Queríamos acreditar
Não preciso perguntar aos leitores se estão de saco cheio, tenho
certeza de que é assim que estamos nos sentindo. Privados de fazer qualquer
atividade fora de casa, sobra as de dentro de casa que não são muitas. Nestes 3
últimos meses fomos expostos a inúmeros gráficos e teorias: achatamento da
curva, formas de propagação do vírus, estatísticas de toda ordem para
determinar quando voltariam as atividades, e assim por diante. Mas uma na qual
ficamos fixados, era quando a vida retornaria ao normal, ou como dizem por aí, ao
“novo normal”. E está data parecia estar chegando.
Ficamos assistindo os países da Ásia e depois da Europa
voltarem a esse novo normal e mantínhamos a esperança de que esse dia chegaria
aqui também. As bolsas de valores no exterior, com altas desde março, apontavam
nessa direção. Queríamos acreditar!
Mas a realidade não está acontecendo conforme o desejado, e
um pouco de racionalidade explica o motivo. Será que nos iludimos que ao seguir
o distanciamento, junto com as restrições impostas pelos governantes, ficava
garantido que o vírus seria totalmente erradicado? Ou alguns milhares/ milhões
de vírus estão por aí esperando um novo momento de entrar em ação. Basta uma
aglomeração para que se multiplique a contaminação, desencadeando um processo
em progressão geométrica, aterrorizando novamente a população.
Somente uma vacina poderá trazer o sossego de volta. Tão
importante como a vacina será uma medicação que comprovadamente combata o
Covid.
Mas também não parece que retornaremos à situação de março, quando
as fabricas e serviços do mundo permaneceram fechadas, a espera que o vírus
desaparecesse. As pessoas e governos aprenderam como reagir a esses focos, que parece
estará entre nós por um tempo.
Estamos fadados a ficar trancados? Acredito que não, porém a
atitude dos jovens será diferente dos idosos. Vejo aqui em casa que, a primeira
liberação autorizada, a sua vida de bares e restaurantes tenderá a retornar,
enquanto nós idosos, cada passo nesse sentido, será estudado.
Como tenho frisado nos posts, vou manter minha conduta de
reagir conforme a evolução dos fatos, pois o caminho ainda é muito incerto.
Confesso que as vezes imaginamos que isso terminará logo, não por um fato, mas
por desejo. Queremos acreditar!
Tenho observado diversos indicadores que apontam para
recuperações melhores que as esperadas pelos economistas. Para dar conta desse
ponto, o índice de surpresas publicado pelo Citibank, nos EUA, mais parece uma
recuperação em raiz quadrada (√). A da Europa se encontra abaixo do lado direito,
e ainda deixa dúvidas. Mas o que se pode esperar desse Continente cujo produto
com grande peso é o turismo?
Os dados de manufatura nos EUA apontam na mesma direção, a
de uma recuperação forte. No gráfico a seguir, que condensa duas pesquisas (New
York e Philadelphia & Richmond) para o índice composto e o de novas ordens,
ambos se encontram no nível anterior à crise. A exceção tem se mostrado no
emprego que não exibe tanto vigor.
Isso se pode notar também nos pedidos de seguro desemprego
que mantem um nível elevado comparado ao que se poderia esperar nesse momento
de abertura da economia. O número de trabalhadores que buscam benefícios sem
emprego ficou constante em 1,5 milhão, historicamente alto. Com a lenta
recuperação do mercado de emprego enfrentando novas infecções, poderiam impedir
o retorno das pessoas ao trabalho.
Os pedidos de subsídio de desemprego diminuíram lentamente
de um pico de quase 7 milhões no final de março, mas também permanecem bem
acima dos níveis pré-pandêmicos. Enquanto isso, o total de benefícios,
conhecido como reivindicações contínuas, foi de 19,5 milhões na semana
encerrada em 13 de junho, também se estabilizando perto dos 20 milhões,
historicamente altos vistos nas semanas anteriores.
Embora os números tenham dado sinais de que o mercado de trabalho está se recuperando lentamente, economistas dizem que um aumento recente nos casos de coronavírus, pode afetar os esforços para reabrir a economia, e levar as pessoas ao trabalho.
Os estados onde o coronavírus está se espalhando mais, enfrentam
uma desaceleração da atividade econômica, de acordo com a Jefferies. Alguns
estados, como Arizona, Texas e Utah, estão vendo contrações em atividade,
acrescentou a Jefferies.
A tendência de sinistros reflete mudanças em outros
segmentos da economia, indicando que as condições estão melhorando, mas que há
muito o que recuperar. Por exemplo, os gastos no varejo aumentaram bastante no
mês passado, mas permaneceram bem abaixo dos níveis observados antes da
pandemia melhorar a economia dos EUA.
Alguns formuladores de políticas apontaram um forte
crescimento do emprego em maio, como evidência de que o governo federal não
precisa conceder US $ 600/semanais extras em benefícios de desemprego, que
devem expirar no final do próximo mês. Esses US $ 600, somados aos benefícios
fornecidos pelos estados, foram incluídos em um pacote federal de estímulo para
ajudar os trabalhadores demitidos a enfrentar a crise.
Por outro lado, o Escritório de Orçamento do Congresso
projetou estender os US $ 600 extras em benefícios até janeiro próximo, o que
levaria a um declínio no emprego durante o restante deste ano e todo o próximo.
Se houver uma ameaça de queda da atividade por conta de uma
possível segunda onda, parece claro que o governo americano irá estender os
benefícios até o próximo ano, ou quem sabe, até a vacina estar disponível.
Agora acreditar que o governo sustentando boa parte da população sem produzir
nada, não terá efeito nas suas finanças, parece ser uma visão ingênua.
No post o-ECB-libera-13-paus, fiz os seguintes
comentários sobre o euro: ... “Do ponto de vista
técnico, um alta superior a U$ 1. 770 poderia indicar a continuação do
movimento de alta, por outro lado, uma queda abaixo de U$ 1.650 poderia abrir a
oportunidade de uma posição comprada, só não saberia dizer ainda em qual nível”
...
Nesta última semana o ouro ganhou certo impulso, subindo U$
40, mas sem muita convicção, pois teria tudo para dar um salto rumo a novas
máximas. Parece continuar ainda indeciso, conforme o gráfico abaixo aponta. Por
outro lado, não apresentou nada convincente na queda, está contido dentro de um
triângulo ascendente.
Eu imagino que vários leitores gostariam de ouvir do Mosca
uma sugestão de compra do ouro. Percebo que esse assunto é muito ventilado
nos relatórios, quase existindo um consenso que o ouro deveria ter uma
performance positiva. Mas infelizmente o gráfico não mostra desta forma, pelo
menos ainda. Não saberia dar os parâmetros para esse fim, principalmente qual seria
o stoploss.
A experiencia me diz que na dúvida não se dever fazer nada,
vou aguardar maior claridade para sugerir algo.
O SP500 fechou a 3.083, com alta de 1,09%; o USDBRL a R$ 5,3316,
com queda de 0,27%; o EURUSD a € 1,223, com queda de 0,22%; e o ouro a
U$ 1.763, com alta de 0,14%.
Fique ligado!
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