O Fed enrolou #ouro

 


A reunião do Fed realizada ontem revelou muito pouca coisa de novo, o que já era esperado pelo mercado. Não fosse a inflação estar apresentando resultados incômodos, estaria tudo uma beleza. Tenho a convicção de que esse ponto é conflituoso dentro das 4 paredes, mas nem pensar deixar escapar essa situação ao mercado.

O Federal Reserve se aproxima do dia em que começará a desacelerar seu apoio monetário maciço à economia dos EUA, declarando que terá feito “progressos” em relação as suas metas de pleno emprego e inflação média de 2% — sem declarar qual período estaria considerando.

Para retirar os estímulos de injeção mensal de U$ 120 bilhões, o presidente do Fed, Jay Powell disse que havia mais “terreno a cobrir” antes de agir. Embora reconhecesse que existe risco de alta da inflação, acredita que as pressões de preços acabarão retrocedendo.

Bottom line: disse que precisava de mais tempo para olhar os dados, particularmente o emprego, para ter certeza de que tomaria a decisão correta. Realmente, está ocorrendo uma distorção que fica cada vez mais difícil de explicar. O gráfico a seguir compara a dificuldade de encontrar trabalhadores com a taxa de desemprego. Seria razoável de se esperar que, se está difícil de arrumar funcionários, a taxa de desemprego deveria estar mais baixa, porém não é o que vem ocorrendo.

 


Quanto ao mercado de juros, que apresenta uma taxa muito baixa, afirmou que não havia um consenso real sobre o que estava movendo os mercados nessa direção, alegando que alguns investidores haviam apontado para fatores técnicos, que é o argumento usado quando não se pode explicar um fato.

Descartou também qualquer dúvida sobre o compromisso do Fed em manter o quadro na política monetária, afirmando que irá subir os juros quando chegar o momento.

Resumindo: enrolou!

Hoje foi publicado o PIB americano. Embora o nível possa ser considerado elevado — 6,5 % —, ficou bem abaixo da expectativa do mercado de 8,4%. Segundo o banco Goldman Sachs: a força do consumo impulsionada pela reabertura foi parcialmente compensada por uma falta de estoques e por quedas consideráveis ​​nas categorias de construção e gastos federais. Continuamos esperando efeitos da reabertura e reabastecimento de estoque para impulsionar o crescimento na segunda metade do ano.

As estimativas desse banco para o crescimento do PIB neste e no próximo ano se encontram a seguir; é de se notar que em relação ao consenso estão trabalhando com uma diminuição da economia considerável no próximo ano.

 


Não saberia dizer se o Fed tinha acesso a essa informação com antecedência, não parecendo ser o caso. Por incrível que pareça, um PIB menor pode ser uma boa notícia neste momento, olhando o aspecto de pressão de preços.  

No quadro de crescimento comparativo projetado para o longo prazo, parece inevitável que a China ultrapasse a economia americana, pode demorar mais ou provavelmente menos. No quadro a seguir, isso deveria ocorrer por volta de 2035. Em relação aos outros países, o que surpreende é a ascensão da Índia, que se tornaria a 3ª maior economia em 2050, e ainda mais impressionante é a Indonésia que se tornaria a 4ª, deixando nosso Brasil em 7º lugar por toda vida! Onde está aquele país do futuro?



Já que estamos falando de Brasil, recebi uma ilustração contendo a estratificação de nossas exportações em: agrícolas, extrativa mineral e manufatura. Atualmente somando os dois primeiros chega-se a uma percentagem superior a 50%, significando que só conseguimos agregar valor no setor menos sofisticado da economia. Não fosse a “sorte” de termos muito território fértil para a agricultura bem como na extração de minerais, o dólar a R$ 10 seria barato.

Em continuando esse quadro, o que parece ser o mais provável, dado que os políticos e judiciário estão em outra página, como esperar crescer de forma sustentável se cada vez mais teremos que importar produtos por serem provavelmente mais baratos que os produzidos aqui? Ou o governo colocará algum imposto para equalizar, encarecendo para a população? Não é à toa que o iPhone vendido aqui é o mais caro do mundo...

No post robo-nao-pega-covid fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” a atualização dos objetivos, com menor perspectiva de queda, foi originada pelo fato da onda a amarela, anotada com a flecha, ter sido muito menor do que o imaginado. Enquanto originalmente eu projetava seu término em U$ 1.660, agora projeto U$ 1.690/U$ 1.680” ...



Parece que os traders de ouro estão de férias, pouca coisa aconteceu em termos de preço desde a última postagem. A alta de hoje poderá dar a oportunidade que estava querendo para sugerir um trade de venda.

 


A linha amarela corresponde ao que estou esperando para esse último movimento de queda. A oportunidade de venda surge quando atingirmos a onda b, em amarelo — U$ 1.850/U$ 1,879. Se estiver de acordo, o ouro deveria mudar de rumo ao redor de U$ 1.700/U$ 1.680.

Aqui se faz uma observação importante: ao se operar numa situação como a do metal, eu citaria que este trade é contra a previsão de alta do longo prazo; estamos dentro de uma correção e a trajetória que tracei pode se mostrar errada; por último, não posso descartar a hipótese de que a queda do ouro tenha terminado e já estarmos no movimento de alta de longo prazo.

Desta forma, o tamanho da posição não pode ser muito grande, diria não maior que 50% de um trade normal.

- David, parece que você está torcendo para esse trade dar errado!

Acredito que é minha função propor trades usando a análise técnica para uma grande maioria de leitores que desconhece essa ferramenta. Passado algum tempo, e no caso de ser bem-sucedido, como indicam os resultados dos últimos anos, o leitor pode achar que ganhar dinheiro é moleza, basta aumentar as apostas. Por tudo isso, acredito que devo qualificar os trades, pois em alguns existe mais confiança e em outros menos, não existe moleza!

Em relação a esse trade, como você mesmo percebeu, existem riscos maiores que outros; nem por conta disso, devemos nos abster, basta dimensionar o tamanho da posição.

O SP500 fechou a 4.419, com alta de 0,42%; o USDBRL a R$ 5,0777, com queda de 0,74: o EURUSD a 1,1890, com alta de 0,41%; e o ouro a 1.828, com alta de 1,20%.

Fique ligado!

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