Mario passa o bastão
O atual Presidente do BCE, Mario Draghi, teve bastante
coragem ao enfrentar a rigidez alemã na condução da política monetária
europeia. O Mosca tendo sido um
grande crítico da política de juros negativos, mas é sempre mais fácil falar do
que fazer. Não sei se outro profissional teria outra ideia melhor, considerando
que, esse cargo não permite a implementação de políticas fiscais.
O grande problema insolúvel foi a criação da moeda única.
Para quem é leitor antigo do Mosca,
acompanhou diversos posts versando sobre esse tema. Na teoria econômica é
sabido que, a taxa de câmbio, faz parte das ferramentas de um país com moeda
própria. Como exemplo, vejam o histórico do real desde sua criação, e
principalmente quando se tornou “livre”. Momentos muito valorizados até 2008,
um pouco antes da grande crise e muito desvalorizado no auge da recessão
brasileira de 2015. Agora ter uma mesma cotação para a Alemanha e para a
Itália, é quase uma missão impossível.
O BCE de Draghi mirou por baixo para não quebrar os países
do Club Med (lembram?), e por consequência beneficiou muito a Alemanha. Não é à
toa que sua balança comercial é extremante superavitária.
O resultado da sua gestão não foi completo, a Europa está
longe de estar em equilíbrio, pelo contrário, já existe um consenso que novas
medidas de estimulo são necessárias. Por outro lado, evitou uma crise muito
maior onde certamente vários países estariam insolventes e provavelmente o euro
seria abandonado por esses países. Manteve o doente na UTI. Teria sido melhor a
ruptura? Essa é uma pergunta sem resposta.
Ontem foi anunciado que a francesa, Christine Lagarde, atual
presidente do FMI, deve assumir o BCE no final de outubro próximo. O banco
central costumava ser um sacerdócio monetário supostamente acima da política.
Não mais, como líderes europeus demonstraram ontem, escolhendo Christine
Lagarde para substituir Mario Draghi, que tinha um perfil mais técnico.
A perícia de Lagarde é mais fiscal do que monetária dado seu
antigo papel como ministro das Finanças da França e chefe do Fundo Monetário
Internacional desde 2011. Então, novamente, o BCE tem sido a única política
econômica real na Europa, há anos.
O próximo chefe do BCE herda uma instituição e uma zona
monetária numa encruzilhada. Draghi, em 2012, prometeu "fazer o que for
preciso" para preservar o euro. Ele demonstrou habilidade política
impressionante em persuadir líderes nacionais cautelosos a aceitar novas
políticas, como uma taxa de juros negativa e compras de ativos (flexibilização
quantitativa, ou QE), que levantaram desafios práticos e políticos na Europa.
O problema agora é que a maioria dos mostradores de política
do BCE já está perto do “máximo” Draghi ou Lagarde poderiam, em teoria, reduzir
ainda mais a taxa de depósito de -0,4%, talvez até -0,75%. Mas é improvável que
esse imposto sobre as reservas bancárias tenha um efeito maior do que já tem.
O BCE também não consegui atingir seu objetivo de inflação.
Na verdade, nenhum país desenvolvido conseguiu. Na sua grande maioria se
encontram entre 0% e 2% (no máximo e somente em alguns momentos). Como se pode
verificar no gráfico a seguir, desde 2011, o core inflation ficou estável em 1%, enquanto a inflação cheia
trafegou num intervalo um pouco maior.
O objetivo é incitar os bancos a emprestar mais, mas uma
parcela desproporcional das reservas bancárias sujeitas a esse imposto é
mantida por bancos de países do norte da Europa, como Alemanha e Holanda, que
precisam de menos estímulo e cujos bancos são mais vulneráveis a outra queda
na lucratividade.
Diferentemente dos EUA, o crédito concedido a empresas e
pessoas físicas é feito em sua maioria pelos bancos, diferentemente do modelo
americano. Isso os torna vulneráveis quando a economia anda mal, como é o caso.
O gráfico a seguir dá uma boa ideia da performance de bancos em diversas
regiões.
A expansão do QE é outra opção, embora isso exponha o BCE a
uma enorme pressão política no caso de inadimplência soberana. À medida que o
banco central acumula cada vez mais os títulos emitidos pelos prejuízos
fiscais, como a Itália, inevitavelmente será discutido com governos e
investidores privados sobre a reestruturação em uma crise.
Essa situação levou a distorções tão grandes, que a Itália
sabidamente com sérios problemas financeiros e políticos, estreou o grupo de
bonds soberanos a ter uma taxa negativa no vencimento de 2 anos. Ainda não é
igual a Alemanha cujos títulos são negociados a – 0,40% a.a., para um prazo de
vencimento de 10 anos.
Isso deixa outra rodada de subsídios de TLTRO (não pergunte
o que a sigla significa) para empréstimos bancários diretamente às empresas.
Estes são bem direcionados e relativamente incontroversos, mas também nem
sempre eficazes como estímulo econômico.
A maior questão para a Sra. Lagarde não será qual opção
seguir, mas como orientar a zona do euro se essas intervenções pararem de
funcionar e o crescimento econômico continuar lento. Draghi não é tímido sobre
sua resposta: ele insiste em todas as oportunidades de que os líderes políticos
da Europa liberalizem o lado da oferta de suas economias para impulsionar o
crescimento e o emprego. Talvez a Sra. Lagarde tenha mais sorte na persuasão.
Outra opção, popular em alguns setores, é que a zona do euro
se dedique ao estímulo keynesiano. Isso pode envolver o carregamento de um
fundo de estabilização fiscal por meio de uma nova geração de títulos da zona
do euro, ou a criação de um ministro das finanças europeu com recursos
dedicados para gastar em toda a zona. Lagarde às vezes disse que o euro
precisará desses apetrechos para ter sucesso.
Mais preocupante é que o FMI, em seu turno, pressionou a
Alemanha, responsável do ponto de vista fiscal, a gastar mais em obras públicas
ou qualquer outra coisa para fornecer um estímulo keynesiano à zona do euro.
Essa linha é popular na França, já que permite que Paris se afaste de seus
próprios fracassos políticos
A eventual questão será se a zona do euro caminha para a
liberalização econômica, depois que a política monetária se esgotou, ou para a
integração fiscal a serviço de gastos keynesianos. O presidente do BCE é o
único funcionário econômico verdadeiramente europeu, então muito depende de
como a Srta. Lagarde define sua missão política – ou melhor, monetária.
Ao que tudo indica a Europa deve continuar na linha dos
experimentos financeiros, haja visto que nem passa pela cabeça de ninguém, terminar
a moeda única, e voltar a: marco alemão, franco francês, lira italiana, e
pesetas. Mas se esse fosse o caminho, os italianos, espanhóis e companhia podem
esquecer de juros 0%, e trabalhar com as taxas de juros do passado, talvez não
tão elevadas, mas seguramente maiores.
No post http:existe-chance-de-acordo, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ... “O gráfico abaixo de mais curto prazo, seria razoável
supor uma mini correção até o nível de 2.875, razão de nosso stoploss estar
situado a 2.870” .... O nível mínimo atingido nessa correção foi de
2.918, sendo que a partir daí subiu atingindo hoje seu recorde histórico. Esse
movimento dos últimos dias, praticamente eliminou o risco de um false break.
E agora o que podemos esperar? No longo prazo trabalho com o
nível de 3.700, ainda muito distante do momento atual. Tenho até receio de
colocar uma hipótese extremante altista, pois nesse caso, o atingimento dessa
marca poderia ser mais rápido a partir de agora. Prefiro a cautela e observar o
mercado.
Para que vocês entendam a razão da minha desconfiança, o
gráfico de mais curto prazo comtempla os motivos:
1.
O ângulo do primeiro movimento em verde é menor
que o do segundo movimento iniciado recentemente em azul.
2.
A correção anotada em vinho foi “rasa”.
Sem entrar em tecnicidades, essas indicações acima poderiam
induzir que estaríamos entrando “ na onda (3) da (III) ” sonho de qualquer
trader para estar posicionado. Só para resumir, nessa situação as correções são
mínimas e os avanços fortes e rápidos.
O posicionamento no mercado de derivativos poderia indicar
essa possibilidade. Inicialmente o mercado está muito dividido e vários
investidores estão fora da bolsa, isso pode ser notado nas posições de opção de
compra e venda da bolsa americana; segundo, que o rompimento do nível de 2.955,
deverá motivar os fundos geridos por momentum a se posicionar prontamente.
A impressão geral que fica, sugere que os investidores estão
“fugindo” de manter seus recursos rendendo (ou desrendendo) pouco, e ainda com
chances de queda de juros, buscando comprar tudo: bolsa, ouro, títulos longos,
qualquer coisa para se livrar da moeda! Estamos presenciando a formação de uma
bolha?
O mercado americano fechou mais cedo em função do feriado de
Independência no EUA, permanecendo fechado amanhã e abrindo parcialmente na
sexta-feira.
O SP500 fechou a 2.995, com alta de 0,77%; o USDBRL a R$ 3,8258,
com queda de 0,49%; o EURUSD a € 1,1280, sem variação; e o ouro a U$
1.417, sem variação.
Fique ligado!
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