Sete, as cúpulas anuais do Brics e dezenas de outras reuniões de nível inferior produzem declarações conjuntas que proclamam um amplo acordo, mas carecem de detalhes. O maior obstáculo é que os países têm interesses divergentes em grandes questões políticas e de segurança — incluindo as relações com os EUA — e diferentes sistemas de governo e ideologias.

3. Quem está no comando?

Economicamente, o produto interno bruto da China é mais do que o dobro do tamanho de todos os outros quatro membros juntos. Em teoria, isso deveria dar-lhe mais influência. Na prática, a Índia — que recentemente ultrapassou a China em população — tem sido um contrapeso. Para dar dois exemplos: os BRICS não endossaram formalmente o grande impulso de desenvolvimento da China chamado  Iniciativa Cinturão e Rota, em parte porque a Índia se opõe a projetos de infraestrutura do Cinturão e Rota em território disputado detido pelo Paquistão, seu vizinho e arquirrival. No Novo Banco de Desenvolvimento, não há acionista dominante: Pequim concordou com as participações iguais defendidas por Nova Délhi. O banco tem sede em Xangai, mas foi liderado por uma indiana e agora pela ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff (inclusão minha: profissional extremamente capaz! Ainda bem que nenhum dos membros fala português, assim não irão entender nada do que ela diz).




4. A Rússia ainda é membro?

Sim, a Rússia permaneceu membro do BRICS, apesar da invasão da Ucrânia em 2022. Naquele ano, a cúpula de líderes do Brics foi realizada online, e Putin participou. Os outros países do Brics adotaram  uma postura amplamente neutra em relação à guerra, vendo-a mais como uma questão regional do que uma crise global. No entanto, a guerra mudou as relações da Rússia com as instituições do Brics. O Novo Banco de Desenvolvimento rapidamente congelou projetos russos e Moscou não conseguiu acessar dólares por meio do sistema de moeda estrangeira compartilhada dos Brics. Essencialmente, com as sanções dos EUA se acumulando, outros países do Brics priorizaram  o acesso contínuo ao sistema financeiro baseado em dólar em vez de ajudar a Rússia. O governo sul-africano tem lutado sobre o que  fazer se Putin comparecer à cúpula de agosto, desde que  o Tribunal Penal Internacional o indiciou por crimes de guerra e emitiu um mandado de prisão.

5. Qual a diferença entre o G-20 ou Sul Global?

De modo geral, os BRICS se assemelham a clubes como o G-7 por representarem um movimento em direção a um mundo mais multipolar e distante daquele dominado pelos EUA desde o fim da Guerra Fria, como exercido por clubes como o G-7 e o Banco Mundial. Outros grupos multilaterais que provavelmente ganham influência como parte da tendência incluem a OPEP, a Organização de Cooperação de Xangai, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Africana. "Sul Global" não é um clube, mas um termo que ganhou força nos últimos anos para se referir a países relativamente pobres, também chamados às vezes de desenvolvimento ou emergentes. É tipicamente contrastado com um "Norte Global" composto pelos EUA, Europa e alguns países ricos da Ásia e do Pacífico. Mas a relação entre os dois conceitos não é direta. Por exemplo, a União Europeia, firmemente parte do Norte Global, poderia ganhar mais influência num mundo multipolar. A China se considera um país em desenvolvimento, embora seu status como a segunda maior economia do mundo, com uma grande classe média, torne essa classificação um ajuste incômodo. O G-7 convidou Brasil, Índia e Indonésia para participar de sua cúpula de líderes este ano, no que autoridades disseram ser uma tentativa de alcançar o Sul Global.

6. Quem quer participar e por quê?

A China, que tem buscado elevar sua visibilidade no  cenário global e combater a influência ocidental, iniciou a conversa sobre expansão quando presidiu o grupo no ano passado, provocando preocupação entre outros membros de que sua própria influência poderia ser diluída. A proposta será um dos principais focos da cúpula deste ano, segundo Anil Sooklal, embaixador da África do Sul, que preside. Pelo menos 19 países manifestaram interesse e, desses, 13 pediram formalmente para aderir, incluindo Arábia Saudita e Irã, disse ele em entrevista. Outros que manifestaram interesse incluem Argentina, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Egito, Bahrein e Indonésia, além de duas nações da África Oriental e uma da África Ocidental que Sooklal não identificou. Para os novos entrantes, fazer parte dos BRICS poderia expandir sua influência diplomática e abrir oportunidades lucrativas de comércio e investimento. 

7. Ainda existem fundos do BRICS ou o conceito está morto como estratégia de investimento?

Ainda há um intenso interesse em mercados emergentes entre os investidores. Mas, embora seja uma boa ideia há duas décadas, o BRICS é em grande parte irrelevante como tema de investimento hoje devido às mudanças geopolíticas e às diferentes trajetórias econômicas dos membros. Com exceção da Índia, os Brics tiveram desempenho inferior a seus pares de mercados emergentes nos últimos cinco anos, de acordo com a Bloomberg Intelligence. As sanções lideradas pelos EUA tornaram a Rússia inviável, e segmentos da China - especialmente empresas de tecnologia - também foram sancionados ou enfrentam potenciais proibições de investimento. A China também é uma economia madura, cada vez mais separada de outros mercados emergentes e enfrentando uma desaceleração estrutural. A economia do Brasil desacelerou acentuadamente após o fim de um boom global de commodities há cerca de uma década, enquanto a da África do Sul foi submetida a anos  de apagões de energia porque a concessionária estatal não consegue produzir eletricidade suficiente para atender à demanda. A Índia ainda é uma história de crescimento que os bancos de investimento agora comparam com a China de 10 ou 15 anos atrás, embora não esteja claro se pode seguir o modelo liderado pela manufatura da China.

Basta o leitor ver o tamanho da economia chinesa em relação a seus membros que entenderá quem tem maior interesse nesse clube. Não é segredo para ninguém que a China quer se desvincular dos EUA, e para tanto é necessário angariar aliados. Na sua ideia original em 2001, Jim O´Neill pretendia elencar países emergentes que poderiam se destacar no futuro por apresentar potenciais de crescimento diversos. Dentre os quatro países, imagino que sua escolha tinha a seguinte partição: Brasil e Rússia – produtores de commodities e grandes o suficiente; enquanto China e Rússia – fabricas do mundo e também grandes.

Hoje em dia, o que esses países conquistaram nestes últimos 20 anos? China é a 2ª economia mundial, Índia um país com enormes desafios, mas que vem pouco a pouco ganhando espaço como substituição nas fábricas da China. Por sinal, o conflito entre eles deve se acentuar por essa migração — na verdade, como o texto enfatiza, não são “amigos”. A Rússia se meteu numa guerra por capricho de seu presidente e ficou isolada com poucos países a seu redor, onde se inclui a China por puro interesse; e o Brasil, um estranho no ninho, tenho dúvidas de que seria convidado se o Brics fosse criado hoje. A África Do Sul entrou no meio do caminho, mas também não tem nada a acrescentar, hoje e sempre com grandes problemas de corrupção.

Não fosse o interesse da China, acredito que nem existiria mais: esse é um clube de um único sócio!

No post procura-se-uma-razão-II fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” ainda é muito cedo para qualquer afirmação; o que eu poderia adiantar são os níveis apontados no gráfico acima: a) indicação de alta acima de R$ 5,890 e b) continuidade da baixa inferior a R$ 4,8840. O leitor poderá se perguntar por que a afirmação para alta não é mais segura; o motivo é que essa alta teria que se desenvolver em 5 ondas, o que não sabemos a priori” ...




No gráfico a seguir, na área destacada na elipse se nota que não existem 5 ondas, pelo menos por enquanto, sendo assim o quadro fica indefinido. Da semana passada para esta, nada se pode acrescentar ao que destaquei no post acima. Quis destacar mais um ponto, no retângulo em vermelho parece que um triângulo pode estar em formação. Essa configuração denota indefinição, o que combina com o momento. Se for esse o caso, deverá haver ainda mais uma queda, que a princípio levaria o dólar ao redor de R$ 4,80.




Um leitor que se diz assíduo me perguntou se haveria uma forma de eu informar o momento em que entro no mercado quando dou minhas sugestões. Sua dúvida decorre de uma posição que foi executada num dia em que houve um movimento de alta mais expressivo. Sua colocação é muito válida. Pode fazer diferença se entrar no dia seguinte depois da postagem, para o bem ou para o mal, pois esse mercado específico também poderá ter cotações melhores das que entrei. Recomendei que fizesse uma simulação adotando essa orientação.

O objetivo principal do Mosca é enfatizar a análise técnica e como ela pode ajudar nos seus investimentos, indicando momentos em que se deve ficar fora do mercado e outros em que se deve atuar, sempre alocando níveis de stop loss. Além do mais, busco indicar qual a direção maior.

A bolsa americana ficou fechada, o USDBRL fechou a R$ 5,0166, com alta de 0,43%; o EURUSD a 1,0707, com queda de 0,16%; e o ouro a U$ 1.942, com queda de 0,18%.

Fique ligado!

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