Sorte ou Competência #nasdaq100

 


Você já pensou nos motivos que o leva a ser bem-sucedido numa decisão de investimento? Só existem dois — sorte ou competência. Muito bem, supondo essa hipótese verdadeira, pense na sua vida como investidor: seguramente obteve resultados positivos e negativos. Ao pensar nesses eventos, como os encarou? Vou fazer uma suposição perigosa, mas tenho a teoria comportamental ao meu lado: muito provavelmente encarou os ganhos como oriundos de sua competência e as perdas do “azar”.

Daniel Kahneman ganhou o prêmio Nobel de Economia em 2002 por seu estudo onde demonstrou que a perda de uma investimento de 5% tem um efeito emocional muito superior a um ganho de 5%. É por causa dessa comprovação que me permito fazer a suposição acima. Sendo muito doloroso assumir a perda, é mais fácil jogar a culpa no acaso.

O Mosca tem a pretensão de preparar seus leitores para um período — que pode ser longo — onde investir em renda fixa não será um bom negócio. Supondo essa afirmação verdadeira você terá, quer queira quer não, que assumir mais riscos caso não deseje que seu patrimônio perca valor no tempo.

Para exemplificar por que acredito nisso, um trabalho elaborado pelo Deutsche Bank sobre juros reais — pois é essa medida que importa, aponta nessa direção

 


Os juros reais de 10 anos passaram esta semana negociados em torno de mínimos históricos. No entanto, só podemos medir isso usando TIPS — títulos que pagam rendimentos acima da inflação — de 1997 em diante. Então, o que mostram outras medidas que vão mais longe? A pesquisa de hoje traça três séries de juros reais; 1) usando o TIPS de 1997, 2) subtraindo a inflação à vista dos juros dos títulos de 10 anos ao longo do tempo, 3) subtraindo uma média contínua de 5 anos da inflação dos juros de 10 anos.

Usando os juros dos títulos e a inflação, os juros reais são atualmente de -4,15%, muito baixos e os mais baixos desde 1980, não muito longe dos mínimos de 70 anos. Claramente, o mercado não acredita que a inflação de 5,4% seja sustentável, mas é o que é por enquanto. Usando os rendimentos e a inflação média de 5 anos, os juros reais foram menores no verão passado, quando os juros nominais de 10 anos estavam em 0,50% e a inflação média de 5 anos naquele momento foi de1,7%.

Eu tenho apontado nos últimos anos que, com dívidas tão altas, os rendimentos reais provavelmente permanecerão negativos pelo resto da minha carreira (destaque meu), já que as autoridades precisam controlar o financiamento dessa alavancagem crescente. Estou ainda mais convencido disso pós-pandemia. Espero que, se estiver errado, eu possa me desculpar e ainda ter um emprego. De qualquer forma, juros reais positivos dos EUA por qualquer período de tempo provavelmente desencadeariam crises de dívida em todo o mundo, portanto, provavelmente estamos presos ao regime. No entanto, você ainda pode ter juros reais negativos e juros nominais mais elevados. A maioria das grandes reduções de dívida vistas ao longo da história tiveram um diferencial tão grande por meio de uma inflação mais alta. De certa forma, estamos vendo isso agora.

Minha convicção mais forte é que os juros reais permanecerão notavelmente negativos, seguidos por uma visão de que a inflação será mais alta daqui para frente do que foi na última década.

Acredito que esses argumentos do Deutsche Bank são convincentes, mas eu acrescentaria mais um: a de que existe hoje em dia abundância de recursos para um mundo que não requer tanto capital. Essa ideia foi abordada em diversos posts passados; o meu entendimento é que meia dúzia de pessoas alocadas em suas casas ameaçam empresas enormes através da tecnologia existente.

Voltando ao assunto principal de hoje: sorte ou competência, como identificar entre ambos?

Quando esse assunto me foi apresentado há alguns anos, ao participar de uma Live com o professor e gestor Michael Mauboussin, ele me trouxe essa ideia nova colocada de forma bastante didática — estou anexando um trabalho e recomendo sua leitura Untangling_Skill_and_Luck. Fiquei pensando no meu histórico e consegui identificar momentos em que prevaleceu a competência e outros a sorte.

A seguir transcrevo alguns trechos de suas conclusões.

As duas formas principais de avaliar habilidade e sorte são por meio de uma análise de persistência de desempenho (com as sequências de ganhos sendo um subconjunto particularmente útil desta abordagem) e seu alter ego, a reversão para a média. A pesquisa mostra evidências de persistência de desempenho em esportes, negócios e investimentos, embora a evidência seja mais forte no esporte. Estudos de negócios e investimentos apontam para habilidade em ambos os domínios, embora a percentagem de empresas ou investidores com habilidade seja pequena.

A reversão para a média também é clara em cada domínio. O insight central é que quanto mais os resultados de uma atividade dependem da sorte (ou aleatoriedade), mais poderosa será a reversão para a média. Tão importante quanto isso, fica claro que muitos tomadores de decisão não se comportam como se entendessem a reversão para a média, e previsivelmente tomam decisões que são, como consequência, prejudiciais para seus resultados a longo prazo. Isso é particularmente pronunciado na indústria de investimentos. O modelo das duas urnas é um modelo mental útil porque permite habilidades diferenciadas e acomoda a sorte. Até Paul Samuelson, economista ganhador do prêmio Nobel e defensor da tese dos mercados eficientes, aceitava a possibilidade da habilidade de investimento. Ele escreveu: “Não é decreto divono, ou da segunda lei da termodinâmica, que um pequeno grupo de investidores inteligentes e informados não podem sistematicamente alcançar ganhos médios de portfólio mais altos com variabilidade média mais baixa. As pessoas diferem em altura, beleza e acidez. Por que não em seu QD ou quociente de desempenho?”

Um exame da transitividade também fornece insights sobre onde os resultados são mais previsíveis. A falta de transitividade marca grandes segmentos de esportes, negócios e investimentos. Uma vez que, nem sempre é simples de atribuir baixa transitividade à habilidade ou sorte, a principal lição é reconhecer que combinações e estratégias podem ser muito importantes. Chegamos agora à parte final de nossa discussão — definir habilidade no negócio de investimento. Ainda que possamos razoavelmente concluir que existem investidores qualificados, o desafio é identificá-los antes de apresentarem resultados superiores. A habilidade em investir, como outras atividades probabilísticas, é um processo que incorpora considerações analíticas, psicológicas e organizacionais. Mesmo que só por isso, a discussão de habilidade e sorte deixa claro por que focar nos resultados é menos útil do que focar em processos. Se a sorte se anula ao longo do tempo — você ganha umas e perde outras —, então os resultados de longo prazo dependem do processo.

Se esse material conseguir fazer com que os leitores reflitam sobre o assunto, considero que foi útil. Da próxima vez que realizar um lucro, pondere se foi por sorte, pois se este for o caso, é bem provável que numa outra situação semelhante, o resultado não seja favorável. Seja honesto com você mesmo — vai evitar muitos prejuízos.

No post quando-tudo-sobe, fiz os seguintes comentários sobre o nasdaq100: …” Sempre bom lembrar que é importante cautela nessa estágio, a existência de muitas ondas 5 terminando, como é o caso agora, exige essa postura ...  ...”  estou suspeitando que estamos entrando num movimento de alta forte mais vertical, mas prefiro fazer essa análise com mais calma mantendo ainda as premissas anteriores” ...

 


Passada uma semana, a bolsa americana ficou praticamente no mesmo nível, não permitindo elucidação de qual o cenário mais provável. Enquanto não tiver maiores evidências, vou permanecer com a opção mais conservadora. Nesse caso, o nasdaq100 deveria atingir o ponto de inflexão entre 15.300/15.600.



Hoje o impacto maior foi sobre os resultados da Amazon, por conta de uma pequena queda em suas vendas — 2% — em relação ao esperado pelos analistas, embora o lucro tenha sido muito superior ao esperado — 23%. Isso foi suficiente para imprimir uma queda de 7% em relação ao fechamento de ontem.

 


O SP500 fechou a 4.395, com queda de 0,54%; o USDBRL a R$ 5,2180, com alta de 2,67%; o EURUSD a 1,1861, com queda de 0,20%; e o ouro a U$ 1.813, com queda de 0,81%.

Fique ligado!

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