Bonançavírus #usdbrl
O stress financeiro provocado pela intervenção no SVB na última sexta-feira continua, mesmo o Fed tendo agido rápido efetuando a venda desse banco no domingo para o HSBC por £ 1,00 - para esse montante poderia ser em qualquer moeda que não faria a menor diferença, e intervindo no Signature Bank instituição especializada nas criptomoedas, não acalmou os ânimos. Tomou uma outra medida para evitar a quebra em sequência das startups garantiu liquidez para os clientes do SVB acima da garantia oferecida pelo FDIC de U$ 250 mil, através de operações de swap contra a carteira de Treasury bonds.
Na última sexta-feira enfatizei o fato de a carteira desse
banco ser em títulos do governo o que permite uma operação simples de geração
de liquidez que foi feita pelo Fed. Também disse que não basta ser solvente
precisa parecer solvente e quando uma corrida de liquidez acontece não se sabe
nem quando nem como vai parar.
Para maior compreensão do que ocorreu e de quem é a culpa,
se é que se pode achar algum culpado, vou extrair alguns parágrafos da
publicação de John Authers na Bloomberg.
Enquanto isso, o Fed apresentará uma nova sigla, o BTFP, que
significa Bank Term Funding Program, para o qual US$ 25 bilhões estão
disponíveis. Isso permitirá que os bancos tomem empréstimos do Fed usando
títulos do Tesouro como garantia e valorizando-os ao par. Se o problema for
apenas de liquidez e não de solvência, isso deve fazer diferença; os bancos
estão segurando muitos títulos cujo valor despencou no ano passado.
Isso não importa muito se eles podem mantê-los até o vencimento, mas se torna um problema muito grande se eles tiverem que vendê-los com prejuízo - em tal situação, surgiria a possibilidade de uma espiral de morte, como a que as gilts do Reino Unido sofreram no outono passado. Se a existência do BTFP serve para acalmar os clientes dos bancos, não precisa comprometer o dinheiro; se a pressão se intensificar, talvez tenha de arrecadar muito mais do que US$ 25 bilhões. O efeito é aliviar um pouco as condições financeiras. Se tudo correr conforme o planejado, no entanto, o resultado será fazer com que os correntistas bancários (não apenas os SVBs) arquem com a maior parte do custo. Isso acabará sendo ruim para os lucros dos bancos e, portanto, para seus acionistas.
Aqui vem um grande culpado as autoridades americanas que
permitem a contabilização de duas formas distintas o mesmo título. A ideia é
separar aqueles que os bancos pretendem levar até o vencimento para aqueles que
podem ser vendidos. As barras em azul correspondem aos valores que foram
levados ao resultado pelos bancos no balanço enquanto a barra em amarelo
provavelmente está contabilizada como provisão sem que afete os resultados
agora. Notem que esse potenciais prejuízos foram aumentando no ano passado
conforme as taxas de juros foi subindo afetando o valor dos títulos.
Foi amplamente noticiado no ano passado a perda pelos
investidores em aplicações de renda fixa pois nesse caso o valor era atualizado
pelo valor de mercado, independente da decisão do investidor se pretendia
vender ou não. Essa é a forma correta, pois quem pode saber se vai ficar com um
título por 10 anos? E mesmo que fique, se os juros ficarem nesses patamares o
prejuízo vai existir distribuído no tempo, com uma diferença entre o banco e
eles, o primeiro deixa de ganhar e o segundo perde pois está financiando sua
carteira.
Se não existisse essa “caixinha” e tudo fosse a mercado, os
analistas e mercado não seriam pegos de surpresa, o que também de certa forma
surpreende que não tenham alertado.
É difícil dizer que o SVB por si só é um evento sistêmico na
escala dessas crises. Mas a atual encruzilhada propiciou uma grande queda nos
rendimentos por dois motivos. Primeiro, eles subiram muito rapidamente e
pareciam atraentes como um investimento de uma forma que não acontecia há anos.
Um retorno garantido de 5% em dois anos com a possibilidade de um bom ganho de
capital se os rendimentos caírem não deve ser desprezado. A segunda é que a
crise do SVB pode apenas mudar o cálculo do Fed.
A reação instantânea no mercado de swaps de índices overnight é que uma alta de 25 pontos-base agora é extremamente provável na reunião do FOMC da próxima semana, enquanto uma alta de 50 pontos-base pode ser descartada. O mercado ainda não sinaliza nenhuma possibilidade significativa de que o Fed precise fazer cortes emergenciais. Isso seria uma grande admissão. Gerard MacDonell, da 2V Research, afirma que um pivô, neste caso, não é necessariamente sobre fraqueza ou ceder à pressão. Em vez disso, forçar os bancos a serem menos generosos pode ser exatamente o mecanismo pelo qual a política monetária funciona:
Esse poderia ser um problema específico do SVB ou generalizado?
John Authers acredita que seja único embora o tamanho da quebra desses bancos
se enquadra entre as 3 maiores da história.
Há um argumento de que o SVB foi uma situação única com pouca implicação para o resto do sistema bancário (e o Signature Bank, fortemente exposto à criptografia, realmente não afeta o caso). Uma olhada no desempenho de suas ações desde o início da pandemia deixa claro que ela estava gerando a clássica excitação especulativa, o que nunca é um bom sinal em um banco. A queda do preço de suas ações no último ano em relação ao setor financeiro como um todo mostra que o mercado percebeu que o banco estava com algum tipo de problema:
Inacreditável como o mercado valorizou esse banco, o que os analistas enxergaram lá de tão valioso? De uma forma rudimentar eu poderia fazer a sua operação mais marcante em seu balanço, da minha cadeira do Mosca, sem custo nenhum, para tanto, compararia Tbond de 10 anos num banco e pediria para financiar de 90 em 90 dias, por exemplo, renovando as taxas desse empréstimo a cada vencimento até o final do prazo. Qual é a grande sacada para valer tanto? Uma operação especulativa que o fundo --Long-Term_Capital_Management quase quebrou o sistema financeiro nos anos 90, fazendo quase que a mesma coisa, para dizer a verdade, era até menos arriscado no princípio, mas extremamente agressivo na alavancagem.
Por muitos anos os bancos centrais alimentaram o sistema com
abundância de liquidez a taxas subsidiadas levando aos investidores especular
com inúmeros ativos. Ao decidir retirar a liquidez em conjunto com o aumento de
taxas em doses cavalares levou a morte os que estavam se alimentando desse
exagero
No evento do Coronavírus, na última semanas tem sido
publicado estudos cujo indícios são de que o vírus escapou de um laboratório
chines levantando a hipótese que esse país foi o culpado pela morte de milhões
de pessoas e a destruição de bilhões (trilhões?) de dólares. Desde a semana
passada um novo vírus se propaga com velocidade nunca vista, em menos de uma
semana colocou a pique um grande número de bancos, que mesmo o Fed agindo de
forma surpreendentemente rápida continua circulando. Esse vírus denominei de
Bonançavírus que “escapou” dos bancos centrais e circulou pelos ativos no mundo
por muitos anos, de forma generalizada, sem que causasse mal, ao contrário
gerando lucros artificias. Porém, uma nova cepa originada pelos juros altos
está deixando os investidores sem vacina para se proteger.
No post rigidez-da-meta-de-inflação fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ... “Segundo minha visão
observada numa janela de 1 hora, indica que no movimento de alta poderia ocorrer
depois de uma retração do dólar a R$ 5,17 ou um pouco mais abaixo R$ 5,14/R$
5,128” ...
A mínima atingida na semana passada foi de R$ 5,10 um pouco abaixo do nível apontado acima. Com o desdobramento do exterior as cotações do dólar subiram. Não tive confiança em entrar na semana passada pois o movimento se mostra “confuso” no curto prazo. Vamos continuar acompanhando até que exista uma maior clareza no cenário de alta para o dólar. Um indicador importante seria ultrapassar R$ 5,3082.
O SP500 fechou a 3.855, com queda de 0,15%; o USDBRL a R$ 5,2684, com alta de 0,99%; o EURUSD a € 1,0726, com alta de 0,79%; e o ouro a U$ 1.912, com alta de 2,38%.
Fique ligado!
Vai ficando claro como se cria uma era de inflação alta. Se o FED se retrair agora, o cenário de inflação mais alta pode se consolidar no médio/longo prazo.
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