Tudo de novo!
O ser humano não vai mudar nunca suas emoções têm um peso
importante na área de investimentos. De uma forma geral, o medo e ganância
oscilam entre os investidores. O problema é quando surge uma mania, originando
um movimento nessa direção denominado de efeito manada, definido como: a
tendência humana de repetir ações feitas por outras pessoas, ainda mais se
estas forem influentes, esperando assim ter o melhor resultado possível em um
mar de escolhas.
Há menos de 90 dias o mundo foi invadido pelo Covid-19 de
forma fulminante, sem que a ciência fosse capaz de identificar minimamente como
era sua transmissão, o medo assolou os habitantes nos quatro cantos do mundo.
As pessoas acabaram entrincheirados em sua casa. Essa paralização instantânea,
sincronizada, de praticamente todas as atividades econômicas, levou os
analistas a previsões catastróficas.
Mas o espírito de sobrevivência é mais forte e fez os
governos reagirem para suportar todas as pessoas que do dia para noite se viram
sem renda. E o fizeram de forma a ninguém botar defeito. Os analistas
perceberam que alguns setores da economia não seriam afetados e outros seriam
muito beneficiados. Desde então, por essas razões, as bolsas começaram a se
recuperar, especialmente as do setor de tecnologia.
Em seguida, como a volta lenta à normalidade, região por
região, previsões mais otimistas fizeram as ações de companhias que se tinha
dúvidas antes, iniciar uma segunda onda de recuperação. Tudo isso foi tão
rápido, que ontem o SP500 chegou a recuperar todas as perdas do ano, enquanto o
Nasdaq flerta com a máxima histórica.
Mas não são poucos os analistas que estão muito preocupados
argumentando que os fundamentos não justificam esses níveis das bolsas e
clamando que uma queda é eminente.
Ao observar tudo isso é justo se perguntar se estamos
entrando numa bolha. Vou coletar alguns dados para que possamos raciocinar em
conjunto.
Um artigo da Bloomberg comenta que o excesso especulativo
subiu ao nível mais alto em pelo menos 20 anos, entre os traders de opções dos
EUA - e isso é negativo para as ações no médio prazo, de acordo com Jason Goepfert,
da Sundial Capital Research
Os traders estabeleceram novas posições de alta na semana
passada comprando 35,6 milhões de opções de compra de ações, isso superou o
pico de 28,7 milhões em fevereiro, quando a atividade especulativa já era
elevada.
"Os operadores de opções fazem apostas impressionantes
com a alta dos preços", escreveu Goepfert. "Esse tipo de atividade
tem uma forte tendência a levar a retornos negativos no S&P 500, e em
outros índices, ao longo de um período de várias semanas a vários meses".
No centro da atividade especulativa estão os investidores
menores, de acordo com Sundial. A compra de chamadas de pequenos traders
representou mais de 50% do volume total na semana passada, a maior desde 2000,
informou a empresa.
Os casos anteriores em que as posições otimistas de pequenos
traders representavam 45% ou mais do volume precederam uma perda mediana para
as ações dos EUA de cerca de 3% em dois meses e 15% em um ano, de acordo com a
nota.
"Os pequenos traders estão apostando bastante na
sorte", disse Goepfert. "Parece cada vez mais arriscado tentar
perseguir essa ideia com traders que tradicionalmente são indicadores
contrários, extremamente confiáveis".
Mas por outro lado, o volume de recursos injetados é
recorde. Depois de seguir os mercados por quatro décadas, suponho que seja
reconfortante saber que sempre pode ser diferente. E se existe alguma coisa incrível
com os eventos de 2020 até agora, é que você nunca deve ignorar a liquidez. O
crescimento no M2 dos EUA, uma ampla medida de oferta de moeda, tem sido mais
forte desde que os registros do Federal Reserve começaram em 1960.
Para outra maneira de entender o quão incomum e diferente
foi a resposta do Fed desta vez, veja este gráfico extraordinário de como o
excesso de liquidez cresceu durante cada um dos quatro últimos mercados em
baixa. É comum o Fed disponibilizar liquidez em tempos difíceis para o mercado
de ações, e isso foi duramente criticado pela forma como o fez após o último
crash; mas nada se compara ao que acabou de acontecer:
O mais impressionante é que do ponto de vista do Fed ainda
resta muita bala na agulha. A ilustração a seguir aponta as várias linhas de crédito
abertas pela autoridade monetária, seu limite e utilização. Resumindo, praticamente
ainda nem começou a usar.
No contexto de uma quantidade tão grande de liquidez, fica
claro no nível intelectual que, houve imensa pressão nos preços das ações para
subir. Isso não facilita o processamento desse aumento em nível pessoal, e não
bane o medo de que não possa ser sustentado quando o mercado tiver que
enfrentar os fundamentos econômicos e corporativos subjacentes. Ele se aplica
no terrível evento em que, os seres humanos colocam seu sistema imunológico em
uma segunda grande disputa com o novo coronavírus.
Mas, como está? A última etapa do rally na semana passada,
ampliou o avanço do mercado da maneira que esperamos, se houvesse um rally
sustentado baseado na crença no crescimento econômico à frente. A evidência
mais clara vem do desempenho das empresas com os balanços mais fracos, em
comparação com as com os mais fortes. A liquidação no início deste ano foi
particularmente brutal para empresas com balanços fracos, refletindo a crença
de que empresas super alavancadas não seriam capazes de sobreviver à perda de
receitas e lucros dos bloqueios do Covid-19.
A longo prazo, para quem acredita na destruição criativa
schumpeteriana, não deveria estar feliz com isso. Se as empresas não
competitivas e não lucrativas forem salvas de sucumbir, elas continuarão a
consumir capital que poderia ser mais bem usado por outra pessoa. As grandes
empresas, com fortes balanços patrimoniais, recentemente refinanciados a taxas
incrivelmente baixas, poderão engoli-las, tornando o mercado geral menos
competitivo. Isso cria uma versão cada vez menos dinâmica do capitalismo a
longo prazo.
Para completar o quadro de informações acrescentei o P/L
estimado pelos analistas, para os próximos 12 meses. Se nota claramente que, a
bolsa americana está mais cara que as outras dessa lista, embora o nível de 22
pode ser considerado caro, mas não absurdo. Além do mais, qual é a segurança da
estimativa dos lucros, se a maioria das empresas não forneceram suas
diretrizes?
Em 2012 eu preparei um material a ser apresentado a um grupo
de empresários no IFC - Instituto de Formação de Líderes sobre as Bolhas.
Naquele momento não existia nem um ativo que se enquadrasse nessa situação,
mesmo a bitcoin que foi coisa de 2018. Esse material se encontra num site muito
antigo do Mosca no+mundo+das+bolhas. Ao
consultar o banco de dados dos notei que esse trabalho foi citado diversas
vezes, provando sua utilidade no tempo.
Nesse levantamento cheguei à conclusão de que as bolhas
apresentavam algumas particularidades que estão expressas no slide abaixo.
Aproveite e marquei se o momento atual nas bolsas poderia identificar ser uma
bolha. Como poderão notar, a bolsa americana apresenta quase todos os
pré-requisitos, com exceção do primeiro que, devido a incerteza dos resultados
das empresas, é colocado em dúvida.
Será que vamos passar tudo de novo? Pode ser. Em todo caso,
hoje vou comentar sobre o SP500, e a situação técnica apresenta um dilema.
No post outra-visão, fiz
os seguintes comentários sobre o SP500: ... “ Eu
anotei no gráfico acima, 3 candidatos a uma possível reversão: o primeiro é no
intervalo entre 3.140-3.150, que se ultrapassado leva ao segundo a 3.240, que
se ultrapassado, o próximo seria o máximo ocorrido em fevereiro de 3.385” ...
Ontem a bolsa americana atingiu o segundo objetivo, ao chegar
3.233 na máxima. Acontece que existe uma linha Maginot (*) nesse caminho de
alta, esse nível é de 3.250. Sem entrar nas tecnicidades, caso esse nível seja
ultrapassado, a bolsa deveria continuar subindo de forma quase ininterrupta.
Caso contrário, uma correção tomaria pulso por algumas semanas levando o SP500
a um intervalo entre 2.850 a 2.600, para só depois voltar a subir.
(*) uma linha
de fortificações e de defesa construída na França ao longo das fronteiras com a
Alemanha e Itália, entre 1930 – 1936.
O que fazer com nossa posição? Existem 2 possibilidades mais
radicais e algumas intermediarias. A primeira que vem a cabeça é usar uma frase
que acho péssima, a de que lucro nunca deu prejuízo, não tem nada a ver! Se a
decisão é sair da posição, venda e aguarde os próximos dias. Nesse caso sugiro
que, caso o mercado continue a subir, define-se um nível a priori para voltar
(talvez 3.270); a segunda e não fazer nada e aguardar o que o mercado quer
fazer, nesse caso é necessário apertar bem o stoploss por exemplo, 3.150. Por
último, algo intermediário, a venda de parte da posição e o restante manter na
última opção.
Depois de muito
refletir vou pela primeira opção de zerar a posição a 3.215. Quero que entendam
que não mudei meu call de longo prazo, que contínua de alta, e sim, essa é uma
decisão tática, por tudo que a bolsa subiu bem como as incertezas que ainda
pairam. Vamos aguardar agora os próximos dias.
O SP500 fechou a 3.207, com queda de 0,78%; o USDBRL a R$
4,8835, com alta de 1,28%; o EURUSD a € 1,1335, com alta de 0,38%; e o ouro a
U$ 1.714, com alta de 1,19%.
Fique ligado!
David, entendo sua posição de que lucro bom é lucro no bolso, porem se mesmo assim meu foco fosse manter as posições, e apenas diminuir a alavancagem, porem com um maior zelo devido a essas incertezas, você apostaria em um short ou uma put?
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