O mercado é soberano #ibovespa
Acredito
que nunca se discutiu tanto o risco da inflação como nestes últimos meses. Não
passa um dia sem que alguém publique um artigo alertando que a inflação irá
subir, que não tem nada de temporário — falo da inflação americana, lógico.
O Mosca
foi feliz ao indicar esse tema para 2021 já no final do ano passado.
Se
você ligasse (WhatsApp! Hahaha ...) para um marciano e enviasse todas essas
informações em conjunto, com o níveis de preços do mercado, e pedisse para ele
escolher um mercado para fazer alguma posição, tenho certeza de que ele escolheria
a taxa de juros de 10 anos, que hoje se encontra em 1,3% a.a., conforme relata
o post ZeroHedge.
Após
uma estabilização modesta de ontem para hoje, o colapso dos rendimentos de 10Y
retomou esta manhã, acompanhando a última queda do petróleo, que caiu após um
relatório do WSJ de que os Emirados Árabes
Unidos planejam "vender o máximo de petróleo bruto possível antes que acabe
a demanda" e pretendem, em ameaça à estabilidade da OPEP, aumentar unilateralmente
a produção e a participação de mercado em meio à alta demanda.
Como
resultado da última rajada deflacionária, os rendimentos de 10Y caíram abaixo
de 1,30%, deslizando para a mínima desde 19 de fevereiro.
O número de contratos apostando na alta de juros bateu recorde segundo dados do banco JPM. De fato, em uma nota dos estrategistas de taxas da JPM liderados por Jay Berry, intitulado apropriadamente "Predição? Dor", escreve o banco que "a reação do mercado aos dados da última semana e a falta de reação no mercado de TIPS indica que esse movimento foi exagerado por cobertura dos vendidos".
Para o JPM, "líquido desses fatores, os Treasuries divergiram ainda mais do nosso quadro de valor justo (1). Embora os rendimentos tendam a reverter para a média com frequência relativamente baixa, os rendimentos do Títulos de 10 anos agora parecem muito baixos, por 25 bps em relação aos seus fundamentos, uma divergência de 3 desvios-padrão e o maior desvio desse tipo desde o início do outono de 2020."
(1) –
Os bancos possuem modelos que calculam, em função de diversas variáveis que
contribuem na formação do preço, qual o nível que deveria estar as taxas de
juros.
Os analistas de pesquisa não costumam dizer que estão
sendo pegos de surpresa pelos movimentos do mercado, mas o mercado do Títulos
do Tesouro me pegou de surpresa neste momento. Depois que os rendimentos de 10
anos subiram + 83 bps no primeiro trimestre, eles caíram -27 bps no segundo
trimestre e começaram o terceiro trimestre já caindo mais -12 bps. Há no
momento um debate decente no Deutsche sobre o quanto isso é técnico e o quanto
é baseado em fundamentos. No primeiro caso, George Saravelos acha que a alta
tem a ver com os mercados cada vez mais re-precificando os seculares temas da
estagnação após a pandemia.
No entanto, não há absolutamente nenhuma dúvida de que os aspectos técnicos são fortes. Duas semanas atrás, examinamos a oferta e a demanda por títulos do tesouro e descobrimos que, em uma base contínua de 3 meses, todo a oferta líquida de títulos do tesouro havia sido recentemente retirada pelo Fed. Isso é extremamente raro mesmo em um mundo de QE e também é notável, pois coincidiu com a maior oferta fiscal da história. Para piorar as considerações técnicas, isso ocorreu em um período de demanda excepcionalmente forte de bancos e estrangeiros, na compra de títulos. No CoTD de hoje, Steven Zeng atualizou este gráfico para mostrar suas previsões daqui para frente, que incluem suposições em torno da redução e retomada normal da emissão, especialmente no último mês de julho.
Pela reação desses dois bancos se nota a perplexidade sobre esse assunto — eu inclusive. Mas tenho uma vantagem, não preciso defender minhas ideias, sigo o que o mercado está me dizendo.
- David, se está tão convecido porque não aposta na alta
de juros?
Pensei pela manhã em fazer isso, porém não sei se a queda
terminou por aqui, vou ficar atento. Outro fator que me atrapalha nesse ativo é
o fato de não ter em meu sistema atualizações que permitam um bom
acompanhamento.
Por enquanto aproveito para enfatizar que o mercado é
soberano, apostas feitas nos mercados de derivativos tem que se concretizar no
mercado a vista em algum momento, pois caso contrário, mesmo sendo a estratégia
mais lógica do mundo, não serão bem-sucedidas. Importante lembrar a frase de
Keynes de que no longo prazo estaremos todos mortos, assim, de pouca valia
nesse momento ter quase certeza que os juros irão subir.
No post quando-oferta-manda, fiz os seguintes
comentários sobre o Ibovespa: …” O que pode sair
de errado? Até o momento não vejo como necessária uma mudança de rumo. Como
detalhado no gráfico, essa correção poderia atingir 125 mil ou ainda 123,7 mil,
embora essa última já requeira mais atenção. Mas o nível máximo suportado na
minha tese é 122.964; caso a bolsa atinja esse patamar na sequência, terei que
refazer minha hipótese....”
Não houve muita mudança da semana passada, apenas que o Ibovespa continuou seu movimento de queda sem ainda atingir nosso stop loss. A característica do movimento recente me faz ainda acreditar que nos encontramos numa correção, assim permaneço da mesma forma.
Estou
publicando a seguir um gráfico com janela semanal a fim de se obter uma visão
de mais longo prazo dentro dessa minha hipótese.
Eu espero um movimento que levaria o Ibovespa ao patamar entre 160 mil/170 mil nos próximos meses. Se tudo der certo, depois dessa alta se pode esperar uma correção cuja magnitude será estudada no futuro.
Como
podem notar existe a letra C em azul que denotaria o término de uma correção
que perdura a um bom tempo. Aí surge a questão. Vou descrever 2 cenários —
vocês entenderão o motivo:
Correção
“benigna” – A correção seria pequena, cuja magnitude prefiro não calcular
agora, mas a tal ponto que em seguida a bolsa tomaria o rumo de alta.
Correção
“maligna” – A correção seria muito mais extensa pois poderia abranger um trecho
do intervalo desde os 40 mil pontos.
-
Opa David, agora você me assustou.
Não
sofra por antecipação, aprendi nesses anos todos que de nada adianta ficar
preocupado em situações como essa. Se e quando acontecer, tomaremos as medidas
para proteger o capital. Relax!
O
SP500 fechou a 4.358, com alta de 0,34%; o USDBRL a R$ 5,2388, com alta de
0,81%; o EURUSD a € 1,1792, com queda de 0,26%; e o
ouro a U$ 1.802, com alta de 0,32%.
Fique
ligado!
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