Quando pouco é muito



A China publicou seu PIB esta manhã. Com o menor crescimento em décadas, o resultado foi de 6,2% a.a., abaixo da expectativa do mercado em 6,3%. Essa queda se deve a tensão entre EUA e China, que impediu de fazer grandes investimentos, apesar do incentivo de Pequim.

Os investimentos permaneceram fracos em uma base trimestral, embora o mês de junho tenha visto o início de uma possível recuperação, já que Pequim incentivou os bancos a emprestar mais. As exportações caíram em junho em relação ao ano anterior, depois que as negociações comerciais com Washington fracassaram e o presidente Trump aplicou tarifas mais altas aos produtos chineses.

Os números mostram como a estratégia de Pequim para estimular a economia cortando 2 trilhões de yuans (US $ 291 bilhões) em impostos e taxas está aquém do esperado. Ao revelá-los em março, o premier Li Keqiang considerou os cortes uma maneira justa e eficiente de aliviar as lutas das empresas.



O sentimento doméstico no trimestre foi refém pelas reviravoltas da disputa comercial. Um impasse nas negociações abalou as esperanças de um acordo no final de maio e as empresas chinesas estão preocupadas que as duas nações não consigam resolver suas diferenças, enquanto Trump e o presidente chinês Xi Jinping retomam as negociações nos últimos dias de junho.

A economia da China está crescendo no ritmo mais lento desde, pelo menos, 1992, quando os registros oficiais do crescimento trimestral começaram a ser publicados. Economistas esperam que Pequim relaxe os controles sobre os empréstimos para alcançar um crescimento do PIB entre 6% e 6,5% este ano.

Mas ao analisar esse dado, em períodos trimestrais, o resultado não parece tão negativo. O crescimento no 2º trimestre foi de 1,6% quando comprado com o período anterior. Com um cálculo simples para analisar esse dado, se chega a uma taxa de 6,5% a.a. Quero enfatizar que esse raciocínio não significa de forma nenhuma uma projeção, somente uma forma de enxergar em bases anuais.


Mas enquanto a desaceleração recorde chinesa foi amplamente esperada, houve um inesperado avanço em três principais indicadores econômicos de junho - vendas no varejo, produção industrial e investimento fixo – que superaram as expectativas. :
Vendas no varejo: 9,8%, Exp. 8,5%, acima dos 8,6%
Produção Industrial: 6,3%, Exp. 5,2%, acima dos 5,0%
Investimento de ativo fixo: 5,8%, Exp. 5,5%, acima dos 5,6


O fato de o crescimento das vendas no varejo ter se fortalecido para 9,8% em junho, de 8,6% um mês antes, é um sinal encorajador de que o consumo interno permaneceu robusto (isso, ou Pequim está manipulando grosseiramente todos os pontos de dados econômicos).

Então, enquanto, por um lado, a impressão do PIB, mais amplamente divulgada, indica desaceleração contínua na economia geral e aumenta a pressão que, os formuladores de política chineses enfrentam quando tentam negociar um acordo com os EUA, a forte recuperação nos três indicadores mais contemporâneos sugere que Pequim pode finalmente recuperar o controle da China após algumas das maiores injeções de crédito já registradas.

Eu consigo entender a paura do mercado em relação aos dados chineses, pois num momento tão delicado da economia mundial, o que mesmo se deseja é uma queda mais significativa da 2ª maior economia do mundo. Mas dar todo esse destaque da imprensa, apontando para o pior resultado em décadas é muito exagerado. Não é possível esperar que uma economia cresça em níveis de 7% a.a. por toda vida. Em algum momento, é obvio que tem que desacelerar para níveis mais compactáveis com as outras economias.

Que país não gostaria de estar crescendo a 6,2% a.a.? Não é necessário tanto, 1/3 já estaria muito bom. Na visão do Mosca esse pouco registrado pela imprensa é muito!

No post debaixo-da-água, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “exponho as duas possibilidades que essa correção em curso pode ocasionar. No gráfico a seguir, se encontram essas hipóteses” ...


De forma matemática, as cotações atingiram o patamar expresso dentro da opção triângulo, e hoje, ocorreu uma pequena reversão, conforme se pode verificar no gráfico de prazo mais curto a seguir. Essa correção, no entanto, não pode ser considerada conclusiva.


Se o triangulo estiver em andamento, o nível de R$ 3,80 deve ser rompido. Neste caso, uma correção ainda demorada deverá ter curso. Caso contrário, se o dólar voltar a cair abaixo de R$ 3,72, dois objetivos se tornam possíveis: o primeiro a R$ 3,65 e o segundo a R$ 3,50.

É necessário destacar dois pontos importantes: no movimento acima de R$ 3,80 é possível que o dólar já se encontre em seu movimento de alta, que o Mosca espera num prazo mais longo. Por enquanto ficaria com a hipótese do triângulo; o segundo, e mais importante em termos de longo prazo, seria a violação do nível R$ 3,34. Nesse caso, terei que refazer minhas premissas, porém, a alta esperada no longo prazo, fica abortada.

O SP500 fechou a 3.014, sem alteração; o USDBRL a R$ 3,7542, com alta de 0,51%; o EURUSD a 1,1257, com queda de 0,11%; e o ouro a U$ 1.415, sem alteração.

Fique ligado!

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