Quando a oferta manda #ibovespa

 


A percepção de que existe mão de obra abundante no mundo foi criada com a globalização. Nas últimas três décadas, centenas ou milhares de fábricas foram transferidas principalmente para a China, país que tinha abundância de mão de obra a custos extremamente baixos.

Essa migração sofreu três reveses recentemente: Os conflitos gerados por Trump fizeram as empresas questionarem o status quo; a elevação do custo de mão de obra na China a torna menos atraente; e por último, a economia se tornou praticamente de serviços, demandando empregados extremamente qualificados.

Depois da abertura pós-Covid nos EUA, uma onda de contratações tomou conta das empresas. Os consumidores, ávidos pelo Free Money oferecido pelo governo, criaram uma demanda pontual enorme, gerando aumento de preços e falta de produtos.

Embora a taxa de desemprego ainda não tenha voltado aos níveis pré pandemia, algo inusitado está ocorrendo no mercado de trabalho: a falta de mão de obra. Esse movimento ainda é em grande parte gerado pelas “férias remuneradas” com as benesses do governo. Esse aspecto pode ser visto no gráfico a seguir, separando os estados que interromperam o envio de cheques contra dos que irão continuar até setembro. 



Mas não é só isso que está ocorrendo. Mudanças de preferência por parte dos trabalhadores poderão afetar as contratações no futuro. A experiência do Home Office mostrou que é possível realizar determinados trabalhos fora do escritório sem grandes consequências para as empresas e diversos benefícios aos empregados.

Agora que a economia está voltando ao normal, porém, uma boa parte das empresas querem que seus empregados voltem aos escritórios — mas eles preferem algo mais flexível.



Eu tenho expressado minha dúvida em relação ao local de trabalho do futuro (presente?) — será o escritório ou um local montado na sala de jantar? Eu não disse, mas acredito mais e mais que o WFH — Work From Home — veio para ficar. Também não será 100% desse jeito, o mais provável é alguma coisa híbrida. Se isso acontecer, muitos metros quadrados irão sobrar de imediato, além dos serviços das redondezas reduzidos.

Um artigo publicado pela Bloomberg cita diversas ocorrências nesse sentido.

Como já escrevemos, acredite se quiser, existem motivos para ir ao escritório. Você lembra seus colegas de trabalho de que é uma pessoa humana 3-D real e não uma construção da Inteligência Artificial. Você mostra que se preocupa o suficiente com seu trabalho para tomar banho e sair de casa de vez em quando. Mais importante ainda, hoje em dia estão oferecendo comida de graça mais do que nunca.

Mas não vamos nos enganar: também há muita coisa a favor de trabalhar em casa regularmente. Você pensaria que isso seria um consenso agora, mas nos ambientes de chefia ainda é um tabu. Isso pode não durar. A Amazon ordenou recentemente que todos os seus funcionários de escritório voltassem em tempo integral, e o resultado foi um bando de funcionários furiosos, escreve Joni Balter. A Microsoft, também empregadora do estado de Washington, ofereceu opções de trabalho híbrido. E olha só: nada de trabalhadores irritados! A Amazon e a Microsoft são ótimos lugares para se trabalhar, mas não são exatamente startups de táxi elétrico voador. Elas podem precisar de um jeito mais descolado para atrair novos talentos. Exigir que todos se arrastem até o escritório é o oposto do descolado em 2021.

Wall Street pode se sentir isenta dessa tendência, mas provavelmente não está. Como Anjani Trivedi escreveu recentemente, os bancos estão ainda mais distantes do território dos táxis voadores do que a Microsoft. Simplesmente pagar um salário absurdo por 120 horas de trabalho por semana não é mais suficiente. Jane Fraser, do Citigroup, parece entender isso, segundo Tara Lachapelle. Ela está oferecendo acordos de trabalho flexíveis, em contraste com seus colegas no JPMorgan Chase, Goldman Sachs e outros bancos. Esses contratos são atraentes não apenas para os jovens, mas também para os funcionários mais velhos que são cuidadores, muitas vezes mulheres. A gente ouve muito sobre a escassez de trabalhadores atualmente. Qualquer coisa que possa atrair o mais amplo e diversificado pool de talentos deve ser bom para qualquer setor.

Parece que o modelo mudou, ao invés de a conquista ser conseguir um emprego, hoje é arrumar um empregado. E num mercado de oferta e demanda, o que está escasso governa. As empresas que não perceberem isso correm o risco de ficar com a sobra dos empregados e terão dificuldade de atrair bons talentos.

Amanhã serão publicados os dados de emprego nos EUA, e como de costume o ADP passa a ser um indicador desse resultado. Era esperada a criação de 600 mil, porém o número veio melhor em 692 mil, com empregos abertos em todas as áreas, apontando para um mercado de trabalho robusto.



A situação no Brasil é bem diferente, com a taxa de desemprego ainda superior a dois dígitos a bola ainda está nos pés das empresas. Talvez no setores mais qualificados os números não sejam tão ruins. Dessa forma, a vontade das empresas deve prevalecer sobre os desejos dos funcionários. Quem tem uma visão de mais longo prazo e pretende ter uma equipe motivada, porém, pode observar essa tendência internacional na definição de uma estratégia para seus colaboradores.

No post acertar-no-pernilongo, fiz os seguintes comentários sobre o ibovespa: …” tracei com fechas em laranja o que espero. Na sequência, depois de terminar a correção em andamento a bolsa deveria caminhar para o nível de 134 mil/136mil, em seguida uma retração a 128 mil, para seguir rumo a 145 mil/150 mil” …



A CPI em andamento em conjunto com a proposta de Reforma Tributária, que tem mais cara de pacote que de reforma, azedaram o mercado de ações, tornando a correção que eu estava esperando mais prolongada e extensa —grifada em amarelo no gráfico a seguir.



O que pode sair de errado? Até o momento não vejo como necessária uma mudança de rumo. Como detalhado no gráfico, essa correção poderia atingir 125 mil ou ainda 123,7 mil, embora essa última já requeira mais atenção. Mas o nível máximo suportado na minha tese é 122.964; caso a bolsa atinja esse patamar na sequência, terei que refazer minha hipótese. Em função desses pontos estou atualizando o Stop Loss para 124 mil.

O SP500 fechou a 4.319, com alta de 0,52%; o USDBRL a R$ 5,0492, com alta de 1,60%; o EURUSD a 1,1848, sem variação; e o ouro a U$ 1.776, com alta de 0,38%.

Fique ligado!

Comentários