O inevitável
Passados essas últimas semanas de esperança, e até certo
ponto euforia nos mercados acionários, o receio da inevitável segunda onda
assola o animo dos investidores. Conforme as economias foram sendo liberadas do
isolamento, uma falsa sensação de segurança fez com que as pessoas voltassem a
suas rotinas anteriores sem tomar as devidas precauções que o momento exige.
Aglomerações se formaram em locais de entretenimento, lojas,
e nas manifestações que ocorreram por conta do caso Floyd, se tornando lugares
propícios para que o vírus se espalhe novamente. Os governos estão tomando
ações, principalmente na China onde os casos começaram a aumentar, para evitar
um contágio mais abrangente o que obrigaria a um novo lockdown.
A empresa de consultoria Oxoford antecipa que a recuperação
irá ocorrer em 2 fases: Na primeira, o crescimento será elevado, uma vez que, o
gasto dos consumidores e a demanda dos negócios se recupera de níveis
deprimidos, porém, logo depois, a persistente cicatriz no GCR – Growth Compound
Rate - limitará o ritmo de crescimento.
Um outro fator que poderá ter um efeito maior no longo prazo
é o mercado de trabalho. Um artigo recente publicado pela Bloomberg aponta que
milhões de empregos eliminados nos EUA podem se tornar permanentes.
A esperança é que as ondas de estímulo concedidas pelos
governos e bancos centrais devam eventualmente impulsionar as economias e
provocar um renascimento nas contratações. Trabalhadores sem licença ou
redundantes retornariam aos seus empregadores.
O risco, porém, é que a pandemia esteja causando um
"choque de realocação" no qual empresas e até setores inteiros sofrem
danos duradouros. Os empregos perdidos não voltam e o desemprego permanece
elevado. Isso forçaria os trabalhadores a retreinar ou realocar, os quais são
difíceis, e os governos a fazer mais do que apenas tentar se livrar dos
problemas.
Foi um tema abordado na semana passada pelo presidente do
Federal Reserve, Jerome Powell, enquanto os banqueiros centrais dos EUA previam
deixar as taxas de juros próximas de zero até 2022, em parte por causa de um
aumento do desemprego no nível mais alto desde a Grande Depressão.
Haverá "milhões de pessoas que não voltarão ao seu
antigo emprego", disse Powell, que testemunhará ao Congresso as
perspectivas econômicas desta semana. "De fato, pode não haver um emprego
nesse setor para eles por algum tempo."
Infelizmente, novas pesquisas da Bloomberg Economics
calculam que, 30% das perdas de empregos nos EUA de fevereiro a maio são o
resultado de um choque de realocação. A análise - baseada na relação entre
contratação, demissão, vagas e desemprego - sugere que o mercado de trabalho se
recuperará rapidamente, mas depois se nivelará com milhões ainda desempregados.
Empregos no setor de hospitalidade estão entre os que
apresentam maior risco, além de varejo, lazer, educação e saúde. Em muitos
casos, a pandemia aumentará o desafio para as empresas de “tijolo e argamassa”
que enfrentam plataformas de comércio eletrônico, como a Amazon, acelerando a
tendência pré-crise.
Os mercados financeiros já estão precificando o risco,
segundo os economistas da Bloomberg. Os retornos do mercado de ações em
diferentes setores e para empresas de tamanhos variados, sugerem que os
investidores estão apostando em uma mudança nos lucros entre empresas
semelhantes, às presenciadas após a crise financeira global de 2008. Lucros
perdidos significam empregos perdidos.
Outros estudos trazem avisos semelhantes. Uma pesquisa
publicada em maio pelo Instituto Becker Friedman da Universidade de Chicago
estimou que 42% das demissões recentes nos EUA serão permanentes.
"Há um grande choque de realocação", disse
Nicholas Bloom, professor de economia da Universidade de Stanford e um dos
autores do estudo. A recessão “atinge diferentes setores de maneira diferente.
Alguns se beneficiam e outros caem.
O fenômeno coloca os governos sob pressão para elaborar
políticas que ajudem as empresas viáveis a sobreviver e os trabalhadores a
procurar empregos diferentes, mas que idealmente não sustentam empresas que não
são mais sustentáveis e apenas drenam recursos.
O Instituto Peterson de Economia Internacional disse em um
estudo na semana passada que o choque único do vírus significa que os governos
podem precisar fazer mais para preservar as empresas e proteger os
trabalhadores do que em uma recessão normal.
Eles recomendam subsídios salariais para criar incentivos na
retomada da produção e garantias de crédito contínuas para novos empréstimos.
A pesquisa da Bloomberg Economics destaca o desafio. Ela
descobriu que cerca de 50% das perdas de empregos nos EUA vêm da combinação de
bloqueio e demanda fraca, 30% do choque de realocação e 20% de altos benefícios
de desemprego, incentivando os trabalhadores a ficar em casa.
Razões diferentes para a perda de empregos exigem respostas
políticas diferentes e, às vezes, conflitantes, embora uma ressalva seja que o
fim do bloqueio poderia desencadear outro choque de realocação, se o gosto do
consumidor se recuperar com rapidez suficiente para levar as empresas a
recontratar.
Uma grande preocupação, porém, é que, à medida que as perdas
temporárias de emprego se tornam permanentes, as habilidades são perdidas e o
aumento do desemprego fica entrincheirado - conceito que os economistas chamam
de histerese (*).
(*)
dificuldade de um objeto, no caso a taxa de desemprego, em voltar ao seu estado
original após sofrer um determinado choque.
Nesse cenário, especialistas do mercado de trabalho afirmam
que as medidas não devem parar para melhorar as redes de segurança, mas também
devem garantir que as pessoas tenham as habilidades certas. Na semana passada,
a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico apelou ao
investimento público em treinamento para os demitidos.
Parte disso é sobre a preparação dos trabalhadores para a próxima
fase da revolução tecnológica e qualquer agitação que a acompanhe.
Agora, esse processo pode acelerar à medida que as empresas,
de fabricantes a varejistas, se adaptam ao mundo pós-vírus, impedindo ainda
mais o trabalho seguro.
O potencial de mudanças estruturais também deu origem a ideias
que antes pareciam não-iniciantes - de garantias de emprego a renda universal.
Nos EUA, uma ideia de empregador de último recurso, ganhou
apoio entre alguns democratas no início do ciclo eleitoral primário. Economistas
que trabalharam nas versões do plano, incluindo Darrick Hamilton, da
Universidade de Ohio, tentaram revivê-lo durante a crise do coronavírus,
citando o exemplo de programas federais de emprego durante o New Deal, na
década de 1930.
"A pandemia expôs as linhas de falha que já existiam
para os trabalhadores e a economia", disse Sharan Burrow, Secretário Geral
da Confederação Sindical Internacional. "O 'novo normal' exige um novo
contrato social entre governos e seus cidadãos com o apoio da comunidade
internacional."
Como comentei anteriormente, o Covid-19 acelerou um
movimento que já acontecia nas economias. Como o choque causado estancou os
negócios de forma instantânea e generalizado, as empresas foram obrigadas a se
amoldar muito rapidamente se ainda quiserem permanecer vivas. Essa adaptação
culmina de forma geral com um aumento de produtividade em detrimento dos
empregos.
Esse problema social que pode ser grande, haja visto o
provável elevado número de funcionários sem qualificação nessa nova fase, tem
sugerido aos governantes uma espécie de bolsa família. Será que fomos os
visionários neste quesito? Os petistas que não sem animem, pois quem é
instruído sabe que o objetivo aqui no Brasil era que, eles se mantivessem no
poder, e não ajudar a população carente a se qualificar.
No post desglobalizacao-uma-visão-curta, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ... “ vamos focar num
prazo mais curto e aguardar que essa queda estanque começando uma recuperação
que levaria o dólar ao intervalo entre R$ 5,30 a R$5,50, a ser mais bem
definido” ...
O Presidente do Banco Central, Roberto Campos, não precisou
atuar para conter a queda do dólar. Segundo minha estimativa, isso ocorreria
caso o dólar atingisse a cotação de R$ 4,75, o que acabou não acontecendo por
pouco – mínima nessa queda R$ 4,81. Em seguida, um movimento de alta se
concretizou, de acordo com o comentado acima.
As vezes fico me perguntando se os leitores conseguem
entender quando faço comentários sobre o curto prazo e sobre um prazo mais
longo. É natural ficar em dúvida de o porquê comprar num movimento mais
especulativo, quando por exemplo, a visão de mais longo prazo é de queda. Para
quem tiver essa dúvida reforço que, sempre existe um stoploss associado, que
nos dá segurança que o capital estará preservado, caso haja algum evento que
diverge do esperado.
No caso do dólar o nível apontado a seguir, entre R$ 5,45 a
R$ 5,55, deveria conter essa alta para em seguida voltar a cair. O problema de
sugerir um trade de ante mão é onde colocar o stoploss. Eu sugeriria R$ 5,75, o
que resultaria numa perda nada desprezível de 4,4%. O motivo é que, a queda de
R$ 6,00 até R$ 4,81 foi de 25%.
Sendo assim, peço que acompanhem o Mosca para que eu
identifique um melhor nível de entrada, bem como stoploss compatível.
O SP500 fechou a 3.066, com alta de 0,83%; o USDBRL a R$
5,1345, com alta de 1,67%; o EURUSD a € 1,1315, com alta de 0,53%; e o ouro a
U$ 1.725, com queda de 0,23%.
Fique ligado!
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