O coronavírus fraquejou?



Com o estado atual das infecções por coronavírus nos EUA, cada vez mais as considerações políticas (especialmente se uma segunda onda levará a outra rodada de paralisações, mais carnificina econômica, milhões de desempregados e esmagar as chances de reeleição de Trump) e muito menos sobre epidemiologia real e padrões de atendimento, surgiram dois campos ideológicos - um que tenta exagerar o impacto da pandemia nos EUA, concentrando-se no recente surto de novos casos em estados do “cinturão do sol” (ignorando qual o papel dos protestos e distúrbios recentes, desempenharam no referido surto), e outro que, subestimando a gravidade do coronavírus, tem enfatizado os testes crescentes que, sem dúvida, também explicam o salto nos casos confirmados, ao mesmo tempo em que ressaltam o declínio nas fatalidades ligadas ao vírus. Essa divergência é mostrada no gráfico abaixo.


Uma análise feita pelo JPM observa que as evidências da China, Europa Ocidental e dos estados do nordeste dos EUA sugerem que uma maior mobilidade, após o bloqueio não teve um R (taxa de transmissão do vírus) significativamente maior ou um aumento expressivo nas hospitalizações. Além disso, "o aumento de casos em alguns estados do sul e oeste dos EUA e em alguns países como o Brasil ou a Índia não implica uma grande segunda onda, mas uma situação em que leva mais tempo para os estados saírem da primeira onda, pois eles não fizeram bloqueios rigorosos ou os relaxaram antes de mudar de forma mais significativa a curva do vírus ".

O estudo também nos lembra que a maioria dos estados dos EUA que descreveram aumentos significativos nos casos publicados também relataram grandes aumentos nos testes. Se focarmos nos dados de hospitalização do CDC para medir a gravidade dos surtos, eles sugerem aumentos muito mais modestos na maioria dos casos.

Dito isto, há uma clara reflexividade no comportamento do contexto das notícias recentes e, embora a gravidade até agora pareça mais moderada, o JPM destaca que as manchetes negativas e o risco de alguma reversão das medidas de reabertura, como já anunciado no Texas, Califórnia, Arizona e Nova Jersey, poderia induzir um comportamento mais cauteloso pelas pessoas e potencialmente retardar a recuperação do crescimento daqui para frente. "Se esse risco negativo se materializar, isso significa que temos mais uma trajetória de crescimento em U do que em V", de acordo com o JPM.

O estrategista da Nordea propõe que, se a quantidade de casos fatais não aumentar mais em comparação à contagem atual de casos,  "provavelmente reflete: i) que as capacidades de teste foram acentuadamente aumentadas; ii) que o vírus está se espalhando em áreas com população mais jovem (por exemplo, Índia e Brasil) ou iii) que o CFR (índice de letalidade) está diminuindo. Nós compramos principalmente um conjunto de fatores i) e ii). "


Como resume esse profissional, "estamos entrando no momento crítico das mortes, já que elas devem começar a aumentar no início de julho, dada a estrutura de avanço / atraso em relação a novos casos".

Se as mortes não ocorrerem no início de julho, as pessoas concluirão que provavelmente está se espalhando entre uma parte da população que não é tão sensível, ou que é resultado de um aumento nos testes ou que o vírus se tornou menos mortal à medida que avançamos nos meses de verão. Os governadores do Texas, Califórnia e Flórida parecem ter concluído que a correlação abaixo é válida, mas o júri final ainda precisa de tempo.

Essas possibilidades são interessantes e bem diferentes da ênfase dado pelo noticiário. É compreensível a apreensão, pois pela lógica, se o número de casos está aumentando é porque a ameaça está presente, sem que as políticas adotadas tenham surtido efeito. Numa reflexão mais desprovida de emoção, parece lógico que o aumento na quantidade de testes leve ao aumento de casos, ou será que alguém achava que o vírus foi para Marte? O que se deve questionar é o nível de fatalidade (R), e esse por enquanto retrocedeu.

No post a-lógica-do-NASDAQ, sobre o SP500 argumentei os fatores que me fizeram declinar sobre um trade de curto prazo, na venda do índice. Minha ideia é de que, uma correção estaria ocorrendo, que levaria a bolsa americana para um nível entre 2.850 a 2.600. Passados alguns dias e nenhuma definição ocorreu. Como ficamos daqui em diante?

Continuam aberta as 2 possibilidades: ou essa correção se concretiza, ou estamos a caminho de novas altas, caso ultrapasse a linha que o Mosca denominou de Maginot. Eu acabei não comentando, mas a correção no primeiro caso, poderia ficar restrita a 3.000. Caso esse último aconteça, preciso enfatizar que é raro uma retração tão rasa, aconteça nessas condições técnicas – onda 2, e que se ultrapassar o nível de 3.400, a alta seria muito forte.

Estamos terminando o 1º semestre de um ano que foi praticamente perdido do ponto de vista pessoal. Já em termos financeiros, o final do 1º trimestre estávamos com muita angústia expressas em ativos financeiros depreciados, e este agora, com uma alta do SP500 de 25%, e se a medida for sobre o Nasdaq, essa alta é de 29%.

Nesse momento, não me sinto compelido a dar nenhuma sugestão de trade, seria quase como uma ficha no preto ou vermelho, embora tenha uma certa preferência pela queda. Isso não significa que daqui alguns dias eu não possa me definir por algum lado. Aguardem!

O SP500 fechou a 3.100, com alta de 1,54%; o USDBRL a R$ 5,4627, com alta de 0,99%; o EURUSD a 1,1232, sem variação; e o ouro a U$ 1.781, com alta de 0,56%.

Fique ligado!

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