O Fed vai titubear?



No final deste mês, o Fed realiza sua reunião periódica para definir se reduz ou não os juros. Seu Presidente, Jay Powell, apelido popularizado em Wall Street, já se comprometeu a dar uma cala boca ao mercado, com um corte de juros, que segundo o Mosca, será de 0,25%. Mas alguns dados mais recentes podem deixá-lo em dúvida.

A publicação pela manhã das vendas ao varejo em junho, apontam para uma alta de 0,7% no mês e 4,6% a.a. Um resultado muito longe de indicar algum problema na economia, pois 70% do PIB está associado ao consumo. Interessante que as vendas por lojas de departamento, apresentaram queda de -1,1%. O efeito Amazon continua ameaçando a sobrevivência desta forma de comercializar produtos.


Um outro indicador de sentimento levantado pela Bloomberg, atinge níveis superiores a cada mês, reforçando o resultado divulgado acima. Por esse lado, também não parece haver problemas no curto prazo.


As finanças pessoais dos americanos sofreram uma evolução significativa. O quadro a seguir mostra que seus ativos cresceram 16% entre 2008 – 2018. No início desse período, as dividas representavam 20% dos ativos, enquanto que em 2018, recuaram para 13%, apontando para uma situação bastante confortável.


É interessante como os dados que chamam mais a atenção em notícias ruins, acabam tendo mais destaque que o inverso. Passaram-se alguns meses com manchetes nos alertando que, todas as vezes que a diferença de juros entre os títulos longos versus o curto ficava negativo, indicava que uma recessão aconteceria depois de um intervalo de tempo.

O par clássico nessa visualização é a diferença entre os juros de 10 anos X 3 meses. Depois da divulgação dos dados de emprego no início do mês, as taxas de juros reagiram, conforme comentários no Mosca. Agora esse diferencial se encontra em 0%, conforme gráfico a seguir, e não se viu mais nenhum destaque! Acabou o risco?


A próxima ilustração apresenta os períodos de expansão e recessão desde 1950. O que salta os olhos é a queda constante nos níveis das recuperações. Isso poderia ter uma interpretação empírica onde os períodos pós recessão serão mais longos e com crescimento menor (Goldilocks). Será?


Agora que a Reforma da Previdência passou no seu primeiro teste, é interessante analisarmos a situação brasileira comparada a outros países emergentes. A ilustração a seguir aponta nossa dívida em relação ao PIB, bem como a trajetória do balanço fiscal, ambos com uma trajetória desastrosa. Era uma questão de tempo para que houvesse uma crise financeira, onde a credibilidade de solvência seria questionada.


Em termos de juros reais, não ficamos atrás, como uma das maiores taxas quando comparados a outros países emergentes. Caso o governo consiga realizar as outras reformas, bem como privatizar as inúmeras estatais, a perspectiva para a queda de juros é grande, ainda mais num mundo onde cada vez mais títulos se juntam com taxas de juros negativas.


No mercado internacional, o spread dos títulos soberanos em relação aos juros americanos, guardam uma relação com o balanço fiscal. O gráfico a seguir mostra que as cotações dos títulos soberanos brasileiros já embutem uma redução do déficit de 5% para 2%. Só falta agora combinar com o nosso Congresso!


No post /inflação-0, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “Ao observar meus gráficos pela manhã, e como comentei anteriormente, por dois critérios o nível de 109.000/ 110.000 aparecem, vejam a seguir” ...


Antes de fazer as projeções do que seria essa eventual queda, é possível que o movimento ainda terá uma nova puxada para cima. Veja a seguir no gráfico diário o que poderia ocorrer.

O objetivo traçado pelo Mosca ao redor de 109.000 seria atingido. Caso isso aconteça, vamos liquidar nosso trade e esperar para ver o que acontece.


No post acima, discorri sobre as 2 formas de administrar uma posição: ... “à primeira é ir atualizando o stoploss e deixando o mercado te tirar fora da posição; a segunda é liquidar a posição quando chega no nível apontado como mais provável” ... Na situação atual, a liquidação será minha opção. A razão se dá por 2 motivos: uma congruência no nível de 109.000 através de várias contagens; e o fato desse último movimento ter características típica de exaustão.

Mas o mercado pode ficar “devendo” e não atingir esse nível, revertendo daqui em diante. O gráfico a seguir, em base semanal, dá uma ideia inicial do estrago que pode ocorrer.


A marcação em amarelo indica a possibilidade de mudança de direção citada acima. Conforme destaquei no gráfico, quando o nível de fechamento é igual a abertura, numa tendência que estava em alta, pode indicar que o movimento se exauriu, ou está no caminho de.

Outro fator importante é o termino de uma sequência de movimentos de alta, frisados em azul. Sendo assim, a correção deveria acontecer num espaço de algumas semanas. Esse prazo, dependo do formato que se configurar, teria dois objetivos mais prováveis: o primeiro ao redor de 93.000 (queda de ~10%), e caso não se sustente, em 85.000 (queda de 18%).

- David, puxa nada agradável! Mas logo isso agora, que a Reforma da Previdência passou?
Pois é meu amigo, nem me pergunte qual seria o motivo da queda, existem vários. Tudo isso mostraria que a análise técnica, em geral, está desassociada das notícias. A bolsa brasileira vem subindo há um bom tempo, na expectativa que os gringos coloquem dinheiro na bolsa, quando a reforma passasse. Em outras palavras o mercado já está comprado e se o fluxo não aumentar, pode dar um sufoco. A boa notícia é que o stoploss está estabelecido.

Como sempre digo Let´s the market speak!

O SP500 fechou a 3.004, com queda de 0,34%; o USDBRL a R$ 3,7665, com alta de 0,31%; o EURUSD a 1,1205, com queda de 0,46%; e o ouro a U$ 1.405, com queda de 0,59%.

Fique ligado!

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